Zeide — A travessia de um judeu entre nações e gerações (Caco Ciocler)

Alex Mendes
Reticências
Published in
3 min readMar 25, 2021

Sinopse: Em 1921, na Alemanha, o jovem Sucher embarca num navio ancorado em Hamburgo rumo ao Brasil. Deixa para trás os pais e as irmãs, levando na bagagem algumas poucas peças de roupa, um tapete enrolado e as memórias dos campos de fumo da gelada Bessarábia.Ao desembarcar na desconhecida cidade de Santos, ‘de céu pintado de laranja feito quadro encomendado’ numa tórrida tarde de verão, ele se curva sem saber se arrebatado pelo bafo quente que lhe afrontava as origens ou se por reverência à terra que lhe traria a mulher com a qual fincaria raízes definitivas no Brasil.Desse encontro nascem os filhos Bóris e Jackson, que dão a Sucher uns tantos netos. É pelo olhar do mais novo de todos, da infância até a vida adulta, que se costura a narrativa não linear deste romance, que conduz o leitor por uma jornada de mais de sete décadas.Em sua estreia como ficcionista, o ator e diretor Caco Ciocler faz um relato bem-humorado e emocionante sobre a trajetória de uma família judaica no Brasil, além de uma declaração de amor ao avô.

Título: Zeide, a travessia de um judeu entre nações e gerações
Autor:
Caco Ciocler*
Editora: Planeta
Ano de publicação: 2017

26% — Comprei Zeide em uma feira literária que ocorria em um shopping de Belém e, assim como tantos outros livros, ele ficou guardado até pouco tempo. Pela sinopse fica evidente que Caco Ciocler abordará os valores familiares aprendidos e repassados para gerações futuras, o que é muito importante, já que a narrativa tem como pano de fundo a diáspora judaica. Aos poucos descubro quem são os personagens e conheço o que cada um precisa superar dentro daquele contexto. O que me incomoda bastante são as idas e voltas nos presentes e passados de Sucher, além das mudanças, sem aviso prévio, da narrativa em 1ª e 3ª pessoa. Apesar disso, existe beleza (e até excitação) nas descobertas e adaptações destes judeus no Brasil.

50% — Após desenhar os personagens e conectá-los aos outros comecei a me situar na narrativa. Como já disse, o livro é contado no presente e em dois passados, sendo um mais antigo que o outro. Nesta altura da leitura já é possível ter empatia por alguns personagens. Sucher e Boris são autênticos e de personalidades contrastantes e isso gera diversos conflitos entre pai e filho. Embora Zeide ainda não tenha me conquistado, Caco Ciocler apresenta muito da cultura e tradições judaicas, o que é um grande trunfo para o livro. No mais, noto que o autor começa a subir no palco da narrativa para se apresentar.

70% — Uma família moldada pela cultura, respeito e tradições judaicas é rica em história e comprometida com o que as gerações futuras conhecerão sobre seus antepassados. Como qualquer outra família, os descendentes de Sucher e agregados formam um grupo imperfeito. São reais por serem errados, incoerentes, incongruentes consigo mesmos. Não dá pra deixar de lado a evidente intolerância e inflexibilidade na relação paternal.

Em breve, mais percepções sobre o livro de estreia de Caco Ciocler ;)

Livro concluído. Resenha publicada ;) Confira o que achei de Zeide!

*Nascido em São Paulo em 1971, Caco Ciocler é ator, diretor e documentarista. Formado pela Escola de Arte Dramática da USP, atuou em vinte e oito peças de teatro, trinta filmes e vinte e três obras para televisão, entre séries, minisséries e novelas. Zeide é seu primeiro livro

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Alex Mendes
Reticências

Publicitário, nortista e designer que trabalha com UX e adora livros.