O que eu aprendi facilitando meu primeiro Design Sprint na Aurum
Nos últimos anos, parte do meu trabalho como especialista em branding tem sido a facilitação de processos criativos. Por essa razão, não fiquei exatamente surpresa - ainda assim, lisonjeada - quando a Marcela, minha líder, me convidou para facilitar o primeiro Design Sprint da Aurum. Estávamos considerando uma nova estratégia para um produto e esse método parecia ser uma boa maneira de testá-lo.
Design Sprint é, como descrito no site, “um processo de cinco dias para resolver problemas e testar novas idéias”. Inventado no Google, testado pelo pessoal do Google Ventures e popularizado desde que se lançou pro mundo em forma de um livro.
Eu tive a oportunidade de estudar sobre o processo e executar o Sprint em um ambiente seguro. Os líderes que confiaram a mim a missão, realmente confiaram a mim a missão, sem microgerenciamento. Todos os membros da equipe eram pessoas que eu conheço e com quem trabalho. A cultura da Aurum realmente incentiva a mentalidade de teste. Por essas razões, tive uma experiência incrível como facilitadora, e aqui estão algumas dicas que gostaria de compartilhar. Vem comigo! ;)
Como facilitadora
1. Siga o processo
É a primeira vez que você facilita um Design Sprint? Siga o processo! Você tem experiência com muitos outros métodos? Massa! Agora, siga o processo! Eu reproduzi essa conversa na minha cabeça muitas vezes. Antes de iniciar o Design Sprint, se certifique de estar aberta para adotá-lo. Você pode usar seu histórico anterior para ter ajudar em alguns pontos, mas se for sua primeira vez, dê uma chance ao processo.
* Eu poderia dizer “siga o livro”, mas o livro não é mais a única fonte de informação sobre o processo. Confira as referências no final deste artigo.
2. Lembre-se do que uma facilitadora faz
Como facilitadora, você não tem muitas tarefas, mas tem algumas das mais importantes. Eu gosto de lembrar delas como os três grandes Ps: Pessoas, Processos e Problemas. Sobre Pessoas: fique atenta aos níveis de foco e energia das pessoas, crie momentos e espaços para mantê-los em alta. Sobre Processos: fique atenta ao relógio e ao trabalho a ser feito. Você deve ser a única no controle para que todos possam relaxar e criar grandes coisas. Sobre Problemas: tudo o que acontece e de alguma forma prejudica o processo ou as pessoas é sua preocupação. Eu não estou sendo hiperbólica aqui, eu realmente quero dizer TUDO. Se algo pode atrasar ou interromper o processo ou tirar o foco ou a energia das pessoas, resolva logo!
3. Compartilhe a responsabilidade
É muito provável (e importante) que todos na Sprint queiram estar lá e fazer um ótimo trabalho juntos. Para dar certo, cada um tem um papel a desempenhar e você foi escolhida para cuidar dos três grandes Ps, certo? Sim, mas você não deve estar completamente sozinha. Todos na Sprint devem assumir alguma responsabilidade com o P de Processos. Essa é uma conversa importante para ter na segunda-feira, o compromisso coletivo com o processo. Caso contrário, seu Sprint pode parecer um jardim de infância — e você, uma babá exausta.
4. Seja educado, mas firme
Design Sprint é um processo com muitas regras e as pessoas vão tentar barganhar o tempo todo. Elas não vão fazer isso porque são mal intencionadas, elas vão fazer isso porque são seres humanos. Algumas pessoas podem não estar acostumadas com regras, outras podem não estar acostumadas a não co-escrever as regras. É por isso que você deve ser firme! Independentemente de a pessoa com quem você está falando ser o novo estagiário ou o CEO, tenha firmeza e faça aquilo que é indicado pelo método. Isso não significa que você deve ser mandona ou arrogante. Fale pacificamente e explique as razões. Então, faça o que você deve fazer.
