Projeto do Atados reúne crianças de escola em Botafogo para troca de cartas com funcionários da Queiroz Galvão Exploração e Produção

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5 min readNov 29, 2016

Texto da jornalista voluntária Fernanda da Silveira Magalhães.

Em um mundo dominado pelo digital, escrever cartas pode parecer gesto de saudosismo. No entanto, é isso que acontece desde outubro em encontros quinzenais na Escola Dom Cipriano Chagas, em Botafogo, quando a turma de 3º ano do ensino fundamental I é auxiliada por oito voluntárias e pelas integrantes do Atados, Rosa Diaz e Lolla Angelucci, na elaboração de cartas.

Os alunos concentrados escrevendo as cartas. Foto do voluntário Fernando Tribino.

As crianças, de 8 a 10 anos, escreveram ao longo de 10 semanas para 25 adultos funcionários da empresa Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP) que se voluntariaram a integrar o Projeto Carta e Livro, uma parceria entre Atados e a corporação. O encerramento do projeto, no dia 24 de novembro, foi o ponto alto já que cada participante finalmente descobriu com quem se correspondeu baseando-se somente nas informações contidas nas cartas. Também foi o momento em que as crianças receberam livros de presente dos adultos.

Ana Gabriella, diretora da escola Dom Cipriano Chagas. Foto do voluntário Fernando Tribino.

“O que mais me interessou foi a troca de experiências e o fato de voltar a escrever cartas. As crianças já são alfabetizadas mas quando escrevem normalmente é uma redação ou na internet e whastapp, que é um texto totalmente cortado. É importante elas pensarem em como vão escrever uma mensagem , como se apresentam e o que querem dizer para uma pessoa que não está perto, sem o recurso de carinha e expressão. A primeira vez que os envelopes chegaram, elas nunca tinha recebido uma carta. É uma novidade. Estão adorando e se sentindo importantes”, explicou a diretora da escola, Ana Gabriella Malta, 41 anos.

Rosa, fundadora do Atados no Rio, com uma das crianças da Dom. Foto do voluntário Fernando Tribino.

O Carta e Livro começou como um projeto pequeno entre dez crianças e dez funcionários do Instituto Morungaba, em São Paulo. Foi trazido pelo Atados ao Rio de Janeiro por ser de fácil replicabilidade, ideal para o voluntariado empresarial já que não exige grande disponibilidade de tempo nem presença física e por desenvolver outro contato com a escrita e a leitura, que vai além da obrigação escolar.

“Quando a gente propôs o Carta e Livro para a Queiroz Galvão, que já tinha outras ações focadas em educação, ele atendeu perfeitamente às necessidades do voluntariado empresarial pelos funcionários da empresa. O projeto forma uma conexão e desperta para o trabalho voluntário. E a Dom Cipriano foi a primeira opção de escola porque é muito aberta a novos projetos. Além de ser de fácil acesso, o que, nesse caso, era essencial”, pontuou uma das responsáveis pelo projeto e ex-voluntária da Escola Dom Cipriano, Lolla Angelucci.

Há seis anos, a Queiroz Galvão Exploração e Produção vem realizando campanhas de arrecadação de donativos com os funcionários. Mas foi só esse ano que decidiu elaborar um programa mais extenso que pudesse aproximar os voluntários da realidade de jovens e crianças. Desse momento de amadurecimento da empresa e da crescente conscientização de seu papel cidadão nasceu o projeto em parceria com a Atados.

“Foi um barato voltar a escrever com lápis e papel. No meu caso específico, minha correspondente Wendi se mostrou uma menina cheia de energia, brincalhona e muito inteligente.Trocamos experiências e foi muito emocionante conhecer os correspondentes. Deste primeiro projeto, acreditamos que tiramos combustível para realizar muitos outros no futuro”, comentou a coordenadora de Comunicação e Sustentabilidade da QGEP e voluntária, Rebeca Lussac Kiperman.

Uma das voluntárias da Queiroz Galvão e um menino da Dom. Foto do voluntário Fernando Tribino.

As voluntárias Maryá Francesconi e Maria Campos, ambas universitárias, de 23 anos, chegaram ao projeto pela plataforma e gostaram da possibilidade de trabalhar com crianças. Elas ajudam a desenvolver perguntas com as curiosidades dos pequenos como saber a cor favorita e se gosta da atriz mirim Larissa Manoela. Quando chegam as cartas, são elas também que auxiliam a leitura. Caçar Pokemón, por exemplo, é uma afinidade entre crianças e adultos. Segundo elas, os alunos estão aproveitando a presença das voluntárias e o momento da chegada das cartas mas, principalmente, o fato de escreverem para alguém que não conhecem.

“Estão empolgados e empenhados. A questão é que eles não estão vendo, não sabem quem são, como são. Então isso para eles é muito animador”, revelou Maryá.

Foto do voluntário Fernando Tribino.

A escola

A Escola Dom Cipriano Chagas é uma instituição privada de educação básica voltada para crianças de comunidades da Zona Sul como Santa Marta, Tabajaras e Morro Azul. Ela completa 73 anos recebendo ajuda de benfeitores, pessoas físicas e jurídicas. Contribuições podem ser feitas por meio de trabalho voluntário, doações (dinheiro, alimentos ou itens para venda no brechó do colégio) e parcerias. O custo mensal para apadrinhar uma criança é de R$ 450,00. Atualmente, três instituições patrocinam a escola.

O colégio atende crianças de 3 a 10 anos em período integral e funciona de segunda à sexta-feira, de 8h às 16h30, na Rua Álvaro Ramos, 512.

Alunos e voluntários todos juntos. Foto do voluntário Fernando Tribino.

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