Sobre uma batalha eterna

As vezes eu sei , que só e apenas o simples ato de conseguir sair da cama é uma vitória para muita gente, eu incluso, porque em vários dias eu tenho dificuldade em me movimentar para acordar, por mais que saiba que tenho trabalho e outros compromissos.

No fim, eu penso qual a origem desse sentimento, uma parte dele vem do que é no geral um problema químico que eu tenho, mas além disso eu sinto que os meus arredores me afectam muito mais do que eu gostaria.

Desde que voltei para Moçambique, eu sinto um vazio, um vazio na parte do meu cérebro que se sentia como alguém, alguém parte de um lugar onde não apenas me sentia valorizado mas onde também me sentia como parte de algo maior que eu. No momento, eu sinto que estou vazio de uma parte muito importante de mim, e no fundo eu percebo que o que eu tenho é uma ausência do sentimento de pertença que advém da amizade verdadeira. E isso deixa-me sempre com um vazio, um vazio com o qual venho competindo a mais de 2 anos.

Ainda assim, de certa forma me sinto mal cada vez que tenho uma crise de pânico ou de ansiedade, elas tem se tornado mais frequentes quanto mais trabalho eu tenho. Eu acabo descarregando as crises nas consequências mais nefastas que eu consigo imaginar, perder a amizade das pessoas que eu mais gosto, e isso me causa um pânico ainda maior, eu sei que elas não são a causa do meu problema, na maioria dos momentos eu sei que elas entendem sempre que eu tenho uma doença e que eu tenho mil coisas a me afetarem, mas o medo de que elas só desistam de mim é grande demais. E isso me assusta por demasia; por mais que não devesse, em momentos racionais eu sei que não tenho motivo para me assustar.

Acho que a conclusão que chego é que de certa forma eu devo sair daqui, para algum lugar novo ou velho onde possa me sentir de novo como se eu pertencesse a algo maior que eu. E preciso parar de me sentir mal por ter uma doença que afeta muita gente, porque um dia eu sei que isso vai passar.