As Festas

Alexandre Lemos
Histórias para o Diário de Coimbra
2 min readJun 6, 2017

Estamos no pico da época das festas. O tempo ajuda, como se costuma dizer. O calendário também, e reservou para agora umas quantas boas desculpas para os festejos, sobretudo santos. Em anos como este há ainda aquilo das eleições a ajudar. Depois vivemos a era do, não menos festivo, turismo, que serve de causa e consequência para mais alguns festejos. Já para não falar nessas outras festas, as que ocorrem por ocasião das finais das taças e do fim dos campeonatos

(destas festas tenho menos proveito do que gostaria, mas isso são misérias de outro rosário)

ultimamente também nos calham essas festas.

Até ao final de Agosto há-de haver festas de tudo. Talvez até um bocadinho mais tarde do que isso. Se atentarmos no calendário eleitoral e na necessidade de manter os cidadãos em festejos vários. Já que uns dias sem festa poderiam ter o efeito trágico de uma ressaca. A depressão que vem depois da euforia é miserável e pode levar a decisões dramáticas. Isto são coisas sabidas e estudadas e os consultados terão certamente alertado para o facto, atempadamente.

Confesso-me parte de um deprimente grupo de chatos que conseguem abraçar a tristeza pós-eufórica ainda antes da euforia. A mim se me falam de festas amanhadas à pressa, não posso evitar fazer contas ao que aquilo podia ter representado numa programação regular, de qualidade. Sou tão chato, tão chato, tão chato que vou frequentemente à internet ver o preço do fogo-de-artíficio enquanto espero que acabe o xi-pum-xi-pum-xi-pum. Já por diversas vezes me recomendaram que aproveitasse mais o espumante que costumam distribuir nessas ocasiões, acontece que é uma bebida que me provoca uma horrível ressaca,

metáforas à parte.

Dito isto acho que devo acrescentar que escrevi esta crónica enquanto esperava que o calor acalmasse para fazer o caminho até Serralves para o tradicional fim-de-semana de Festa que este ano terá mais 10 horas do que o habitual

(vivemos tempos extraordinários!)

espero que tenham voltado a permitir as pipocas e o algodão doce cá fora. Sem o cheiro a fritos gosto menos de acotovelar caminho corpo-a-corpo naqueles primeiros metros da entrada onde são distribuídos os mapas, os inquéritos e as bugigangas dos patrocinadores.

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