Análise | Bomb Chicken (Switch)

Uma galinha poedeira de bombas em um plano de fuga composto por desafios criativos e visual refinado.

Rafael Smeers
Aventurine Brasil
6 min readJul 15, 2018

--

Art © by Nitrome

Lançado em julho de 2018, Bomb Chicken é um jogo desenvolvido e publicado pela Nitrome, companhia reconhecida por jogos de browser de alta qualidade. Trata-se de um jogo de plataforma em que o jogador assume o controle de uma galinha botadeira de ovos, derrotando inimigos e avançando em uma fábrica. O game não conta com localização para o Português Brasileiro.

Bomb Chicken foi lançado com prioridade de data ao Nintendo Switch, e ainda não foi anunciado para outras plataformas além da Steam e eShop. O jogo tem suporte para somente um jogador e apresenta um único modo (história).

O título não conta com localização para o Português Brasileiro.
Esta análise não contém spoilers.

Enredo

O enredo do título assume o modelo de simplicidade da maioria dos jogos da desenvolvedora. Nas profundezas de uma pirâmide que serve como uma fábrica de alimentos artificiais (denominada BFC) em uma ilha afastada, um totem gera um misterioso ovo azul que origina Bomb Chicken, galinha protagonista da história.

A galinha controlada pelo jogador possui um talento que serve de maldição ao mesmo tempo: pode botar bombas, mas também é danificada por elas e não pode pular ou voar. Essa característica torna a personagem em uma espécie de “escolhida” para uma missão que só se torna óbvia no final do jogo.

Na BFC trabalham desde operários esverdeados e preguiçosos até guardas tribais empenhados, que cultivam vegetais letais ao toque da galinha. Durante sua jornada, o jogador esbarra com várias propagandas que idealizam o consumo dos produtos fabricados na empresa e ofuscam aquilo que verdadeiramente acontece lá dentro.

Não existem múltiplos finais no jogo, e detalhes como o motivo pelo qual tudo acontece ou a origem dos personagens não são revelados. A história da jornada do jogador é composta conforme este completa cada nível e esbarra com pequenos elementos, totens falantes e chefes que defendem a construção. Seria justo dizer que o enredo de Bomb Chicken é simples o suficiente para ser entendido por uma criança, e elaborado o bastante para criar um propósito.

Gameplay

O título oferece três chefões e 29 andares em que o jogador desbloqueia acesso linearmente conforme utiliza os elevadores no final de cada fase. A maioria dos desafios de Bomb Chicken surgem em situações em que o jogador precisa realizar ações rápidas, precisas e ainda assim, cautelosas.

Quando o jogador morre, um de seus corações é utilizado. Na prática, o número de corações representa quantas tentativas o jogador tem naquela fase antes de, em vez de começar do início da tela, ter de começar do começo da fase. Isso pode soar desesperador em alguns momentos, mas moedas coletadas e portas ou baús abertos não voltam para o seu estado anterior.

Para conseguir mais corações, o jogador deve coletar gemas azuis que ficam escondidas pelas fases, para então trocá-las em totens espalhados pelo jogo. O preço varia em cada totem.

Existe um fator que não se trata propriamente de um erro, mas me irrita tanto quanto um. Não existem indicadores prévios de que um caminho específico descoberto é o secreto, e na maioria das bifurcações não é possível retornar e tomar outro caminho. Isso faz com que o jogador seja obrigado a jogar a fase mais uma vez se quiser coletar todas as gemas azuis.

Um dos pontos fortes de Bomb Chicken é a forma com que novos desafios funcionam e são introduzidos. Mesmo com poucas opções de ações, o jogador constantemente encontra novos tipos de desafios, até que esbarra com uma situação em que tem de combinar várias coisas que aprendeu. Isso acontece frequentemente em jogos da franquia Super Mario, e originam um bom ritmo de jogabilidade.

