“eu tenho sérios poemas mentais” é um atropelo de sentimentos
Troquei várias vezes POEMAS por PROBLEMAS
Os escritores que surgem na internet conseguem a atenção de muitos com suas poesias/poemas leves e fáceis de serem interpretados. Eu tenho sérios poemas mentais é um ótimo exemplo disso. Com uma estrutura simples, o livro intercala poesias, crônicas, pensamentos soltos e frases curtas pescadas com maestria do cotidiano.
Pedro Salomão investe bastante melancolia nas páginas e retoma temas como a saudade, a insegurança e a ansiedade para transcrever um eu lírico complexo e tão atual.
Embora o livro seja curto, a preocupação do autor com a experiência da leitura é o que mais atrai a atenção. O carisma e o lirismo empregados logo nas primeiras páginas evidenciam o cuidado e delicadeza do autor antes de apresentar sua intimidade. É nela que Pedro Salomão constrói suas ideias e se encontra vulnerável. Literalmente o autor pede licença para entrar na cabeça do leitor e se tornar poesia.
Em questão de minutos é possível visualizar um mar de sentimentos confuso e revolto, muitas vezes presente dentro de nós. Ao longo do livro, os versos e frases curtas se alternam com as poucas prosas que tentam demonstrar as crises existenciais que podemos um dia enfrentar. As curiosas ilustrações parecem ter sido feitas à caneta azul e ajudam a reforçar o quão complicado a vida pode ser: é um único traço fino e contínuo que se expressa frágil e às vezes incompreensível diante de nós.
A intensidade dos versos não engana o leitor, pelo contrário, chega a ser violenta de tão clara e incisiva que é. E talvez esta seja a melhor maneira de relembrar que a humanidade necessita de poesia.
Forte e profundo, Eu tenho sérios poemas mentais reforça o tipo de literatura acessível e acaba refletindo a complexidade dos mais sensíveis.