2022: o amanhã depende do aqui e do agora!

Reinaldo Alexander Franco Zaruvni
ateliware
Published in
8 min readJan 11, 2022

Treze anos. Em pouco mais de uma década após a inauguração da App Store (2008), que, no início, contava com 500 aplicativos disponíveis em uma loja virtual – destinados ao recém-lançado iPhone 3G –, o planeta passou da descoberta de que era possível contar com funcionalidades diversas na palma da mão à dependência total de soluções do tipo para várias áreas tanto pessoais quanto profissionais.

Por exemplo, segundo levantamento do Instituto Locomotiva divulgado em abril de 2021, cerca de 11,4 milhões de pessoas no Brasil dependem dessas ferramentas para terem renda, sendo que as duas principais companhias do ramo (Apple e Google) acumulam mais de 4,8 milhões de opções. Tais “programinhas”, destaca artigo da BuildFire, devem gerar US$ 935 bilhões em receita em 2023. Um estudo da Statista destaca que há 3,2 bilhões de usuários de smartphones.

Aliás, em 2010, a American Dialect Society elegeu o termo “app” como a palavra do ano. Bastaram dois anos para que o sucesso da modalidade se confirmasse. Onze anos atrás. Depois disso, quem nasceu em regiões com acesso à tecnologia já não tem ideia do que é viver sem ícones que oferecem, por meio de um simples cadastro, transporte, alimentação e acesso a recursos essenciais para a manutenção do dia a dia, uma característica que determinou o sucesso no mundo pós-pandemia.

Após 2020, de acordo com pesquisa realizada pelo Samba Digital, 45,7% das empresas brasileiras passaram a implementar estratégias de transformação digital em seus processos com o objetivo de se adequarem às demandas de uma sociedade cada vez mais conectada, formada por consumidores e consumidoras que exigem a personalização de suas experiências. Nessa conta entram organizações de todos os ramos, estejam elas incluídas no âmbito público ou privado, envolvidas em atividades cotidianas como educação, compras, entretenimento, saúde e empreendedorismo ou que, indiretamente, exercem impactos cruciais sobre a vida da população.

Se, antes da covid-19 e seus efeitos devastadores, a digitalização de meios e recursos dizia respeito, principalmente, a grandes corporações, hoje tornou-se uma necessidade de toda e qualquer companhia. A 10ª edição do estudo “O Impacto da Pandemia de Coronavírus nos Pequenos Negócios”, encabeçado pelo Sebrae em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas, mostra que seis em cada dez micro e pequenas empresas, que respondem por impressionantes 92% de todos os negócios em atividade do país, experimentaram uma queda de 30% de faturamento na comparação entre 2020 e 2019.

Ou seja, para sobreviverem, esses players precisam garantir maior satisfação de clientes, diminuição de custos, aumento de produtividade e entregas aprimoradas. Precisam da tecnologia como aliada. Precisam da transformação digital, que, a cada dia, fica mais acessível, mais ajustada às necessidades específicas de suas atuações. Entretanto, estamos falando do presente, do aqui. Nesta reta final de 2021, precisamos falar sobre o futuro.

Isso porque nosso ritmo de mudança, definitivamente, não é mais o mesmo. A humanidade levou milhões de anos para evoluir técnicas de caça e coleta. Milhares de anos para desenvolver a agricultura. Séculos para estabelecer a Era Industrial. Décadas para nortear suas ações pela informação. Agora, chegamos a um momento cognitivo, em que tudo se altera constantemente. Devemos priorizar habilidades preditivas, pois as reativas não são suficientes. Portanto, nosso amanhã depende do futurismo, um instrumento sobre o qual falaremos em breve, que favorece as melhores tomadas de decisão e que possibilita a criação do que nos manterá preparados para novos tempos.

Por que não começarmos essa discussão refletindo sobre a bola da vez, o metaverso?

Possibilidades inteiras e profundas

Metaverso é um conceito que completará, em 2022, 30 anos de idade. Em 1992, o escritor norte-americano Neal Stephenson lançou o livro Snow Crash, um clássico do estilo cyberpunk eleito, em 2015, um dos 100 melhores romances em língua inglesa pela revista Time. Nele, Stephenson descreve um ambiente no qual avatares realistas se encontram em edifícios 3D e outros espaços virtuais também realistas – a exemplo do que mostra o longa Matrix, dirigido pelas irmãs Wachowski e lançado em 1999, assim como tantas outras obras inspiradas neste “pontapé” inicial.

Com o passar do tempo, o que era ficção científica começou a sair das páginas de romances e das telas de cinemas. Na busca pelo estabelecimento de um modo de viver totalmente inédito para seres humanos, gigantes da tecnologia passaram a se dedicar a mesclar inteligência artificial, IoT, Blockchain, realidade aumentada e diversos meios de comunicação para a criação de um mundo alternativo que coexista com aquele em que nos encontramos, ampliando-o de tal maneira que a disponibilidade de novas experiências não exija mais do que uma boa conexão com a internet e alguns dispositivos eletrônicos.

Meta (antiga Facebook), Microsoft e Epic Games são três dos principais nomes que, há algum tempo, investem nesse tipo de novidade. Big Techs tornaram a “nova internet”, a Web 3.0, o metaverso, uma prioridade. Isso porque, a partir de sua consolidação, oportunidades de negócios sem precedentes pautarão hábitos de consumo pelas próximas décadas. Afinal, como explica Rapha Avellar em artigo publicado pela MIT Technology Review, “com o metaverso, a aquisição de serviços e produtos, de forma geral, poderá ser realizada em uma experiência completamente imersiva e dinâmica.”

