3 grandes lições que podemos tirar de Os Dois Morrem no Final, de Adam Silvera

Alex Mendes
Reticências
Published in
4 min readMar 11, 2022

Você já parou pra pensar por que valorizamos algo só depois que perdemos? Quando a perda é de alguém próximo, como um parente ou um amigo, esse questionamento traz muitos arrependimentos, concorda?

Kenzo Hamazaki

No livro Os Dois Morrem no Final conseguimos entender o motivo que nos leva a negligenciar bons momentos e deixar de aproveitar a presença de alguém.

Digamos que você vive em uma realidade onde as pessoas são avisadas sobre o dia de sua morte. O que você faria se, por exemplo, seu dia final fosse amanhã?

Pense.

Será que você teria tempo suficiente para se despedir de todos os amigos da escola, da faculdade e do trabalho? E os planejamentos do mochilão pela Ásia, como ficariam? Seus pais teriam lhe dito tudo o que você sempre desejou ouvir?

Os Dois Morrem no Final, do autor Adam Silvera, é um livro construído exatamente sobre essas possíveis respostas. Na ficção, conhecemos Mateo Torrez e Rufus Emerito, jovens que receberam o aviso devastador de que morreriam naquele mesmo dia. Em meio ao desespero e ao medo, os dois se conhecem em um aplicativo próprio para pessoas que estão vivendo o último dia. De maneira inusitada e bem-humorada, Mateo e Rufus começam a dividir seus receios, suas histórias, arrependimentos e tudo o que gostariam de ter feito, e que agora, na companhia um do outro, poderiam realizar.

Minhas primeiras impressões foram bem variadas. A começar pelo título. Os Dois Morrem no Final, além de causar curiosidade, me incomodou por justamente funcionar como um grande spoiler. Após algumas páginas, fiquei feliz em notar que o livro não tinha a intenção de destacar a tristeza em torno do tema central: a morte. Aliás, esse tema foi substituído automaticamente após eu refletir sobre a trajetória de Mateo e Rufus e dos muitos outros personagens transversais às suas histórias. É muito mais sobre a vida do que sobre a morte.

Mas o ponto chave desse livro é exatamente sobre nossas atitudes. Consideramos que tudo ao nosso redor é estável e duradouro. Imaginamos que as pessoas estarão sempre por aqui. Dessa maneira, acabamos camuflando a nossa incapacidade natural de lidar com a perda. Mas por que só valorizamos algo ou alguém depois que os perdemos?

Simplesmente por não termos a capacidade de visualizar o que é essencial. Já que tudo e todos estão aqui, qual a razão para me preocupar?

Quando eu terminei de ler Os Dois Morrem no Final senti que precisava pensar sobre aqueles garotos e suas atitudes antes de iniciar um outro livro. Particularmente, Adam Silvera não inovou no enredo. Inclusive, até certo ponto, a leitura é cansativa e monótona, muito em função das várias passagens em que vimos Mateo e seus “e se”. Contudo, as mensagens sobre aproveitar o tempo, os amigos, a família e viver o hoje da melhor maneira possível foram claras.

Por isso, Os Dois Morrem no Final presenteia qualquer leitor com três lições valiosas:

1 — Descubra o que é essencial em sua vida

Uma hora a mais vendo séries ou um papo leve com seu namorado? Um emprego que paga suas contas ou um que o incita à evolução profissional? Hábitos mais saudáveis, rotinas mais leves, mais olho no olho e abraços quentes fazem toda a diferença. Se quiser ser mais prático, faça uma grande lista e filtre o que é importante e necessário em seu dia a dia.

2 — Valorize os momentos

A faxina de casa sempre fica para depois quando meu namorado está em Floripa. Se está um sol lindo lá fora, por que não aproveitar? Às vezes até a faxina se torna prazerosa quando é feita em parceria, com música alta e umas cervejinhas :) O importante é tornar o momento bom para você.

3 — Expresse o que sente

Está apaixonado? Desapontado? Precisa de ajuda ou quer apenas conversar com um amigo porque está com saudades? Diga. Expressar o que sentimos é uma maneira genuína de fortalecer os laços. E se não souber como dizer, que tal um presente, um bilhete, um e-mail descontraído? Vale arriscar e sem medo.

soledad garcia saravia

Quem diria que um livro com um título tão curioso poderia passar tantas mensagens importantes! Gosto de livros que deixam marcas na gente e geram alguma mudança. Os Dois Morrem no Final é sensível e emocionante; nos mostra a necessidade de encontrarmos pessoas importantes e de viver cada dia como se fosse a vida inteira.

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Alex Mendes
Reticências

Publicitário, nortista e designer que trabalha com UX e adora livros.