Mayara Sprenger
As Artes de Viajar
Published in
9 min readJun 17, 2019

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Irlanda: A Ilha da Esmeralda

Mayara Sprenger e Giovanna Covalski

A Ilha da Irlanda se distingue de todos os outros lugares do mundo. Seu apelido de Ilha da Esmeralda não é à toa: a Irlanda é coberta por uma vasta paisagem verde e mágica. Dividida em duas nações, a Irlanda do Norte e a República da Irlanda (ambas muito próximas, tanto geograficamente quanto culturalmente), porém muito distintas ao mesmo tempo. A República da Irlanda é um país independente desde 1919, já a Irlanda do Norte faz parte do Reino Unido, sendo considerada uma ilha Britânica. Vale ser levado em consideração que a Irlanda, ao seu todo, é uma ilha que grande extensão territorial e é assim que passou a ser ainda mais conhecida mundialmente; ela é a terceira maior ilha de toda a Europa e a vigésima de todo o globo terrestre.

O turismo predomina na capital da Irlanda, Dublin, e na capital da Irlanda do Norte, Belfast. A Irlanda é conhecida porto dos pelos irlandeses alegres, as canecas de cerveja Guinness, os tradicionais “Leprechauns” e a famosa data do St. Patrick’s Day, que atualmente é o evento mais procurado e aguardado para a ida de muitos turistas para o país, fazendo com a economia grande um grande espaço por decorrer desta data. Dublin tem cerca de 2 milhões de habitantes, mas cresce dia a dia por seus muitos lugares turísticos, atraindo principalmente jovens. Sem falar no seu valor histórico, afinal é a cidade considerada a mais antiga de toda a Europa, fazendo com que muitos historiadores viajem até a capital para conhecer suas diversas construções antigas. Mas a vista de Dublin é definitivamente maravilhosa, a capital irlandesa é totalmente cercada por montanhas, fazendo com que todos tenham a sensação de acolhimento, trazendo o pensamento de que as montanhas os abraçam.

Dublin

A escolha desse lugar se deu pelas fascinantes paisagens presentes na Irlanda do Norte. Ela carrega um clima medieval, com mais de 400 castelos antigos, vastos campos verdes, construções de pedra e gigantes penhascos, que nos levam a uma era da realeza, com reis, rainhas e cavalheiros. Além de toda a fantasia que o lugar traz, sua paisagem é o que com certeza chama a atenção de todos. Se você deseja ir para um lugar maravilhoso, no qual a predominância é a natureza ao invés de prédios e edifícios, esse é o lugar certo. Alguns arriscam a dizer que é possível avistar até 40 tons de verde pelas paisagens da Irlanda. Com vistas panorâmicas desde as encostas aos lagos tranquilos e azuis.

E é exatamente pelo fator das paisagens que a Irlanda se torna cenário para diversos filmes e series no mundo. Esse é o caso de uma das series mais famosas de todos os tempos: Game Of Thrones, de George R.R. Martin. Mais de 10 cenários da Ilha foram utilizados para a gravação da série medieval, sendo até transformados em pontos turísticos após a divulgação dos episódios. Aproveitando esse fato, as agencias de turismo da Ilha criaram para os turistas alguns tours que passam só por cenários de Game of Thrones! Esses cenários acabaram por se tornar pontos turísticos, apenas pelo seu significado na série. É incontestável que depois dos episódios gravados no local, a Ilha atraiu muitos turistas curiosos para fazer parte do famoso seriado medieval.

