Escopo adaptável: a transformação digital demanda esta flexibilidade

Lana Zonato
ateliware
Published in
7 min readAug 27, 2021

Preço, prazo, qualidade da entrega, conhecimento do mercado. Antes de escolher um fornecedor de tecnologia, você provavelmente irá analisar estes quatro pontos. Mas, há um quinto fator que não pode passar despercebido: o formato do escopo.

No escopo fechado, o valor, prazo, objetivo, requisitos, funções e características são definidos e descritos desde o início do projeto e o desenvolvimento se dará de maneira controlada para que nada saia do planejado.

Já no escopo adaptável temos, valor, prazo, objetivo, requisitos, funções e características definidas e descritas desde o início do projeto, contudo o desenvolvimento estará preparado para definir novos caminhos com agilidade visando alcançar o objetivo mas tendo em mente uma solução que trará resultados a curto, médio e longo prazo.

Em outras palavras, no escopo adaptável você constrói uma solução para o que precisa, e no escopo fechado desenvolve algo que acredita ser o ideal, contudo pode não ser, e vou te explicar o porquê. Atualmente vivemos em um mundo BANI, que é frágil, ansioso, não-linear e incompreensível. Este acrônimo foi criado pelo antropólogo e futurista Jamais Cascio, e traduz muito bem o que aconteceu em todo o mundo com a pandemia de Covid-19. Em poucos meses, pessoas físicas e jurídicas foram impactadas em diferentes esferas e níveis. Suas relações, hábitos e comportamentos foram completamente modificados. Estruturas até então sólidas mostraram-se rígidas e frágeis, incentivando o surgimento de novos modelos de atuação.

Portanto, será que um escopo fechado tem o dinamismo e a flexibilidade necessários para responder às mudanças do mercado e do comportamento do usuário?

Enquanto você pensa nessa resposta, vou te explicar o que é escopo, seus tipos, formatos e como cada um desses funciona quando estamos falando de desenvolvimento de software. Assim, espero te ajudar na hora de escolher o melhor fornecedor de tecnologia e parceiro de negócios.

Tipos: escopo de projeto e escopo de produto

Por definição, o escopo refere-se ao que se pretende atingir, o alvo ou a finalidade que se pretende alcançar no final. Em projetos, sejam estes de desenvolvimento de software ou não é comum encontrarmos uma subdivisão deste: escopo de projeto e escopo de produto. Sendo que:

  • Escopo de projeto é a descrição do trabalho que deve ser feito para alcançar o objetivo final fechado entre as partes, seja ele qual for e está mais orientado ao esforço. Ex.: objetivos específicos, entregas, prazos, custos e etc.
  • Escopo de produto seria o conjunto de características, e trazendo mais para o nosso dia a dia de desenvolvimento de software, seriam os requisitos indispensáveis que o resultado final deve apresentar, ou seja, orientado aos requisitos funcionais. Ex.: tela de login, formulário de inscrição e por aí vai.

Resumindo então podemos dizer que escopo de projeto seria “como” já o escopo de produto “o quê”. Logo, um projeto precisa então destes dois tipos definidos para que seja iniciado.

E agora que já conhecemos os tipos de escopo, podemos entrar no detalhe dos formatos: escopo adaptável e escopo fechado.

Formatos: escopo adaptável e escopo fechado

Quando falamos em formato de escopo devemos nos dar atenção basicamente dois pontos:

  • Grau de descrição e definição dos requisitos do escopo de produto;
  • Flexibilidade e adaptabilidade permitida durante o andamento do projeto em relação aos requisitos pré definidos e também os não previstos.

Um ponto importante é que, tanto o escopo adaptável quanto o escopo fechado não existem sem a definição e descrição dos requisitos. Sem esta declaração, o risco de gerar resultados ineficientes a curto e a longo prazo são altos.

Ok, então esta declaração de requisitos é igual em ambos os formatos? Não. Existem diferentes graus de definição que podemos trabalhar, e esta é uma decisão que deve ser tomada em conjunto, parceiro de tecnologia e cliente, levando sempre em consideração a demanda específica do negócio.

No escopo fechado o nível de detalhamento é altíssimo. Requisitos são descritos e definidos completamente entrando no detalhe micro de cada funcionalidade. A exigência é alta para que o controle de mudanças durante o desenvolvimento seja efetivo. Neste formato não há previsão de aumento do escopo após início do projeto, tudo é meticulosamente pré-definido. O tempo investido nesse formato, antes do início do projeto, é grande devido ao investimento de tempo no detalhamento.

Já no escopo adaptável o nível de detalhamento é macro. Requisitos são descritos e definidos com o objetivo de direcionar o desenvolvimento e alinhar expectativas para que o projeto ao final seja concluído com sucesso. O controle de mudanças neste formato é flexível, ou seja, se identificado a real necessidade de mudança para alcançar o melhor resultado, esta será realizada. Outra visão importante é que neste formato é viável alterar o rumo do produto digital conforme vai conhecendo cada vez mais o mercado e conforme vai testando o produto.

