4a. Temporada — A Companhia das Índias

Edson Rigonatti
Astella
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2 min readOct 1, 2016
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Embora algumas formas de “empresa” tenham existido durante a Roma e Grécia Antigas, as formas ancestrais mais próximas do formato das empresas modernas apareceram no século XVI, quando Inglaterra e Holanda começaram a conceder direitos especiais aos comerciantes aventureiros que exploravam as rotas de comércio internacionais.

Inicialmente, os sócios dessas empresas negociavam as ações apenas entre si, mas com o aumento da complexidade dessas relações e a necessidade de atrair um maior volume de capital para financiar o crescimento das transações, nascia a empresa de sociedade anônima (joint stock company), das quais a Companhia Britânica das Índias Orientais foi uma das primeiras a se incorporar como tal.

Esse instrumento que permitia apenas a distribuição dos lucros e perdas de acordo com as contribuições de cada um, passou a permitir a transferência (venda) das participações; a diferenciar a personificação da empresa, gestores e investidores; a limitação da responsabilidade de cada um desses membros; e eventualmente a relação de direitos e deveres de cada um deles (governança). Tal formato, permitiu ao capitalismo florescer, ao mercado de capitais se estabelecer e ao empreendedorismo alcançar o status de estrela do desenvolvimento humano.

Um investimento para ser bem sucedido para empreendedores e investidores não basta contar com as condições de vento favoráveis (1a. Temporada), a tripulação ideal à bordo (2a Temporada) e com a embarcação certa (3a Temporada). É preciso que as condições de temperatura e pressão (termos e condições) sejam estabelecidos e entendidos pelas partes:

  1. Tipo de relacionamento entre empreendedores e investidores;
  2. Volume de investimento requerido em cada fase da expedição;
  3. Valor da empresa a cada etapa do financiamento;
  4. Estrutura de capitalização da empresa ou cap table;
  5. Tipo de relacionamento entre tipos de investidores — anjos, advisors, Seed, Series A, etc.;
  6. Direitos e deveres de gestão e governança;
  7. Direitos e deveres de liquidez;
  8. Direitos e deveres de responsabilidade;
  9. Tipos de riscos em cada fase da jornada;
  10. Potencial retorno do investimento;
  11. Estratégia de saída — afinal a gente espera que a embarcação volte ao porto com o tesouro!

Contractus litteris! (também conhecido como “o combinado não sai caro!)

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