Mulheres na computação: o que aconteceu ?

Por: Ytalo Paulo Wilian da Silva

com a chegada dos computadores pessoais, (…) )houve uma grande inversão na proporção entre gêneros na área de tecnologia devido ao fato de que o computador, com a popularização dos jogos, passou a ser “coisa” de menino, carregando essa marca até os dias de hoje

As mulheres por muito tempo eram a maioria na área da computação e isso foi mudando ao longo do tempo, chegando nos dias de hoje, onde quase não vemos tantas mulheres quanto antigamente na área.

Segundo o Jornal USP, a primeira turma de Bacharelado em Ciência da Computação do IME era composta por 20 alunos, sendo 14 mulheres e apenas 6 homens, já no ano de 2016, a turma composta por 41 alunos, apenas 6 eram mulheres. Isso nos mostra que a representatividade feminina nos cursos de tecnologia foi se esvaziando aos poucos.

Elas sempre existiram na história, inovando e contribuindo para o avanço da tecnologia , porém não tiveram o mesmo reconhecimento que os homens, seus colegas. Isso porque foram os homens que contaram a história do mundo, deixando as conquistas femininas de lado, o que não significa que as mulheres não foram importante para a história da computação. Um exemplo claro disso é que todos conhecem Alan Turing, pioneiro da computação, mas poucos conhecem a Ada Lovelace, a primeira programadora da história.

Umas das mulheres importante para a computação foi Katherine Johnson, responsável pelos cálculos que determinou o tempo de lançamento do Apollo 11 rumo ao espaço. Suas contribuições ajudou o homem a pisar na lua e a voltar para a Terra em segurança, mas para isso ela lutou muito contra o machismo e racismo, pois ela era negra. Em 1946, com o funcionamento do ENIAC (primeiro computador digital eletrônico), tiveram a frente de sua programação 6 “computadoras”: Frances Bilas, Jean Jennings, Ruth Lichterman, Kathleen McNulty, Betty Snyder e Marlyn Wescoff. Elas escreviam a lógica de programação no papel e testavam no ENIAC, a programação na máquina era feita desplugando e plugando cabos. Mas o que aconteceu com as mulheres ? Por que elas não estão mais indo para a área da computação?

O estigma masculino e a falta de incentivo são as principais causas da falta de mulheres na computação, isso porque com a chegada dos computadores pessoais, entre as décadas de 70 e 80, segundo o site Educablog, houve uma grande inversão na proporção entre gêneros na área de tecnologia devido ao fato de que o computador, com a popularização dos jogos, passou a ser “coisa” de menino, carregando essa marca até os dias de hoje. A professora Renata Wassermann do IME explica que no início dos anos de 1970 ninguém tinha computador em casa, com isso a computação era ligada a matemática e naquela época o curso de matemática em sua maioria era formado por mulheres mas isso mudou com a chegada dos computadores pessoais. Segundo pesquisa realizada pela Microsoft, as meninas se interessam pela tecnologia quando são mais novas e ao envelhecerem vão gradativamente perdendo o interesse, isso devido a falta de incentivo que a sociedade e família dão a elas.

Diante disso, é importante educar e incentivar as meninas para que possam novamente começarem a ter interesse pela área de tecnologia. Ações nesse sentido já estão sendo criadas, a Universidade de São Francisco oferece cursos para alunas do ensino médio durante o verão, o que vem impactando positivamente a percepção das meninas para a área de computação.

Leituras Adicionais:

[1] http://www.educadoo.com.br/blog/2018/05/03/por-que-existem-poucas-mulheres-na-computacao/
[2] https://gpjinformatica.wordpress.com/2018/04/12/as-mulheres-na-historia-da-computacao/
[3] https://youtu.be/Qq9h2vVBZmQ
[4] https://www.programaria.org/mulheres-que-fizeram-historia-na-tecnologia/
[5] https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/09/17/Os-projetos-que-querem-diminuir-a-desigualdade-de-g%C3%AAnero-e-ra%C3%A7a-na-programa%C3%A7%C3%A3o

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César França
Aspectos Humanos e Sociais na Computação

PhD em Ciência da Computação / Universidade Federal Rural de Pernambuco