Um dos exemplos são os rastros de refrigerante. Toda vez que uma bomba explode em um desses rastros, uma onda mortal de uma bomba de altura é produzida. Assim, o jogador precisa colocar uma bomba para escapar, produzindo mais ondas e sendo obrigado a se movimentar cada vez mais.

Esse tipo de diversidade se repete nos três chefes do jogo. Cada um deles oferece um tipo diferente de desafio, e exigem que o jogador bole uma estratégia específica para cada situação.

Complexidade

Enquanto os controles do jogo são bem simples, o fato das bombas serem empurradas automaticamente ao encostar do lado delas causa alguns problemas como suicídios inesperados.

Essas frustrações parecem fazer parte do jogo, mas se tornam irritantes quando mecânicas mais específicas começam a aparecer e deveriam ser o verdadeiro teste de habilidade. Existem também corredores em que se o jogador entrar em um momento específico, ele pode acabar frequentemente encurralado por projéteis.

De qualquer forma, só passam por grande parte dessas dificuldades aqueles que quiserem coletar todas as gemas azuis, o único coletável do jogo. Apesar do uso das bombas mudar de função várias vezes, não é muito difícil entender o que deve ser feito.

Por outras palavras, Bomb Chicken não se trata de um jogo complexo, mas exige certa paciência de quem quiser completar tudo que tem a oferecer. Vale notar também que acompra de corações contribui para aqueles que estiverem tendo maiores dificuldades de completar fases específicas.

Audiovisual

Considerando que estamos falando de um trabalho da Nitrome, existem grandes expectativas para o fator audiovisual do jogo. A trilha sonora do título é um pouco repetitiva, mas a atenção dos artistas aos detalhes do cenário e as animações refinadas felizmente dão um toque único para Bomb Chicken.

Fatores como a combinação de cores utilizadas foram muito bem escolhidos, e criam um contraste agradável entre o plano de fundo e o plano de jogo. Os elementos do cenário contribuem para a construção do ar misterioso da BFC, e personagens são curiosamente bem diferentes ao mesmo tempo que não fogem do tema do game.

A iluminação elaborada através da pintura também não deixa a desejar, e em conjunto aos outros fatores, faz do audiovisual de Bomb Chicken um dos motivos para conferir o jogo. Existem certas chances de que você desenvolva um gosto pelo estilo de arte “Nitrome” e procure pelos outros jogos da companhia.

Desempenho

Não houveram explosões, fechamentos inusitados, problemas de frame rate ou quaisquer outras instabilidades durante as jogatinas que deram origem aos relatos dessa análise. O jogo funcionou de modo apropriado e otimizado tanto no modo portátil quanto no modo dock do console.

Análise Bomb Chicken (Switch)

A Nitrome sempre apresentou conceitos criativos através de seus jogos de browser, e poder contar com esse fator em novos jogos de plataformas maiores é um bom sinal. A arte de Bomb Chicken é encantadora e a introdução gradual de novas mecânicas funciona muito bem.

Apesar do título entreter enquanto dura, o final deixa o jogador com uma sensação de “quero mais”. O fato das gemas azuis serem os únicos coletáveis do jogo não contribui para o valor de rejogabilidade do game, e atualizações ou expansões com novas fases seriam mais do que interessantes. Em relação custo-benefício, Bomb Chicken é uma ótima adição ao Nintendo Switch, e reforça que é possível ter boas experiências com o portátil gastando quantias menores de dinheiro.

Se você já jogou um título da Nitrome anteriormente e conhece o estilo de trabalho da desenvolvedora, vai encontrar boa dose de nostalgia e desafio em Bomb Chicken. Por enquanto, resta coletarmos todas as gemas azuis espalhadas pela BFC e torcermos por novidades relacionadas ao título.

Avaliação do jogo segundo o autor da análise: 8/10 — Muito Bom
Texto produzido com cópia digital adquirida pelo próprio autor.

--

--

Rafael Smeers
Aventurine Brasil

ICT, Inbound Marketing & Game Localization | MTB 309683