Agora, falando sobre outra obra audiovisual que teve cenas gravadas nesse lugar mágico, sendo famosa mundialmente e com milhões de legiões de fãs por todo o mundo, é a saga Harry Potter, de J.K. Rowling. No sexto filme da saga, em “Harry Potter e o Enigma do Príncipe, há cenas que se passam nos grandiosos Penhascos de Moher, que ficam no condado de Clare, localizado na República da Irlanda, tendo 214 metros de altura e 8 km de extensão ao longo do Atlântico. É uma das cenas mais fundamentais em toda a saga de Harry Potter, afinal é nela que muitos descobrimentos sobre o eu mais obscuro de Dumbledore é revelado para Harry. A cena foi gravado no exterior e interior da caverna que fica no canto inferior do penhasco. Por se um lugar realmente muito perigoso, há toda uma burocracia para que se possa chegar até o local, é extremamente proibido qualquer turista chegar até o local sem um guia e especialistas autorizados na área. O que é uma pena, afinal,é um local realmente fascinante.

Penhascos de Moher

Para os amantes de um bom romance: há dois filmes famosos que se passam na Irlanda. O filme P.S Eu Te Amo, de Richard LaGravenese e o filme Casa Comigo, de Anand Tucker. O primeiro tem diversas cenas gravadas em Dublin, especificamente no Parque Nacional das Montanhas de Wicklow, sendo famosas por suas colinas, vales repletos de cores e lagos, especialmente o famoso “Lough Tay”, também chamado popularmente de “Guinness Lake”. Mas se o objetivo for realmente valorizar as paisagens, o filme a se assistir é o segundo. Todas as cenas do filme“Casa Comigo” são filmadas nos arredores da ilha, o que nos faz mergulhar no universo irlandês! O casal protagonista do filme viaja do interior da Irlanda, em um pequeno vilarejo chamado “Dingle” até a capital Dublin, passando por campos verdes, vales, castelos, ruínas, estações de trem, penhascos e por diversos estabelecimentos, como restaurantes, pubs e casas clássicas.

Upper Lake — Montanhas de Wicklow

Mas a Irlanda não é incrível “apenas” por suas paisagens, mas pela história de seu povo também. Os irlandeses são conhecidos por ser um povo acolhedor com pessoas de todas as partes do mundo, sempre os recebendo com um sorriso no rosto! Há quem diga que eles adoram os brasileiros, e é por esse motivo que esse país é um dos favoritos na lista dos turistas (principalmente, dos brasileiros). Sua hospitalidade e carisma faz com que todos se sintam acolhidos e desejem ficar por lá mesmo. Vale lembrar que em muitas cidades da Irlanda, ela dão prioridade para pessoas que vão morar no país quando a questão é emprego, afinal, quantos mais línguas forem faladas (principalmente no comércio), maior o número de clientes. Outro aspecto interessante é que quem não é nativo do país consegue ganhar mais exatamente por este motivo, podendo ganhar quase o dobro de outros funcionários, e como ninguém dispensa dinheiro, a Irlanda passou a ser ainda mais procurados por turistas, mesmo que estes empregos sejam temporários, como na maioria dos casos.

Um povo alegre e que carrega uma história muito difícil. Entre 1845 e 1849, uma tragédia se alastrou no país, e ficou conhecida como “A Grande Fome”. Uma praga chegou no país e começou a atacar as plantações de batata, que eram a principal fonte de alimento das famílias irlandesas. A praga destruiu todos os alimentos dos irlandeses, causando um período indescritível de sofrimento, com pessoas morrendo de fome e uma onda de crimes se proliferando por todos os lugares. A fome matou cerca de 25% da população da Irlanda.

Levando em consideração a arte na Irlanda, não podemos deixar de citar um dos monumentos mais famosos do país, localizado em Dublin: a “Famine Memorial”, do escultor Rowan Gillespie, inaugurada em 1997. Ela não é famosa pela sua beleza, mas sim pelo seu significado. São um conjunto de esculturas(de homens, mulheres e até um cachorro), que retratam o período da Grande Fome no país. A imagem é dos indivíduos a caminho do porto, quase como se estivessem juntando suas ultimas forças para conseguir fugir da tragédia no país. A dor em suas expressões é sufocante. Indivíduos e um animal magro, que passaram por um longo período de fome e outras dificuldades, presenciando milhares de mortes. Na escultura, alguns carregam um saco nas mãos, e um deles, carrega uma criança nas costas. Em seus rostos é possível observar uma dezena de sentimentos misturados: angústia, dor, sofrimento, cansaço, falta de esperança, pavor, medo, entre outros horríveis.

