Desbravando o ecossistema de inovação na Terra do Sol Nascente

Laura Constantini
Astella
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3 min readApr 22, 2019

Passei os últimos 10 dias em Tokyo para o Kauffman Fellows Summit no Japão. O Kauffman é a maior rede de Venture Capitalists do mundo e foi criada sob a perspectiva de que o fomento ao empreendedorismo e inovação é a forma mais eficiente de elevar PIB per capta e qualidade de vida das populações.

Tokyo é uma cidade realmente incrível. Como todos que voltam de lá, fiquei impressionada com a educação e cordialidade dos japoneses, organização e limpeza da cidade. A maior metrópole do mundo, com quase 38 milhões de habitantes, não tem trânsito. A malha ferroviária e metroviária é tao eficiente que o asfalto da cidade está sempre livre.

Além da missão por trás de cada startup, o ecossistema de inovação japonês traz alternativas mais flexíveis a cultura organizacional japonesa, fato que atrai bastante as mulheres. As organizações tradicionais japonesas tem jornadas longas e bastante rígidas de trabalho o que dificulta para as mulheres que decide ter filhos. Além disso, networking e participação em eventos e happy hour, fora do horário de trabalho também são muito valorizados e acaba dificultando ainda mais a ascensão das mulheres a cargos mais altos.

Tivemos reuniões bastante interessantes, apesar da dificuldade da maioria dos japo­neses com a lingua inglesa. Pude constatar algumas barreiras para a expansão internacional de empresas japonesas. Não só a lingua como ques­tões culturais importantes como uma experiência de uso e navegação dos softwares muito diferentes das que o mundo ocidental está acostu­mado. Acredito de seja por isso de nós temos muito mais notícias de inovações japonesas em hardware do que em software. A proximidade com a China e o polo manufatureiro japonês também facilita a prototipação e lançamento de novos devices.

Por ter uma população bastante longeva e ativa, várias startup japonesas estão trabalhando no desenvolvimento de soluções e devices na área médica para monitoramento de doentes crônicos e senis. Tive a oportunidade de conhecer a co-founder e CEO da Neurotrack e o CEO da Triple. W. A Neurotrack desenvolveu um App que pode ser baixado em qualquer celular e faz uma avaliação e monitoramento da memória dos pacientes através do rastreamento das atividades oculares. A Triple W desenvolveu o Dfree — um pequeno device que detecta, através de ultrassom, os movimentos da bexiga dos pacientes para preve­nir incontinência urinária. Outras aplicações para monitoramento de outros órgãos estão sendo estudadas.

Tive também a oportunidade de conhecer um pouco mais o ecossistema de games e plataformas. O Japão é bastante ativo na construção de jogos e conta com a efervescente produção artística de animes e mangas (histórias em quadrinhos e personagens) como pano de fundo. Ficou muito claro que o objetivo final dessas startups é a construção dos Super Apps que começam com jogos ou plataformas de comunicação para angariar usuários e construir efeito de rede, e depois aproveitam a base de usuários para agregar outros serviços (como financeiros e e-commerce) e entretenimento. O maior exemplo no mundo é a chinesa Wechat. No Japão conheci um pouco da história da Pokémon, Gree Inc, Line e Quan Inc.

O summit terminou com um cruzeiro pelo baia de Tokyo, imperdí­vel para quem for visitar a cidade (foto acima).

Arigato Tokyo e até a próxima!

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Laura Constantini
Astella

Co-Founder @ AstellaInvestimentos. Venture Capital. Investor. Entrepreneur. Impact Seeker. We help entrepreneurs master all stages of business development.