Uma retrospectiva de 10 anos como QA — Parte II

Frederico Moreira
assert(QA)
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6 min readJun 11, 2018

Chega então a minha próxima transição, desta vez para uma consultoria de testes, o propósito inicial era um projeto de automação de testes de um sistema desktop, desenvolvido em C++, segui na linha de ferramentas proprietários mas num mundo novo, IBM, automatizei bastante testes utilizando Rational Funcional Test, também conhecido como RFT, mas tive contato também com quase todas ferramentas de ALM IBM, RTC, RQM e etc.

Nessa terceira empresa, participei de mais um projeto, onde revivi meu tempo de telecom, fui atuar em um projeto que testávamos firmware de rastreador veicular, desenvolvidos em C casca e cada mesa de um tester nessa empresa, lembrava um laboratório de eletrônica, com fontes, multímetros, fios de diferentes bitolas, hardwares e tudo que você consiga imaginar. Minha formação de técnico de eletrônica e minha experiência de telecom agregaram muito valor, mas conheci linguagens novas como Lua, Python e aprendi que para aquele contexto saber teoria de testes, como práticas e técnicas não eram suficientes, pois quando se envolve hardware e seus possíveis comportamentos, o mímino que você precisa e abrir a cabeça para aceitar novas formas de trabalhar.

Ainda nessa experiência, desenvolvi mais um pouco do meu lado consultor e comecei a sentir saudades de empresas com perfil de produto, já que pela segunda vez eu estava em uma consultoria e vivia alocado em clientes, o que algumas pessoas gostam de chamar de Outsourcing e também Bodyshop.

Chegada a hora de mais uma transição, sou aprovado num processo seletivo, para atuar como tester em uma empresa de produto, com a felicidade de um novo desafio e voltar para viver uma nova cultura assim como tentar aplicar agile de uma forma mais efetiva, sendo mais específico isso foi em 2014.

Passei um curto e breve período revivendo o mundo Microsoft, pois existia uma plataforma de entrega de micro recompensas, um monolito desenvolvido com .NET que persistia dados em um banco SQL. Logo nas primeiras semanas fui para um time, que tinha como missão refazer esta plataforma, já criando novas features e também com uma nova stack(MEAN) e ainda uma nova arquitetura denominada microservices. Junto do novo desafio, além de muitas novidades e aprendizados, conheci de perto uma nova cultura conhecida como DevOps.

Deixando uma dica, quando se deparar com um contexto novo na sua carreira, independente de ser uma novo perfil de empresa, uma nova stack ou etc. Comece a seguir as pessoas que são referência no assunto abordado, frequente eventos e meetups pertinentes ao novo mundo, se envolva o máximo que conseguir, algumas

Entrei de cabeça no novo mundo, aprender trabalhar com bancos não relacionais, no meu caso foi MongoDB, apanhar, apanhar e apanhar de novo para os aspectos assíncronos de NodeJs, entender o quanto eu precisei mudar meu mindset de QA para conseguir testar de maneira efetiva uma arquitetura de microservices. Tudo isso fizeram parte dos meus primeiros meses desse novo desafio.

Nesta experiência resolvi em paralelo entrar para o mundo de comunidade, que sinceramente não me interessava muito, pois eu tinha um senso crítico apurado e as vezes cansava de ir em eventos com conteúdos que não me agregava valor nenhum naquele meu momento de carreira. Juntos de outras pessoas, que citarei em outro momento, fundei o Café, Testes e Pão de queijo e no mesmo ano ajudei a criar a primeira edição do MTC — Minas Testing Conference, ambos projeto colaborei para na criação e para meu orgulho estão vivos até hoje, chego a me emocionar ao ver o quanto as pessoas se sentem satisfeitas ao frequentar as iniciativas que eu sempre tive dúvidas se teria sucesso e reconhecimento existentes atualmente.