“Famine Memorial”, Rowan Gillespie

Se for para escolher um livro sobre a história da Irlanda, esse livro com certeza é “Estrela do Mar”, de Joseph O’Connor, que retrata justamente esse difícil período do país. O autor conta sobre uma viagem de navio de centenas de refugiados irlandeses, que precisaram fugir para os Estados Unidos para fugir da fome que se alastrou no país. Em um inverno impiedoso, sem saber se conseguiriam chegar vivos a América devido as condições precárias que se encontravam a bordo do navio. O autor conta a história de forma a valorizar o passado dos personagens a bordo, fazendo com que suas vidas sejam interligadas. Essa é uma parte da sinopse do livro: “A travessia de vinte e seis dias irá testemunhar o fim de muitas vidas e o recomeçar de outras. Numa história fascinante de tragédia e remissão, quanto mais o navio se aproxima da Terra Prometida mais os seus passageiros parecem presos a um passado que nunca os libertará.” O livro rendeu excelentes críticas, sendo considerado “um livro de perder o fôlego a cada página.”

Focando na cultura do país, a Irlanda é conhecida por sua cultura de pubs. Especialmente na capital Dublin, que dispõe da maior concentração de pubs no mundo todo: aproximadamente mil pubs! Os estabelecimentos servem como pontos de encontros, desde confraternização de amigos a encontros de negócios. A principal atividade nos pubs, são, claramente, os famosos “Pint” de cerveja! Quem nunca ouviu falar que os irlandeses são “bons de caneco”? Isso é verdade, eles deixam os brasileiros no chinelo quando o assunto é a cerveja. O país é conhecido por ter a melhor cerveja preta do mundo! A famosa cerveja Guinness, criada pelo Arthur Guinness, é a líder na preferência de todos, e tem a sua fábrica instalada em St. Jame’s Gate, em Dublin.

Pubs em Dublin

Para encerrar, não poderia deixar de falar sobre a banda irlandesa mundialmente famosa, U2 (e seu famoso cantor Bono Vox), vindo diretamente da capital Dublin. A banda resolveu escrever a música “Sunday Bloody Sunday”, que acabou virando uma de suas principais e mais conhecidas faixas musicais, falando sobre um episódio muito importante na história da Irlanda, a tragédia do “Domingo Sangrento”. Aconteceu em Derry, na Irlanda do Norte, em 1972, quando tropas britânicas invadiram e mataram 14 manifestantes que andavam pelas ruas aclamando por seus direitos civis. Desses, seis eram menores de idade, sendo que muitas outras pessoas acabaram feridas. Todas as vítimas estavam desarmadas, e muitos morreram sendo alvejados por tiros pelas costas.

Não podemos esquecer de uma das datas mais importantes para a cultura irlandesa: o St. Patrick’s Day, ou o Dia de São Patrício. São Patrício foi o padroeiro do país, e aos 16 anos se tornou padre e percorreu a Grã-Bretanha para espalhar o cristianismo, porém foi capturado e escravizado por piratas irlandeses por seis longos anos. Ele conseguiu escapar para França e passou a viver em um mosteiro. Mais tarde, foi convidado para se tornar bispo na Irlanda, o que curiosamente aceitou, em um “ato de benevolência”, levando a evangelização para o país, um marco muito importante para o povo irlandês, que acabou adotando o catolicismo como religião. Essa data é comemorada por diversos lugares no mundo, todos os anos do dia 17 ao dia 20 de março. Sua marca é o trevo de quatro folhas, a cor verde e o famoso leprechaun (o duende de botas e chapéu verdes). E é claro, muuuita cerveja!

St. Patrick’s Day

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