Minha História, Michelle Obama

Alex Mendes
Reticências
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3 min readSep 22, 2021

Escrito pela ex-primeira-dama dos EUA, Michelle Obama, o livro Minha História é uma autobiografia que aborda temas como racismo, empoderamento feminino, descobertas pessoais e, claro, relações e políticas públicas.

As 440 páginas do livro estão divididas em três partes.

A primeira, intitulada A História Começa, mergulha na infância de Michelle e destaca principalmente a presença e importância de sua família no seu crescimento pessoal e profissional. Suas relações com os pais, irmão, tia-avó e até com os vizinhos ajudam a moldar o espírito determinado e analítico de Michelle.

A segunda parte do livro, chamada de A Nossa História, aborda um pouco do que o mundo acompanhou ao longo do governo Obama. As difíceis decisões do primeiro presidente negro e a necessidade de demonstrar liderança e inovação diante dos americanos e do mundo ganha destaque nesse momento. Porém, por trás das relações políticas e da luta pela credibilidade internacional, adentramos o universo de uma família simples e feliz. Michelle narra o primeiro contato com Barack, os encontros, o pedido de casamento e as intensas dificuldades em equilibrar a carreira e a maternidade com a crueldade da imprensa e seu papel na Casa Branca — o que nos leva à terceira e última parte do livro.

Uma História Maior encerra o livro destrinchando os movimentos que Michelle realizou no intuito de deixar sua marca na história dos EUA. Como ela mesma conta:

Não existe um manual para primeiras-damas dos Estados Unidos. Tecnicamente, não é nem um trabalho, tampouco um título oficial de governo. Não vem com salário nem com uma lista detalhada de obrigações. É um estranho tipo de carona da presidência, um assento que, quando assumi, já tinha sido ocupado por mais de 43 mulheres, cada uma delas tendo cumprido a função a seu modo (pág. 299).

Se tornar a primeira-dama do primeiro presidente negro do país mais influente do mundo poderia ser apenas um momento extremo de empolgação e felicidade para Michelle. Porém, uma ideia sempre gritou em sua mente:

(…) nem por um segundo achei que incorporaria um papel glamoroso e fácil. Isso jamais aconteceria a alguém que tivesse as palavras “primeira” e “negra” imputadas a si (pág. 300)

Michelle não pretendia ser apenas uma figura no palco, um floreio na vida de Barack. Nem de política ela gostava. Porém, notou que seu papel de privilégio lhe dava voz e visibilidade para tratar temas importantes a nível internacional. Seus três grandes projetos foram o Let’s Move, uma campanha pública em prol da saúde das crianças e da diminuição da obesidade infantil, o Joining Forces, um programa apoiado pela Casa Branca que oferecia suporte para militares e suas famílias, e o Reach Higher Initiative que incentivava e facilitava a profissionalização de jovens ao completarem o ensino médio.

Além disso, Michelle provou ser uma primeira-dama acessível e humana.

Tratou a equipe da Casa Branca como amigos. Cultivou sua própria horta e convidou crianças para ajudá-la nas tarefas básicas. Protagonizou os trabalhos de estilistas não tão conhecidos, gerando tendência para o mundo da moda. Estas atitudes e muitas outras narradas no livro a aproximavam ainda mais dos americanos e cooperavam para a boa imagem de Obama.

Minha História possui algumas páginas com várias fotos. Elas ajudam a criar uma linha do tempo na leitura.

Minha História é um livro leve e cheio de relatos íntimos da vida de Michelle. Desde seus anos com a família em South Side, Chicago, até o nascimento de suas filhas, conhecemos o background que a tornou uma mulher forte e fiel aos seus valores.

Porém, uma falha da autobiografia é, em diversos capítulos, principalmente na segunda parte, destacar mais Barack Obama e sua corrida presidencial do que a própria autora. É compreensível que a carreira de um permeia a do outro, mas frequentemente nos perguntamos sobre quem estamos lendo: Barack ou Michelle? Fiquei com a impressão de que no livro a carreira e presença da ex-primeira-dama foram ofuscadas pela política do ex-presidente.

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Alex Mendes
Reticências

Publicitário, nortista e designer que trabalha com UX e adora livros.