Resistência e Persistência: A luta do Togo contra o governo de Gnassingbé

Ana
Asterisk Project
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4 min readNov 10, 2017

O país é governado pela mesma família desde 1967. Desde agosto de 2017, manifestantes vem tomando às ruas exigindo mudança.

Protesto em Togo, 19 de Agosto/2017 — Foto por Farida Nabourema

Togo, um pequeno país da África Ocidental, está saindo as ruas desde agosto desse ano contra o governo ditatorial de Faure Gnassingbé. O pai de Gnassingbé começou a governar o país em 1967 depois de um golpe e ficou no poder até sua morte, em 2005.

Togo, na África Ocidental.

Togo fica entre o Benin, Burkina Faso e Gana, na África. Como muitos países da África Ocidental, o Togo é um país com muita diversidade e que ainda sofre com o legado da colonização e do imperialismo. Independente da França desde 1960, o país de 7.606 milhões de habitantes (2016) é o 166º país na lista do IDH, sendo considerando com índice de desenvolvimento humano baixo.

Fared Gnassingbé, presidente do Togo

Desde a Agosto, uma coalizão de partidos da oposição vem organizando protestos na capital Lomé contra o governo atual. Os manifestantes querem um limite de dois termos por presidente e uma reforma do processo eleitoral. Segundo a constituição vigente, o presidente pode ficar no poder por tempo indeterminado.

Liderados pelo partido Nacional Pan-Africano, a coalizão de 14 partidos organiza os protestos que começaram na capital e hoje já se estendem por 12 cidades do país, segundo a ativista togolense Farida Nabourema. Os protestos são pacíficos. As pessoas saem na rua, quase toda a semana, e marcham contra o governo ditatorial. A resposta do governo tem sido dura. Há relatos de repressão violenta do governo e do exército contra os manifestantes. De acordo com a Anadolu Agency, 15 pessoas foram mortas durante as manifestações desde agosto.

Militares atirando contra manifestantes

As mídias sociais, como em outros conflitos recentes, tem sido um importante suporte para que os manifestantes consigam divulgar a repressão e a violência por parte do governo. As hashtags #Togodebout e #Fauremustgo no twitter se tornaram importantes meios para a divulgação dos acontecimentos no país.

O governo sabe da importância da internet e já fez com que a internet do país fosse desligada dias antes dos protestos marcados. A internet tem tanta importância no conflito que, segundo Farida Nabourema no twitter, o governo tem importado “mercenários cibernéticos” para difundir ideias pró-regime nas mídias sociais.

Resistência e persistência: manifestações semanais

A estratégia da oposição é realizar manifestações todas as semanas, inclusive mais de uma por semana, recentemente. Com a presença de cada vez mais pessoas, as manifestações tem ganhado mais força mesmo com a repressão do Estado aumentando.

De acordo com o Deutsche Welle:

No início da semana, o Governo disse que está aberto ao diálogo com os opositores e anunciou a libertação de 42 pessoas detidas em manifestações anteriores. Os partidos da oposição afirmam que também estão dispostos a dialogar. A líder oposicionista Brigitte Johnson diz que a oposição nunca se recusou a discutir.

Mas nas mídias sociais o clima ainda é de confronto e de mais manifestações. A luta parece que ainda vai continuar, mas Togo permanece resistindo e persistindo.

Estádio de futebol vazio e ruas cheias em mais um dia de protesto

Para acompanhar o que está acontecendo no Togo pelo twitter:

#Togodebout #Fauremustgo

Referências:

Thank you to Farida Nabourema (@Farida_N) for letting me use her tweets and pictures.

Ana Luíza Azevedo, bacharel em Relações Internacionais pela UFRRJ — 11/2017

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Ana
Asterisk Project

Formada em Relações Internacionais pela UFRRJ - Criadora do Asterisk Project.