Assim como os métodos ágeis, o escopo adaptável surge como uma alternativa aos processos engessados. Este formato dá agilidade de iniciar o projeto com mais rapidez e exige um acompanhamento constante para alinhamento entre as partes interessadas para que ao final ainda seja entregue o que foi planejado lá no início já com as adaptações realizadas.

Neste formato a palavra da vez é flexibilização e entendimento que algo pode deixar de ser priorizado e poderá ficar para um v2 visto que a v1 precisa de uma funcionalidade não prevista antes do início do projeto.

Qual o melhor formato de escopo?

Responder esta questão é simples, não existe formato certo ou errado, melhor ou pior, mas sim o entendimento que cada demanda poderá se adequar melhor a um formato ou a outro.

Projetos de menor complexidade e com um menor tempo de desenvolvimento, como por exemplo uma integração de sistemas, podem muito bem ser no formato de escopo fechado, pois tendem a ser projetos muito bem definidos e sem muitas surpresas, novas necessidades e mudanças.

De certa forma, o escopo fechado diminui o risco do orçamento extrapolar o esperado. Mas, para que ele funcione na prática, é preciso que o problema e a solução estejam muito bem definidos, já que não existe espaço para mudanças, erros e experimentações. Como vimos, você receberá exatamente o que contratou e definiu, nada a mais e nada a menos. Por isso, recomendamos que você apenas escolha o escopo fechado se tiver muita certeza do que quer resolver e do que precisa para isso.

Projetos de alta complexidade, como por exemplo o desenvolvimento de um novo software, este que terá um tempo de desenvolvimento investido longo, o escopo adaptável pode fazer mais sentido e traz garantias de um produto digital alinhado ao momento de mercado, de costumes do usuário e etc.

É importante então avaliar no detalhe a demanda para tomar a melhor decisão. Lembre que o mundo atual segue se renovando em uma velocidade absurda, onde tudo pode ser diferente em poucos instantes. O que é um sucesso hoje pode já não ser amanhã. Tudo muda e precisa mudar, por isso no desenvolvimento de software é importante estar pronto para flexibilizar a fim de que se possa criar a melhor solução.

Escopo adaptável: modelo de gerenciamento de desenvolvimento de software ágil

Escopo adaptável significa ter a meta de onde se quer chegar muito bem definida e alinhada entre todos os envolvidos. Aqui na ateliware aprendemos, desenvolvendo software, para nós e para nossos clientes, que em projetos complexos a escolha do escopo adaptável resulta em um produto digital de sucesso visto que este está em constante evolução e alinhado às necessidades e expectativas do mundo globalizado.

A escolha do escopo fechado traz rigidez ao processo, e não é compatível com a versatilidade e flexibilidade que o mercado exige atualmente na criação de produtos digitais. Logo, por aqui temos uma visão e predileção de trabalhar de uma maneira mais flexível quanto ao escopo, pois assim garantimos a qualidade da entrega seja ela a curto, médio ou a longo prazo.

Trabalhar com previsibilidade pode assustar em um primeiro momento, mas este tipo de escopo aliado a uma boa metodologia de trabalho terá como resultado o sucesso no desenvolvimento.

As entregas de um escopo adaptável acontecem em ciclos, tal qual as metodologias ágeis exigem. Isso garante resultados de curto, médio e longo prazo. E por falar nisso, para mensurá-los, métricas de desenvolvimento como CFD, Lead Time, Throughput, Monte Carlo, entre outras, podem ser aplicadas. Estas métricas avaliam o ritmo e a qualidade das entregas, assim como o desempenho dos colaboradores.

Com isso, é possível acompanhar de perto todas as etapas do desenvolvimento de software, acrescentar funcionalidades e realizar ajustes sempre que necessário. Num escopo fechado isto não é possível, já que você receberá exatamente o que foi solicitado no contrato lá no início.

O futuro é flexível

Quem não tem muita experiência com desenvolvimento de softwares e produtos digitais, assim como empresas mais conservadoras pode num primeiro momento considerar o escopo adaptável arriscado. Afinal, como garantir que o resultado será atingido?

A suposta “falta de previsibilidade” assusta, contudo, quando entendemos como as variáveis são organizadas no escopo adaptável, percebemos que suas vantagens são muito interessantes a curto e longo prazo.

O resumo é que quando temos um escopo adaptável temos a flexibilidade para acompanhar mudanças do seu negócio, do mercado e dos usuários para no fim desenvolver uma solução que fará sentido a curto, médio e longo prazo.

Ou seja, no escopo adaptável, o caminho a ser percorrido não é uma linha reta e rígida. Os processos são adaptados ao longo da jornada e há uma liberdade maior para mudar de ideia. Assim, fica bem mais fácil chegar à solução ideal — que muitas vezes não é exatamente como você tinha imaginado no início. Além disso, terá em mãos um produto único, fruto de muitos testes e estudos.

Agora, se você ainda está pensando em seguir adiante com um escopo fechado, quero te fazer uma pergunta:

E se a ideia que você tem hoje, evoluir com o passar do tempo? Vale a pena engessar o trabalho da sua equipe e criar um outro projeto? O futuro é flexível. O universo da inovação e da tecnologia é mutável por natureza. Optar por não reagir a estas mudanças, talvez não seja a melhor opção.

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