Minha vida pessoal e profissional sempre foram uma caixinha de surpresa, então depois de quase dois anos respirando Js para Front e Back End, MongoDB, APIs, microservices e ainda conceitos e tools de DevOps, surgiu uma oportunidade de mudar de cidade, naquele momento eu tomei a decisão de mudar de ares e encarar mais uma vez uma empresa com perfil de consultoria, porém na terra da garoa e indo um pouco além para um papel de QA Manager. Como tudo que é novo na nossas vidas, me bateu uma imensa insegurança, mas a vontade de experimentar o novo falou mais alto e lá fui.

Precisei muito de abrir a cabeça para meu novo cargo, claramente eu precisava desenvolver minhas softs skills para lhe dar com uma comunidade de QAs, que por sorte eram técnicos e apaixonados por agile. Tive diversas dificuldade iniciais e fui me virando, trocando experiências com pessoas que já tinha certa maturidade com cargos similares ao meu. Nessa nova etapa de carreira tive a grata surpresa de ter uma par como manager, que eu já conhecia de eventos e comunidades, que hoje considero uma irmã mais nova que não tive, carinhosamente chamada por diversas pessoas por Samy 😃(Samanta Cicilia)

Grandes batalhas

Juntos conseguimos muitas glórias e passamos uma infinidade de desafios e dificuldades, mas posso me sentir orgulhoso hoje, neste exato momento que escrevo, de ajudar a mentorar a carreira de mais de 50 QAs e tentar evoluir todos eles, independente do seu grau de maturidade profissional. E nessa parte da minha carreira fiquei por também quase dois anos, ganhei bastante conhecimento em desenvolvimento no mundo mobile, levando em conta apenas aplicativos nativos, mas também aprendi uma infinidade de coisas no mundo Web e APIs, sem contar aspectos de DevOps jamais vividos anteriormente.

Deixarei algumas dicas que talvez façam sentido para você que pode estar lendo essa série de post sobre minha carreira. Tente sempre para e pensar o que faz mais sentido no seu momento atual de carreira, existem diversas empresas com perfis diferentes, consultorias, empresas de produtos, empresas que se dizem fazer agile, empresas tradicionais e por aí vai. Entenda seu contexto atual e pare, respire fundo, invista tempo pensando e planejando o que você com o papel de QA, independente da stack, metodologia, perfil de empresa, consegue agregar valor, estude ferramentas open source, mas também ferramentas proprietárias, tente aplicar testes dos tipos e níveis mais pertinente para seu contexto, procure seguir referências da comunidade e por fim tenha a essência e o espírito de um QA, essas ações são complementares e a qualquer momento a sua hora vai chegar.

Mas a vida me surpreendeu mais uma vez recentemente, depois de um ano conturbado de 2017, onde evoluir muito profissionalmente, mas tive alguns problemas na vida pessoal, incluindo a perda do meu tão querido pai, lá estava eu perante mais um novo desafio, fui convidado por uma empresa na Europa para um processo seletivo que iria colocar em check novamente minhas habilidades profissionais, porém em escala maior, uma oportunidade numa grande empresa com escritórios espalhados pelo mundo.

Com a mesma cara e coragem de sempre topei o desafio, consegui passar no processo seletivo e estou de partida para uma nova vida, pessoal e profissional, mas quem me conhece sabe da minha sede por experimentar o novo e sim, para mim o mundo sempre foi e será uma escola.

E lá vamos nós novamente, porém agora casado 😍, com a mulher da minha vida Roberta Rico.

Eu gostaria de ressaltar aqui centenas de pessoas que fizeram parte da minha evolução pessoal e profissional, mas talvez teria que escrever mais um post para que elas coubessem aqui 🤪

Deixo o meu muito obrigado por estarem lendo esse artigo e me coloco a disposição para trocar experiências sobre a carreira de QA.

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Frederico Moreira
assert(QA)

Senior QA Engineer at Vision-Box, Agile Testing, Blogger, DJ, Lover eletronic music, @CruzeiroIC, Beer and Dreads