Avellar complementa: “Para as marcas, o metaverso representa a oportunidade de se conectar com as pessoas de uma maneira ainda mais genuína e assertiva. Não se trata de oferecer somente um serviço, ou o famoso clichê da ‘melhor experiência’, mas sim de proporcionar um mundo completo, com possibilidades inteiras e profundas.”

Logo, é necessário acompanhar atentamente a evolução de algo que, por enquanto, não tem forma definida, mas cuja influência sobre todos os aspectos de nossa existência é certa. Quanto a negócios, a adaptação de modelos aos novos cenários determinará a continuidade no mercado. Lembre-se que transformação digital é, acima de tudo, uma mudança de mindset, não apenas uma execução com início, meio e fim. Por exemplo, no setor imobiliário, já existem soluções que permitem a clientes em potencial visitarem imóveis e testar mercadorias sem que saiam de suas casas. Uma vez implementados diferenciais tão grandes, resta a outros seguirem os mesmos passos e, idealmente, aprimorar suas ações. É um caminho só de ida.

Quanto mais antecipada a preparação para novos rumos, mais acertadas serão as decisões no momento em que devem ser tomadas. O amanhã, portanto, começa hoje.

Sua versão 3.0

Mesmo que acompanhar a correnteza da inovação pareça a única alternativa à disposição de quem não detenha recursos assombrosos, a História nos mostra que ideias bem executadas, mesmo que, a princípio, tímidas, são capazes de alterar realidades. Um projeto com potencial de transformar a rotina de uma família, uma empresa ou uma comunidade, que aprimore a qualidade de vida dos envolvidos pelo seu lançamento, já apresenta motivo suficiente para que saia do papel, havendo, também, a possibilidade de que se estenda a mais famílias, a mais empresas, a mais comunidades. Veja o Facebook: saiu dos muros de uma universidade e conquistou o mundo.

De todo modo, objetivos menos ambiciosos não deixam de ser objetivos válidos quando o que está em jogo é o futuro, que depende de ações executadas no presente. Se hoje a empresa de Mark Zuckerberg possui o alcance que tem e, em poucos meses, laboratórios lançaram vacinas para combater uma ameaça mortal (imunizantes que, há poucas décadas, levariam décadas para surgir), nada foi conquistado do dia para a noite. Isso envolveu todo um aprendizado anterior e uma motivação. Graças ao passado, soluções que emperrariam em custos e obstáculos inimagináveis, aos poucos, tornam-se acessíveis a mais pessoas – que detêm o poder de ajustá-las às suas necessidades, necessidades, quem sabe, comuns a outras.

Voltando ao aqui, ao agora, a dezembro de 2021, às expectativas para 2022 e aos sonhos para o além. Ninguém, em 2008, imaginava como seria a vida em 13 anos. Acompanhamos, dia após dia, previsões para 2030, para 2050. Tentamos nos moldar ao que vem por aí. Podemos não ser capazes de saber ao certo quando será o fim da pandemia da covid-19, podemos não ter ideia clara do que será o metaverso, podemos encontrar dificuldades até para implementarmos novas ferramentas em nossas empresas e identificar a real importância de desengavetarmos um plano que pareça essencial a nossas atividades. Existe o medo de que nossas iniciativas não façam sentido em pouco tempo, afinal tudo muda o tempo todo.

Entretanto, nós, como indivíduos presentes em um mundo em constante reconfiguração, mudamos também. Entendemos que experimentar, falhar, aprender e repetir faz parte de quem somos. Por isso, precisamos, mais do que nunca, deixar inseguranças de lado e, ao mesmo tempo em que preservamos aquilo que temos, confiar que está a nosso alcance chegarmos à nossa versão 3.0. Universo, seja qual for, só o é porque nele estamos. Eu, você e tantas outras pessoas dispostas a seguir em frente e a extrair o melhor de tudo o que podem.

“O ser humano manifesta reflexão quando a força de sua alma age de maneira tão livre que ela, no oceano todo de sensações que a inunda por todos os sentidos, é capaz de selecionar, por assim dizer, uma onda, fixá-la, voltar a atenção para ela e tornar-se consciente do que se concentra sobre ela. Manifesta reflexão quando, do flutuante sonho inteiro de imagens que lhe tangem os sentidos, é capaz de recompor-se em um momento de despertar, aplicar-se voluntariamente sobre uma imagem, tomá-la sob uma atenção clara e mais tranquila e ainda selecionar para si alguns traços que constituem, eles sim, nada mais, seu objeto.” (“Tratado sobre a origem da língua”, Johann Gottfried Herder)

Nessa jornada de descoberta e mão na massa, conte conosco. Feliz Natal e próspero Ano Novo. São os votos de toda a equipe da ateliware, guiada por propósitos e valores. Onde você estiver, nós podemos te ajudar.

Referências

Originally published at https://ateliware.com.

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Reinaldo Alexander Franco Zaruvni
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Content Producer formado em Letras ­– Inglês pela UFPR, assina centenas de artigos em diversos sites, como TecMundo e Curitiba Cult. É também editor de textos.