UM POUCO DA HISTÓRIA DAS MULHERES NA COMPUTAÇÃO

Por: Luiz José Salvino De Souza

Ada Lovelace, Uma das precursoras das ciências da computação, seu trabalho estava relacionado à metodologia de cálculo de uma sequência de números de Bernoulli, sequências de racionais com operações altamente complexas. O único problema encontrado por Lovelace, na época, é que ela simplesmente não possuía o maquinário necessário para colocar seus estudos à prova. Seu algoritmo, entretanto, foi provado como correto anos depois de seu falecimento. Toda a dificuldade que ela sofreu foi exclusivamente por ser mulher. As mulheres nunca foram a maioria neste ramo e sempre sofreram preconceitos na área.

Grace Hopper, Primeira mulher a se formar PhD em matemática, além de ter sido a primeira almirante da marinha dos EUA. No campo da tecnologia, ela foi uma das criadoras do COBOL. Sua história mais famosa é a que remonta à popularização do termo “bug” para indicar problemas em software. Hopper também criou linguagens de programação para o UNIVAC, o primeiro computador comercial fabricado nos Estados Unidos. “É mais fácil pedir perdão do que permissão”, dizia ela. Grace Hopper lutou para garantir seu espaço, como ela mesma dizia, ela enfrentou o preconceito para garantir tudo que conseguiu.

Antigamente se tinha um preconceito bem maior e que ficou enraizado na sociedade até os dias de hoje, e por este motivo muitas mulheres preferem não seguir por esta área, mesmo com uma boa quantidade de incentivos existentes hoje para tentar aumentar a participação de mulheres na computação. As mulheres já foram maioria nos cursos de ciência da computação em algumas das principais universidades do Brasil. Em 1974, 14 dos 20 alunos que se formaram na primeira turma do bacharelado em ciência da computação do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP eram mulheres. Em 2016, porém, dos 41 estudantes que concluíram o curso, apenas seis eram mulheres.

Esse fenômeno parece seguir o mesmo movimento observado nos Estados Unidos. Segundo dados do Centro Nacional de Estatísticas da Educação daquele país, as mulheres representavam quase 37% de todos os estudantes de graduação em ciência da computação entre 1984 e 1985. Ao mesmo tempo, dados da American Bar Association, American Association of Medical Colleges e da National Science Foundation apontam para uma participação crescente de mulheres em cursos superiores nas áreas do direito, ciências físicas, medicina e ciência da computação entre as décadas de 1960 e 1980.

No entanto, a partir de 1985, enquanto a incidência de mulheres nos outros cursos continuou a aumentar, superando os 40% em 2015, na ciência da computação, o movimento virou para queda, saindo de cerca de 35% para menos de 20% em 2015. Para Medeiros, a principal explicação para o fenômeno, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, estaria nos anos 1980, com a popularização dos computadores pessoais.

Então enormes máquinas de calcular, após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939–1945) os computadores eram usados principalmente em atividades associadas à função de secretariado, como o processamento de dados e a tabulação eletrônica. O predomínio das mulheres era evidente. No cálculo da folha de pagamento de empresas, por exemplo, elas costumavam escrever os códigos que depois seriam transformados em cartões perfurados para serem lidos pelas máquinas.

Em meados dos anos 1980, com a chegada dos primeiros computadores pessoais, esse cenário mudou. Relatório de 1985 produzido pelo Centro Nacional de Estatísticas da Educação verificou que os meninos nos Estados Unidos eram muito mais propensos a usar essas máquinas em casa do que as meninas, possivelmente porque o marketing dos fabricantes era direcionado principalmente a eles. “É possível que isso tenha contribuído para que os garotos passassem a aprender e a se interessar mais por programação”, sugere Medeiros.

Acredito que apesar do preconceito criado antigamente bem antes da computação sobre as mulheres não poderem trabalhar, votar e nem opinar, serviu apenas de gatilho para os atuais preconceitos, porém as mulheres garantiram seu lugar na computação e isso foi se perdendo aos poucos ao longo do tempo. Acredito que manter projeto e medidas para incentivar que as mulheres ingressem nessa área é a melhor solução. Muitas empresas já criam projetos deste tipo como a Porto digital que lançou o programa chamado Mulheres em Inovação, Negócios e Arte, um projeto que visa fortalecer as mulheres na área de computação em Pernambuco. Se as mulheres votarem a ter interesse na área e sofrerem menos preconceitos como por exemplo ter direito aos mesmo salários, isso pode fazer com as mulheres votem a participar mais ativamente.

Leituras Adicionais:
[1] BRASIL. Revista Pesquisa FAPESP. A retomada do espaço da mulher na computação. Acesso em outubro de 2019. Disponível em: < https://revistapesquisa.fapesp.br/2019/05/10/a-retomada-do-espaco-da-mulher-na-computacao/>
[2] BRASIL. Canal Tech. As dez mulheres mais importantes da história da tecnologia. Acesso em Outubro de 2019. Disponível em: < https://canaltech.com.br/internet/as-dez-mulheres-mais-importantes-da-historia-da-tecnologia-59485/>
[3] BRASIL. Mulheres na Computação. Acesso em Outubro de 2019. Disponível em: < https://mulheresnacomputacao.com/>
[4] Moreira, Josilene Aires — UM PANORAMA DA PRESENÇA FEMININA NA CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO, Recife — PE, Novembro-2014.

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César França
Aspectos Humanos e Sociais na Computação

PhD em Ciência da Computação / Universidade Federal Rural de Pernambuco