Capítulo 33 — VOC

Edson Rigonatti
Astella
Published in
2 min readOct 8, 2016
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A Vereenigde Oost-Indische Compagnie ou VOC, conhecida também como Companhia Holandesa das Índias Orientais, foi fundada em 1602, um ano depois da Companhia Britânica das Índias Orientais. Considerada a primeira corporação multinacional da história, chegou a engajar entre 1602 e 1796 quase um milhão de europeus além de 4.785 embarcações nas suas transações com a Ásia, tendo transportado mais de 2,5 milhões de toneladas de mercadoria, quase o dobro de todos seus concorrentes.

Tal sucesso só foi possível graças ao uso da recém criada joint-stock company — empresa de capital aberto, e da enorme confiança que os Heeren XVII, os 17 principais acionistas e board members, comandavam junto a investidores e fornecedores ao redor da Asia.

Esse grupo era o maior trusted advisor de sua era: detinham a credibilidade, confiabilidade, intimidade e beneficência necessária para uma relação harmoniosa e lucrativa; além claro, do monopólio e do significativo exercito privado!

A credibilidade surge quando empreendedores e investidores são competentes em suas atribuições. Enquanto um conhece muito bem o mercado aonde atua e a equipe que lidera; o outro sabe muito bem dosar o montante e o momento de investimento, assim como preencher todas as lacunas existentes.

A confiabilidade emerge quando empreendedores e investidores entregam aquilo que é esperado de cada um. Para a maioria é apenas dinheiro. Para muitos, é a troca de conhecimento e relacionamentos. Para alguns poucos, é uma jornada rumo à excelência, seja na vitória ou na derrota.

A intimidade aparece quando ambos empreendedores e investidores se conhecem a ponto de saberem qual o limite de cada um, em especial nos inúmeros momentos difíceis e tortuosos, quando a tentação de ultrapassar esse limite exige o respeito e o carinho de uma amizade, mesmo quando os interesses são conflitantes.

A beneficência é o resultado da sinceridade com que cada parte cuida da outra, mesmo quando o egoísmo e o interesse próprio seriam as reações mais naturais a serem esperadas.

O grande dilema é como construir esse tipo de relação no menor tempo possível, e ao mesmo tempo sincronizar os tipos de expectativas de cada lado, já que alguns querem apenas uma relação de troca (dinheiro x ações) e outros querem além disso, uma relação comunal (aprendizado mútuo).

Não existem fórmulas. Basta apenas entender o que cada lado realmente busca, e construir a profundidade e intensidade necessária para suprir os anseios dos dois lados.

Veel geluk!

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