Como o aclamado livro de Bethan Roberts, Meu Policial, conecta 1950 a 2022 e expõe o desrespeito e a intolerância

Alex Mendes
Reticências
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2 min readMay 29, 2022

Neste exato momento, concluí a leitura de Meu Policial. Abri um chopp de vinho, coloquei uma playlist instrumental no Spotify e estou aqui, pensando se gostei do livro.

Meu Policial, de Bethan Roberts, foi lançado em 2012 e, ao que me parece, só recentemente caiu no gosto dos leitores. O motivo? Talvez o anúncio de que Harry Styles interpretará um dos personagens no filme a ser lançado ainda neste ano.

Marion se apaixona por Tom que se apaixona por Patrick

Poderia ser simples assim. Mas a história se passa em 1950, época em que a Inglaterra — e boa parte do mundo — se prendia aos costumes e à boa fama. É um tanto desconfortável acompanhar o enredo que intercala as óticas de Marion e Patrick e desconsidera a perspectiva de quem os conecta, Tom.

Impossibilitado de viver qualquer paixão com Patrick, Tom constrói com Marion um casamento em meio ao desprezo, a ausência constante e a transas insossas. Por outro lado, Patrick, subjuga-se à condição de Tom em troca de beijos que nunca seriam suficientes para corresponder seus sentimentos. Obviamente que a tragédia não demoraria a surgir.

Entre tantas outras lições que podemos retirar de Meu Policial, a intolerância e o desrespeito são as mensagens que me fazem parar para escrever.

Nos últimos 20 anos, o Brasil interrompeu mais de 5 mil histórias de pessoas que queriam amar. O desrespeito e a falta de empatia distanciam muitos outros do tão sonhado final feliz. Para notar isso, não precisa ir muito longe. Basta ligar a TV ou abrir as redes sociais. Quem sabe você tenha o desprazer de notar isso na esquina de casa.

A intolerância e o desrespeito desequilibram a balança humana desde antes de 1950. Marion, Tom e Patrick, ainda que ficcionais, representam muitos que estão sujeitos ao julgamento por não seguirem padrões, costumes, rotinas ou qualquer outro parâmetro instituído por uma sociedade ultrapassada e pequena.

Meu Policial deveria ter sido um livro para puro entretenimento, desses que lemos para passar o tempo. Contudo, a obsessão de Marion, o egoísmo de Tom e a pureza de Patrick geraram tensão e ansiedade em toda a narrativa. Isso sem contabilizar a minha frustração com o tal policial que chega ao fim da história completamente opaco.

Bom, a taça secou. Acho que cheguei ao meu objetivo: fixar o que li e, ao mesmo tempo, expor minhas impressões desta leitura. Saber se gostei ou não de Meu Policial será uma descoberta ao longo dos dias.

Obrigado por ler ❤

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Alex Mendes
Reticências

Publicitário, nortista e designer que trabalha com UX e adora livros.