5. Cuide-se
A facilitação é um trabalho de entrega, ajuda, é limpar o caminho para outros percorrerem. Se você tem o perfil de uma facilitadora é bem provável que, às vezes, se esqueça de facilitar seu próprio trabalho. Pegue os três grandes Ps e aplique na sua tarefa. Coloque você mesma no P de “Pessoas” e lembre-se de olhar para dentro. Você bebeu água o suficiente? Você está energizada o suficiente para energizar os outros? Você está dando a si mesma tempo de descanso? Se você se deparar com um problema ao olhar para dentro, tente resolver. Se você não puder resolver, informe a sua equipe que você não está no seu melhor dia. Pedir ajuda é difícil para quem está acostumada a ajudar os outros, é também um sinal de maturidade.
Sobre o método
1. Ele funciona
Em tempos de métodos milagrosos com nomes legais, acho importante dizer: sim, funciona. Design Sprint não é um growth-mindfulness-agile-mindset-wow-purpose-enlightenment, é um método com um passo a passo. O livro e todo o material on-line sobre ele servem para ensinar o processo e alinhar expectativas. Há uma boa quantidade de relatos de muitas partes do mundo que nos mostram que você pode executar o Design Sprint em qualquer lugar. Então, vá em frente!
2. Pode ser estranho para algumas culturas
Como brasileira, estou acostumada a falar muito e alto, encostar nas pessoas, argumentar e participar de longas discussões. Design Sprint valoriza o silêncio como uma necessidade para a criação; oferece períodos e formatos específicos para a discussão. Tudo tem um momento e uma maneira de acontecer, exceto o caos. Você conhece o caos criativo? Ele não é convidado para o Design Sprint. Eu não estou te dizendo isso para desencorajar você. Mas se você está prestes a começar um Sprint e sua cultura não é tão sistemática, esteja preparada para experimentar algo novo. Você talvez tenha medo de que todo esse silêncio e a presença de um definidor possam tirar o espírito de co-criação. Eu posso te dizer que isso não acontece. É apenas uma maneira diferente de co-criar.
3. “Nenhum dispositivo” é realmente necessário
Os autores são muito firmes sobre a regra “sem dispositivos eletrônicos”, e eles estão certos em fazer isso. Não apenas o processo do Sprint, mas em qualquer dinâmica ou reunião em que o foco e a criação são essenciais. Tirar os dispositivos das mãos das pessoas vai ser bem penoso no primeiro dia, mas fica melhor ao longo da semana. Eu acredito que as pessoas no fundo querem estar presentes e se desligar do resto, mas elas se sentem culpadas. Culpe o método, culpe o livro, culpe o facilitador e deixe as pessoas livres para se concentrar em uma só coisa, o Sprint.
4. Abrange até sexta-feira
O método do Design Sprint envolve tudo o que acontece desde o objetivo inicial até o final das entrevistas. O que acontece depois das entrevistas? De acordo com o livro, você deve decidir o que fazer e anotar. É um pouco vago, e foi o ponto onde minha experiência prévia como facilitadora e a experiência do nosso decisor como CEO foram mais necessárias. Eu não estou dizendo que é uma lacuna enorme, conseguimos facilmente lidar com isso. Mas, como o livro é muito meticuloso sobre cada pequeno passo, ele pode deixar as pessoas perdidas aqui.
Facilitar o primeiro Design Sprint da Aurum foi um desafio incrível. Me estimulou a estudar algo novo e me ensinou a conciliar conhecimentos que eu já tinha com os desafios de uma primeira experiência. Além disso, conviver em imersão com a equipe de áureos foi super intenso. Por mais que todo mundo já se conhecesse, tivemos a oportunidade de ver mais de perto os talentos de cada um — que são muitos.
Espero que você tenha se sentido estimulada a rodar um Sprint por aí também. Se você tiver alguma outra dica que queira compartilhar, tiver perguntas ou perspectivas diferentes sobre o método, vamos falar sobre isso nos comentários abaixo. :]
Mais conteúdo sobre o Design Sprint:
https://sprintstories.com/23-facilitation-tips-for-design-sprints-34d876aa5317
https://www.youtube.com/playlist?list=PLxk9zj3EDi0X5CgoFckoheIFAx-uT2i7j