EM ALGUM MOMENTO

Arte Escrita
anevasconcel
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3 min readJul 24, 2022

Short writings

Imagem editada pela autora (Original de Pixabay.com)

São constantes os momentos na vida em que chegamos a um determinado espaço e nos encontramos com outros nós, vidas que parecem ser parte de nossa existência desde sempre, ainda que essa possibilidade do conhecer desde sempre, neste aqui e agora, jamais tenha acontecido antes, isso pelos olhos do presente.

Me agrada o pensamento de laços espirituais. Todos nós precisamos encontrar sentido para organizar o inexplicável de alguma forma. Nossa mente é cheia de ideias, ordem, caos, desespero, guerra e paz, estados de ser e sentir que ocorrem de períodos em períodos.

A paz deve ser procurada constantemente porque ela não é uma forma estática, ou um elemento que nos compõe. A paz é algo que está a se mover e a se distanciar, quanto mais distante, mais difícil é alcançá-la, e é assim que às guerras começam. Em certos momentos, a loucura mais coerente é o desgarrar-se de tudo e sair em busca da paz.

Algumas vidas tentam alterar o que acontece ao redor de nossa existência, por meio de táticas, de jogos cujo o único objetivo é derrotar e vencer, como se evoluir fosse vencer através de derrotas terceiras. A maior parte dos seres esquecem da grande ilusão que vivem dia após dia, nada importa, aliás, tudo importa porque o que foi feito estará registrado e definirá o destino futuro, bobagem, para quem é cético em relação aos movimentos do universo.

O caos não se agrada em ver harmonia de ideias entre as existências que ele não aprova, se não for pelo controle e pelo limite permitido por ele, pode haver guerra, sempre há, é o mundo.

O encontro entre seres é uma doença de caos para alguns, que sentem arder as chamas de um perverso fogo dentro de si, e isso pela possibilidade de não ser a vida maior, a vida mais importante, a vida mais desejada, a vida mais aplaudida, a vida mais solicitada. Ainda que lhe seja entregue tudo, ainda assim, não é o bastante, qualquer outra existência de possibilidades destrói sua ideia de “ser” dominante, dono de ilusórios papéis e aplausos.

Em algum momento somos caos, sem exceção. Em alguns momentos somos guerras. Em alguns momentos somos tudo. Em alguns momentos somos nada. Em alguns momentos somos paz. E, no final das contas, o que conta é o impacto causado por cada estado seu, o quanto de fogo foi lançado de si para favorecer a guerra da perversidade.

O que resta para os que evitam a guerra? Apenas sair das cenas obscurecidas por espíritos perdidos, que se alimentam de fantasias maléficas, e iludem com máscaras que são retiradas ao pé da cama. É deixar os movimentos fluírem no palco do universo e seguir por outros caminhos.

O universo abre portas para novas estradas. O que foi cortado, no momento errado, e por vidas caos, terá novas oportunidades em outros tempos, nada vaga para sempre.

Ane Vasconcel, julho de 2022.

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Espaço dedicado a conteúdo literário. Contos de ficção e fantasia, poesias, gotas de horror e um pouco de filosofia e artigos. De: Ane Vasconcel e Anne Twain.