Lucio Lasca Londres

Lucio Caramori
Assistindo à guerra, de biquini
8 min readJun 12, 2018

Tarefa inglória essa de dar dicas sobre Londres. Porque ficar 10 dias na capital inglesa é como fazer 1 mês de mochilão pela Europa e visitar 38 países: você vê de tudo mas sai com uma baita sensação de não ter visto nada. Cada bairro da capital inglesa é como se fosse uma pequena metrópole, com suas centenas de bons restaurantes, galerias, atrações turísticas, praças… Então, no fim das contas, só posso dizer que conheci a “cidade” de East London. E ainda sendo petulante. Mas foi uma boa decisão dedicar mais tempo pra conhecer essa vizinhança. Nos próximos posts eu conto o porquê.

Go East! (Parte 1)

Como eu ia dizendo, não conheci Londres. Dei uma passada por alguns lugares lá. O que eu conheci mesmo foi East London. Principalmente Shoreditch, uma região do bairro chamado Hackney. Até bem pouco tempo, um bairro de artistas e jovens, e que agora está sofrendo com aquela velha história: aluguéis baixos atraem os descolados, que atraem boas lojas e restaurantes bacanas, que atraem os endinheirados, que atraem a especulação imobiliária, que manda os descolados pra outros lugares. Isso é bom por um lado, já que algumas pessoas me disseram que, antes, a região era meio perigosa (para os padrões ingleses, diga-se). Hoje, a quantidade de gente nas ruas e a modernização do bairro acaba deixando tudo um pouco menos sinistro. E um lugar muito interessante pra passear, comer e badalar.

Brick Lane, onde East London se encontra.

Onde ficar

Pra mim foi uma ótima ficar hospedado em Shoreditch. Porque eu pegava o metrô de dia, pra ir ver as atrações turísticas, e curtia a noite por lá mesmo, sem precisar pagar táxi (em libras, lembre-se), já que o metrô só funciona até meia-noite e os ônibus noturnos são meio confusos. E dessa vez pesquisei muito pouco sobre onde ficar. Porque depois de ver as fotos e escutar as histórias do The Hoxton Hotel (81 Great Eastern St.), ou “The Hox” para os íntimos, não tive como ficar em outro lugar. Resumindo, ele é um hotel de design que você pode pagar. Custa cerca de 90 libras a diária, quando um hotel do mesmo nível custaria entre 150 a 200 libras. Mas o que você vai se divertir ali perto e economizar de táxi já vale o investimento. Pertinho de restaurantes, pubs, baladinhas e da Old Street Station, se você precisar/conseguir sair de Shoreditch. E se der preguiça um dia, o restaurante no térreo é ótimo e, olha só, também é uma balada super disputada do bairro. Pra você ter uma idéia, é no restaurante do Hoxton que a revista NME faz suas festinhas. E o mais legal é que lá dá desde jovens descolados à velhinhas visitando Londres. Ah! Não deixa de pegar um mapinha que eles deixam no quarto com dicas muito boas sobre a região. E, se você não ficar lá, procura a Ana, recepcionista brasileira do Hotel, e pede um desses pocket guides pra ela.

Pedra, papel, tesoura e design no quarto do Hoxton Hotel

Mas como a vida não é só “gramur”, eu também passei uns dias em um hotel mais modesto e menos “muderno”. O Days Hotel Shoreditch (419 Hackney Rd.) é um hotel turistão, um pouco mais enfiado em Hackney, sem nenhuma das frescuras do Hoxton. Mas você ainda fica ali pelo bairro. Apesar de longe das estações de metrô, tem ônibus na porta dia e noite, que deixa você em Oxford St. em 20 minutos. O preço também não é uma nenhuma pechincha (69 libras), mas isso aqui é Londres, não Caraíva. E aqui cabe uma outra dica: o preço desse hotel no site deles era um. Mas no LateRooms.com era mais barato. Aproveita e pesquisa outros hotéis por lá.

Onde comer

Em todo canto da cidade o negócio é comer comida asiática. Barata e gostosa. E aqui não é diferente. A Kingsland Road, por exemplo, é o paraíso da comida vietnamita. Comi no Viet Grill (58 Kingsland Rd.) e vi muitos na vizinhança, também indicados por amigos. Outro que fica ali perto, e que não consegui nem entrar de tão badalado e barato, é o Cây Tre (301 Old Street). Se você não é muito chegado em comida asiática, o Rivington Grill (30 Rivington St.) é uma ótima pedida. Pratos típicos ingleses, feitos com produtos tradicionais vindos de diversas partes da Inglaterra. Sábado e domingo eles têm um menu com 3 pratos por 18,5 libras. E servem a Meantime, cerveja feita em Greenwich que é uma delícia. Para um almoço mais rápido, passa no Ruby (35 Charlotte Rd.), uma birosquinha que prepara sanduíches e pratos na sua frente. Pra esbanjar, tem o Bistrotheque (23–27 Wadeson Street), um restaurante-balada (ou será balada-restaurante?) meio escondido mas com uma comida excepcional. Peça o Lamb Hump e seja feliz. Na hora do café da manhã, procure o The Breakfast Club (4 Rufus St. — uma continuação da Charlotte Rd. — e também em outras partes da cidade) que é uma boa parada antes de ir na White Cube, logo do lado, na Hoxton Square. Ou vá no Fifteen (15 Westland Place), sim, o do Jamie Oliver, que tem menos fila na hora do breakfast.

