Uma retrospectiva de 10 anos como QA Parte I

Frederico Moreira
assert(QA)
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5 min readMay 24, 2018

Quem me conhece de mercado, eventos, empresas, bares e comunidades. Sabe que antes de me aventurar no mundo de desenvolvimento de software, eu atuei por aproximadamente 9 anos no mundo de telefonia, em específico eu configurava centrais telefônicas, num outro momento entramos em detalhes como era o meu dia a dia.

O que o mundo de telecom me ajudou com minhas skills técnicas como QA?

Minha paixão por terminais e telas pretas 😃! Os equipamentos que trabalhei nesta época, todos eram baseados em Unix, com isso qualquer problema mais crítico do equipamento, assim como algumas determinadas operações, só eram possíveis via linha de comandos. Logo nos primeiros dias como estagiário de técnico de eletrônica, eu já fui forçado(só gratidão por isso) a aprender manipular arquivos de configurações de equipamentos com “cat”, “ls”,”touch”, “mv”, “cp” e etc.

Daí nasceu minha admiração pelo o poder de linhas de comandos, VI, VIM e o mundo de tela preta, que hoje com as centenas de skins e templates e possível deixar um terminal com a cor que quiser, contendo todas as firulas que julgar necessário.

Os anos voam assim como acho que a vida voa após os 18 anos, não sei se é só minha essa percepção, mas acredito realmente que a vida passa mais rápido a partir de uma determinada idade. Com o passar do tempo eu me via estagnado em termos de conhecimento, pois a própria tecnologia do mundo telecom evoluía num ritmo absurdo e a cada dia eu ficava para trás, por não acompanhar esta evolução. Foi quando tomei a decisão de enfrentar um vestibular e enfim fazer um curso superior, na época eu morava no Rio de Janeiro e seguindo o mercado que eu já atuava resolvi fazer vestibular para engenharia elétrica, mas também engenharia de telecom. Com bastante esforço e estudo passei em alguns vestibulares, mas quando se aproximava da data de fazer a matrícula, um belo dia de manhã recebo a mensagem que o contrato que eu atendia no RJ tinha sido encerrado e eu teria que voltar para a terra do melhor pão de queijo do mundo.

Decepcionado…

Decepcionado e já desmotivado, volto para BH minha cidade natal e me deparo nos primeiro dias, com a aquisição de uma empresa de desenvolvimento de softwares voltados para o mundo de telecom, pela empresa que eu trabalhava. A notícia foi um trigger para eu começar olhar com mais carinho o mundo de TI, em específico a vertente de desenvolvimento de software. Fiz vestibular para Sistema de Informação, passei, me matriculei e nas primeiras semanas de aula, recebi a oportunidade de entrar em um time de desenvolvimento como QA estagiário.

Eu já tinha certa aptidão, pois por um período da carreira de telecom, eu e mais algumas pessoas, exportávamos os arquivos lá dos equipamentos para planilhas de excel e ali os arquivos eram alterados com filtros, macros e pequenos e simples scripts em VB script.

O time que fui inserido trabalhava no software para justamente facilitar a vida dos técnicos de telecom que configuravam equipamentos, ou seja, eu ajudei muito com o negócio, pois acabara de trocar minha vida de viagens e telecom, por um time de desenvolvimento. Eu conhecia todas as dores dos técnicos e junto com o PO já ajudava escrever estórias e critérios de aceite, estranho né? Mas isso foi em 2008 e tive a sorte de entrar num time que ali já estudava e tentava aplicar Scrum e minha primeira tarefa como estagiário foi mesmo ler o Agile Testing que tinha acabado de ser lançado. Naquela época eu já entendi o tanto que era sensacional trabalhar inserido dentro de um time, pareando com todos papéis e ajudando gerar valor com o time.

Supera!

Mas nem tudo são flores nessa vida e chegou o receio de conseguir trabalhar dia a dia com testes automatizados, na época qualquer pesquisa que se fazia sobre testes automatizados, o resultado era Selenium IDE e as primeiras versões do Selenium RC. Eu apanha de tudo quanto é forma que imaginarem, a API não era instável e faltavam bastante implementações para o Selenium chegar perto do que é nos dias atuais. Mas desde aquele tempo, eu aprendi valorizar o bom convívio com os Devs, o valor de virar para o lado e falar coloca tal id nesse elemento, ou então, eu fiz um pull request com os IDs que preciso para automatizar os testes. Claro que isso levou um tempo para acontecer de forma natural, com tudo eu já encontrei um caminho para fazer isso melhor, que foi mostrando meus testes para os Devs, para que eles pudessem entender o porque das minhas solicitações e conseguissem entender o real valor que meus testes poderiam trazer para o time e produto.

O que me impressiona as vezes até hoje, é ter QAs mesmo trabalhando com metodologias tradicionais, falando sobre Dev x QA, na minha opinião em qualquer contexto que seja, isso já não faz mais sentido e não deveria se quer existir.

Fico sem conseguir acreditar…

Na minha primeira experiência como estagiário durou cerca de um ano, logo após mais um ano como QA Jr, depois deste primeiro momento na carreira, que eu já via valor em metodologias ágeis, mas também em automação de testes. Eu fui encarar novos desafio em uma fábrica de software, que era partherning Microsoft e assim conheci o mundo de ferramentas e plataformas proprietárias, mas também conheci um pouco sobre o que é trabalhar alocado em clientes, seguindo as regras e ficando submisso a cultura e ambiente dos clientes, há quem goste, eu simplesmente odeio e foi uma experiência bem decepcionante.

Essa primeira transição foi um choque, por sair de um mundo open source da primeira experiência, para um mundo proprietário, com diversas limitação no uso de ferramentas e da forma de trabalhar. Mas como quase tudo nessa vida eu tentei ver o lado bom dessa situação, conheci um pouco sobre CMMI e MPS.br, aprofundei conhecimento em metodologias tradicionais e foi meu primeiro contato com as skills de consultor que tanto me ajudam no meu dia a dia atualmente.

Nessa época eu conheci webdriver com C# e diversas ferramentas Microsoft como TFS, Test Manager, Sharepoint, TestLab e etc.

Continua…

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Frederico Moreira
assert(QA)

Senior QA Engineer at Vision-Box, Agile Testing, Blogger, DJ, Lover eletronic music, @CruzeiroIC, Beer and Dreads