Daniela

Camila Yallouz
As crianças que me habitam
2 min readJan 24, 2018

A mais nova das minhas cinco irmãs, cinco anos e talvez cinco espaços na boca - como um bom sinal desses que a vida dá de que tudo muda - me visita feito borboleta na janela que abre a cortina de perguntas tão vastas que só quem tem cinco espaços no sorriso é capaz de fazer.

“Camila, o céu da pra colocar a mão, ou ele é assim… Vários céus juntos…?”

Nos vemos pouco, ela diz, apesar de eu me esforçar para não perder muito entre uma janela e outra.

Pisquei, e feito o tempo do abrir e fechar das asas e das cortinas correndo nas suas mãozinhas, ela completou mais um ano, e as janelas da boca quase não mais se vê.

“Infinito é quando é, assim…? Ah, eu já entendi o que é.”

Tento não piscar os olhos, mas ela voa! Eu vou sentindo saudades das mãozinhas, das perguntas e das janelas que já se foram. Então ela me abraça num silêncio de quem parece ter cem anos e eu percebo que o tempo das suas asas é infinito e que o céu dá sim, pra tocar.

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