A beleza no olhar da pessoa pesquisadora

Laís Lara Vacco
Ativamente
Published in
2 min readOct 6, 2019

A pessoa pesquisadora observa as coisas com atenção e mantém certo cuidado na fala. Sabe que a natureza humana é cheia de interpretações tendenciosas que influenciam a forma como enxerga o mundo. Reconhece que o óbvio só existe no mundo dela.

Ilustração baseada no livro Liminal Thinking de Dave Gray.

Olha o outro sabendo que o que ele diz e faz é baseado em suas experiências, teorias e crenças. Percebe que cada um é protagonista da sua história e que o mundo não gira em torno dela — apesar da própria natureza a levar a crer que sim.

Afirmar algo como sendo certo ou errado é um desafio, então ela pesquisa e busca indícios seguros para o momento. Mas sabe que as informações e estudos são válidos somente para aquele recorte de tempo e aquelas variáveis.

Cria hipóteses e busca experimentos para validá-las ou para descobrir algo mais válido. Às vezes quer estar certa, e ainda assim se mantém aberta a mudar e reconhecer seus viéses. Uma hipótese impossível de ser testada não vale a pena ser discutida: admite ser só uma hipótese.

Sabe que o que disser poderá desencadear reações e influenciar os resultados, por isso tenta ouvir mais do que falar e geralmente tem mais perguntas do que respostas.

Sua habilidade essencial é a empatia. (Dentre tanto tipos de empatia, a que me refiro aqui é a empatia cognitiva.)

“A empatia cognitiva é propositalmente descobrir os pensamentos e emoções subjacentes que orientam as decisões e o comportamento de outra pessoa.”
- Indie Young, livro Practical Empathy.

Por isso, não significa que ela “concorde” ou “adote” o que está sendo dito ou visto. Muitas vezes se sente desconfortável com o pensamento da outra pessoa, e trabalha para que isso não a afete. Apenas está ciente daquilo, sem julgar ou expor a sua opinião.

Esse olhar neutro que permite desenvolver empatia é difícil de manter, por isso tenta ter atenção a todo o momento.

Percebe que naturalmente reduzimos a realidade complexa das coisas em pequenas teorias e que o que parece um chão sólido é apenas um pequeno recorte do que nossa atenção foi capaz de captar.

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