Carne com molho de ostra no Viet Grill

Onde comprar

Fora a American Apparel (123 Curtain Rd.), o que você vai encontrar em roupas em Shoreditch são as lojas de estilistas da cidade, mais do que marcas conhecidas. E também lojas multimarcas, que colocam tudo o que há de legal no mesmo lugar. Uma dessas é a Start (59 Rivington St.). São 3 lojas, uma bem pertinho da outra: uma de casual wear masculina, outra masculina com ternos e cortes finos e, finalmente, uma feminina. Pra quem é louco com sneakers, como eu, essencial dar uma passada na 1948(477 Arches St.), concept store da Nike numa ruela do bairro com poucos e bons produtos. Mas fica atento que eles só abrem de quinta a domingo. Outra loja que merece comentário é a KK Outlet (42 Hoxton Square), a loja da agência de publicidade KesselsKramer. Tem muita maluquice lá, mas se você fuçar encontra uns livro bem bacanas. Aproveita que eu dei a dica, e traz um “2 kilos” pra mim? Se você gosta de chapéus, passa na Ca4la(lê-se “caxila”), uma loja japonesa que fica no 23 Pit Field St.

Start, pra começar bem suas compras.

Ou então deixa pra comprar tudo mais barato nos milhares de brechós da Brick Lane. E Brick Lane é um show à parte. Tem de tudo por lá. Pra comprar música, todo mundo já te disse isso, mas eu digo de novo: vai lá na Rough Trade (91 Old Truman Brewery). Quem sabe você ainda não dá a sorte de pegar um showzinho super hiper hype por lá? Ainda naquela região, tem a Lik Neon(106 Sclater St.), cheia daquelas coisinhas engraçadinhas que todo mundo gosta e são ótimas lembranças.

Aquelas lembrancinhas maluquinhas, sabe? Tem aqui na Lik Neon.

E além da Brick Lane, outra rua cheia de lojas diferentes é a Columbia Road. Domingo tem a feira de flores, que já é imperdível por si só. Mas as lojinhas, que também ficam abertas no domingo, são sensacionais. Dá pra comprar ilustrações lindas na Ryantown(126 Columbia Road) até um legítimo Banksy na Nelly Duff (156 Columbia Road) pela bagatela de 2000 libras.

Leve street art pra casa sem precisar derrubar um muro: Nelly Duff.

Go East! (Parte 2)

Onde beber

Como eu disse antes, essa é a parte boa de ficar em Shoreditch: poder ficar bêbado em um pub bacana e voltar cambaleando pro hotel, feliz da vida de não ter pago uma fortuna em táxi. E opção é o que não falta nessa região. Os meus preferidos foram o Electricity Showrooms (39a Hoxton Square), pubzão na esquina da Hoxton Square com a Old Street bastante animado e com uns janelões que dão pra rua. Outro bacana é o The Hoxton Pony(104 Curtain Road), bem moderno e com drinks ótimos. Aliás, a Curtain Road é cheia de pubs de cima a baixo. Boa idéia ir tomando um pint em cada um dos bares da rua pra conhecer. Dica interessantw: beber vodka por lá pode ser financeiramente mais vantajoso, acredite se quiser. Mesmo com a conversão, uma dose bem servida fica quase o mesmo preço da vodka importada aqui. Pena (ou sorte) que só descobri isso no fim da viagem.

Muvuca pra entrar? Nada! Lá também tem Lei do Cigarro, espertinho.

Onde dançar

Não fui em tantos clubs quanto imaginei, mas, pelo que vi, o buxixo fica ali num triângulo formado pela Great Eastern St. e a Shoreditch High St. Numa pracinha da Great Eastern St, quase chegando na Old Street, por exemplo, fica o indefectível Favela Chic (91 Great Eastern St.) Pô, mas sair do Brasil pra ir num bar brasileiro?!? É, meu amigo, mas lá só vai o pessoal da cidade. Um povo meio mauricinho, mas de Londres mesmo. E eles tem uma famosa festa chamada “Swaparama”. Funciona assim: algumas vezes durante a noite toca uma sirene e você tem que trocar de roupa com quem está do seu lado! Verdade. Só que o pessoal é esperto e já vai com umas roupas super engraçadas pra trocar. Não vai aparecer lá com seu cardigan novo da H&M, hein! Mas o lugar que eu mais gostei (e mais fui) foi o The Queen of Hoxton(1 Curtain Rd.). Uma boate com um térreo meio lounge, meio dancing e mais um porão com shows ao vivo. Engraçado que no térreo dá um povo mais posh e lá embaixo um povo mais indie. E essa mistureba fica animada a noite toda. “Noite toda” até as 2 da manhã, que isso aqui não é Barcelona. Mas a surpresa mesmo é que domingo à tarde é o novo sábado à noite em East London. Lá na região da Brick Lane (sempre lá) as baladinhas de domingo começam a partir de meio-dia e vão até bem tarde. E é balada MESMO, viu? Como as tardes de techno do 93 Feet East (150 Brick Lane) Uma dica é prestar atenção nos milhares de cartazes colados pela vizinhança indicando as festas e atrações, que são sempre boas.

Tonight at The Queen of Hoxton.

27.09.2009

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