Come Together — Bellamore

Maitê Louzada
Críticas Musicais
Published in
4 min readSep 16, 2018

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Formada em Volta Redonda, no ano de 2012, a banda Bellamore participou da terceira temporada do programa SuperStar, da Rede Globo. Os garotos estrearam no programa com ‘Come Together’, hit da banda britânica, The Beatles. Bellamore atingiu a segunda maior pontuação do terceiro dia de apresentações, levando para o palco do reality uma mistura de pop-rock com eletrônica, além de, claro, muita energia. Dessa vez, no lugar de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Star; tínhamos Pedro Sárria no vocal, Matheus Pinheiro na guitarra, Roberto Vicentini na guitarra, sintetizador e talk box e Igor Delesposti na bateria.

Já tendo lançado dois álbuns, Continua e Ahead!, o quarteto entrou em pausa no início de 2017, para que os integrantes pudessem desenvolver seus projetos solo. Segundo eles, as principais influências para a produção autoral da banda eram: Coldplay, One Republic, Imagine Dragons e Calvin Harris. “A gente bebe em várias fontes”, já dizia o guitarrista Matheus.

Durante o programa, a banda apresentou duas músicas autorais, do álbum Continua, ‘Seu’ e ‘Teu Talento’, além de covers de ‘Love Me Again’ — John Newman, ‘Radioactive’ — Imagine Dragons, ‘With or Without You’ — U2 e ‘Counting Stars’ — One Republic. Bellamore foi uma das finalistas da edição de 2016, terminando a temporada em quarto lugar.

Come Together abre o álbum Abbey Road, dos Beatles, de 1969, e já foi regravada por artistas como Michael Jackson, Aerosmith e Gary Clark Jr. John Lennon canta sobre seu conhecido “old flat-top” em ritmo pausado, pronunciando lentamente cada palavra. O cover de Michael faz parte do álbum HIStory, de 1995, e pode ser visto no final de seu filme Moonwalker. A versão feita pelo rei do pop traz uma batida que torna a música ainda mais dançante. A banda norte-americana de hard rock, Aerosmith, gravou a canção em 1978. O single foi trilha sonora da comédia musical Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, homônimo do oitavo álbum de estúdio dos Beatles. Na voz de Steven Tyler, elementos de rock ficam bem mais notáveis na canção, que dessa vez tem mais espaço para os instrumentos brilharem. Já o guitarrista Gary Clark regravou a música como contribuição para a trilha sonora de Liga da Justiça. Gary aposta em muitos solos de guitarra e tem uma pronúncia bem menos forçada enquanto canta, diferente do que acontece nas demais versões citadas. O cover feito por Bellamore se aproxima mais das versões de Michael e Aerosmith, quando falamos do instrumental, uma vez que Pedro traz uma fórmula ainda desconhecida de interpretar a canção. Eu não diria que nenhuma das versões tenha sido melhor ou pior que a outra, apenas que os artistas encontraram formas diferentes de chegar até o público.

Fazendo jus ao trecho da letra “hair down to his knees”, os garotos da Bellamore bateram muito cabelo durante a primeira aparição no SuperStar e arrancaram ótimos comentários dos jurados. Para alcançar os 87% do dia, eles “come together” com muito estilo e elementos inovadores do eletrorock, levantando a “televisão gigante” depois de um minuto e vinte segundos de apresentação.

Logo no início da música eles já mostraram ao público o que viria a ser um dos diferenciais nas apresentações: o talk box. Muito usado por artistas e bandas como Bon Jovi, Chromeo, Roger Troutman, Zapp and Roger, Slash, Scorpions, Dan McCafferty e Alexander Luke Makhlouf, o talk box é um dispositivo que permite ao músico modelar o som de instrumentos musicais através de um tubo, direcionando, amplificando ou ainda deixando-o similar à voz. O elemento tornou-se característico da banda em todos os shows, e foi levado inclusive para o estúdio durante a gravação do segundo álbum.

“Dominam o palco de uma maneira bacana de ver”, foi o elogio de Sandy após a apresentação do grupo. Diferente de outros gêneros, quando falamos de rock, estamos falando de performance, presença de palco, a forma como ele é recebido e sentido pelo público. A emoção colocada ao usar a voz ou ao executar as notas de instrumentos musicais é o principal componente para um bom performer. O rock vai além do cantar e tocar, mas tange ao ‘fazer sentir enquanto cantar e tocar’. Mesmo que Bellamore não seja essencialmente uma banda de rock, é nesses elementos que ela vai apostar durante a passagem pelo programa. O que não significa dizer que o vocal e os instrumentos também não tenham sido muito bem trabalhados, pelo contrário.

As dancinhas de Pedro e Matheus, as saias e o charme de Roberto e a concentração de Igor são outros pontos positivos a serem ressaltados nas apresentações. Penso que um dos maiores desafios da banda tenha sido fazer tudo o que fez, e condensar toda a emoção de performar, em apenas dois minutos e quarenta segundos, o tempo das músicas no reality.

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Maitê Louzada
Críticas Musicais

Perfil voltado para publicação de trabalhos feitos durante a graduação em Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais