Capítulo 4 — A Nova Era

Se mudanças criam oportunidades, não existe momento melhor para partir rumo à conquista do mundo do que quando há mudanças tectônicas no horizonte.

Nos últimos 250 anos, vivenciamos 5 ciclos tecnológicos: a Revolução Industrial (1771), a Era da Locomotiva a Vapor (1829), a Era do Aço (1875), a Era do Automóvel (1908) e a Era da Tecnologia da Informação (1971).

Cada ciclo criou um conjunto de infraestrutura, indústrias e produtos provocando o desenvolvimento de novas práticas gerenciais, que por sua vez provocaram um aumento de produtividade em toda a economia, culminando em novos níveis de atividade econômica e do potencial humano.

Esses ciclos têm se propagado em horizontes de tempo razoavelmente uniformes, passando por períodos de irrupção, frenesi, crise, sinergia e maturidade, sendo esse último, o momento de plenitude econômica e social de cada era.

Carlota Perez — Technological Revolutions and Financial Capital

A nossa Era da Tecnologia da Informação, tendo criado uma rede global de telecomunicações, gerado as indústrias de semicondutores, de computadores e de software, que permitiram o desenvolvimento de produtos digitais e de novas práticas de gestão (ex.: design thinking, lean, product management, customer development, growth hacking, etc.) caminha para seu período de maturidade.

Isso significa não apenas que as próximas duas décadas serão o período econômico mais fértil da nossa era, mas também que em breve, TODAS as empresas serão empresas de tecnologia. Não empresas com um departamento de TI, mas empresas que em sua natureza se relacionam com seus clientes digitalmente (ex.: marketing digital, vendas online.), tem um produto digital (ex.: software, hardware) e estabelecem um processo produtivo digital (ex.: crowdsourcing).

A grande oportunidade reside justamente no fato de que ser uma empresa de tecnologia é fundamentalmente diferente de ser uma empresa que usa tecnologia. As grandes empresas de hoje usam tecnologia para atender algumas centenas ou milhares de funcionários, já as grandes empresas do futuro são empresas que atendem digitalmente milhões ou bilhões de clientes. As grandes empresas de hoje usam tecnologia como centro de custo, já as grandes empresas do futuro são digitalmente centro de lucro. As grandes empresas de hoje usam pessoas e processos que estão migrando tecnologicamente, já as grandes empresas do futuro são feitas por pessoas e processos digitalmente nativos.

Essas mudanças tectônicas na cadeia de valor mudam completamente a dinâmica competitiva. As grandes empresas de hoje competem com base na sua capacidade produtiva, enquanto as grandes empresas de amanhã competem com base na sua capacidade de relacionamento com seus clientes ou consumidores.

O fator crítico de sucesso passa a ser a experiência do cliente. Essa pode não ser a Era de Aquário, mas com certeza será a era do design, do user experience, do customer success.

E que tal seguir rumo a conquista do mundo a partir de um país com abundância de capital humano criativo e repleto de empatia?