Prévia | Fallout 76 (PC)

Fallout retorna com premissa survival multiplayer que pode agradar aqueles que procuram por boas aventuras cooperativas.

Rafael Smeers
Aventurine Brasil
17 min readNov 8, 2018

--

Anunciado durante a E3 deste ano, Fallout 76 foi um dos poucos títulos da Bethesda que não foram anunciados para o ano que vem ou até para 2020, uma surpresa não somente por se tratar de um jogo da franquia Fallout, mas de um título multiplayer online com suporte a até 24 jogadores simultâneos. O game será lançado para PlayStation 4 (via PlayStation Store), Xbox One (via Microsoft Store) e PC (via Bethesda.net) no dia 14 de novembro.

Introduzindo melhorias gráficas e novas mecânicas de gameplay ao que foi visto em Fallout 4, Fallout 76 procura posar de nova opção para os fãs de jogos de sobrevivência como Rust, mas aproveitando das características identidade da franquia. Oferecendo opções como o modo pacifista e utilizando slap mechanics (que serão explicadas nesta prévia), o título pode ser a oportunidade que vários jogadores procuravam para explorar com amigos sem ser severamente penalizado no caminho.

Para que o público entendesse melhor o funcionamento do jogo e para que os servidores fossem colocados à prova, foram disponibilizadas sessões B.E.T.A. (abreviação cômica de “Break It Early Test Application”, em Português “Aplicação de Teste Quebre-o Antecipadamente”) para aqueles que realizaram a pré-compra do jogo e seus amigos. Conferimos a experiência e apresentamos nossas impressões nesta prévia.

O título conta com localização parcial (somente texto) para o Português Brasileiro.
Inteiramente dependente de modo multiplayer online.
Esta análise não contém spoilers.

Versão utilizada para a prévia: 0.9.0.15

Enredo

O jogador cria seu próprio personagem e assume papel de um dos moradores da Vault 76 no ano de 2102 (25 anos após a Grande Guerra e antes de qualquer outro jogo da franquia), no dia seguinte à celebração da chegada da data denominada de “Reclamation Day”. A partir deste dia, a saída de todos os moradores da vault seria permitida e a recolonização teria início. Desta forma, cada jogador assume o papel de um colonizador diferente, podendo construir através da tecnologia C.A.M.P., desenvolvida como parte da iniciativa 76.

Como a Vault 76 se encontra na Virgínia Ocidental (também conhecida como West Virginia), Fallout 76 como de costume na franquia é responsável pela introdução de um novo mapa: Appalachia. A região de Appalachia se estende do Norte do Alabama até o Sul de Nova Iorque, completamente englobando a Virgínia Ocidental.

Enquanto os outros jogos da franquia apresentavam uma trama principal, a linha de missões principais de Fallout 76 atua como uma espécie de introdução às mecânicas do jogo e tour pelo mapa. A maior parte das informações da história de Fallout 76 é composta por descrições em telas de carregamento, eventos, terminais, cartas e gravações com dados anteriores à guerra ou de indivíduos que sobreviveram à explosão e tiveram de se arriscar no cenário destruído e ainda radioativo para sobreviver.

A parte mais interessante do enredo fica por conta das famosas lendas urbanas da Virgínia Ocidental, cujas Fallout 76 faz proveito. Denominadas de Tales from the West Virginia Hills, o jogador pode visitar regiões consideradas lar de aberrações misteriosas e conferir suas histórias através de áudios espalhados pelo mapa em formato de holotapes. Inspiradas em relatos reais, elas dão indícios ao jogador de onde ele deve ir se quiser desafiar as bestas. A ambientação por volta destes locais cria bom teor de suspense.

Como o jogo se passa no início do processo de recolonização, não existem facções e cidades como nos outros jogos da franquia. Desta forma, os únicos NPCs presentes em Appalachia são robôs e a grande maioria das missões não envolvem diálogos (mas quando envolvem contam com o bom sarcasmo típico da franquia). A ideia é priorizar a relação entre jogadores, que podem realizar seus próprios acordos e acabar atuando como NPCs mais inteligentes e interativos.

Enquanto inimigos clássicos da franquia estão presentes no jogo, agora existem riscos além de tempestades de radiação e hostis controlados pela inteligência artificial. Durante o processo de recolonização, a disponibilidade escassa de suprimentos inevitavelmente pode resultar em disputas sangrentas entre colonizadores, contextualização utilizada para as funções PvP.

Apesar de bem escritos e interessantes, os textos em cartas, terminais e áudios de holotape se tornam um pouco cansativos ao longo do jogo, principalmente quando se encontram em locais perigosos. Assim, como ponto alto do enredo de Fallout 76 ficam as Tales from the West Virginia Hills e as construções espalhadas pelo mapa, que criam cenários de boa contribuição à imersão aos perigos pós-nucleares.

Gameplay

Como a jogabilidade de Fallout 76 é baseada na mesma vista em Fallout 4, abordaremos as principais mudanças e novidades que distinguem o título entre outros jogos de sobrevivência, caso contrário gastaríamos tempo demais falando de funções comumente encontradas no gênero. Nos próximos pontos abordaremos também possíveis curiosidades de quem não jogou a B.E.T.A..

· C.A.M.P. (Construção)
Começaremos pela forma com que o sistema de construção de estruturas/moradias foi integrada ao jogo. Acessando o Pip-Boy e pressionando Z para posicionar o C.A.M.P. (Construction and Assembling Mobile Platform, em Português “Plataforma Móvel de Construção e Montagem”), o jogador pode construir sua moradia em uma área delimitada.

Enquanto o jogador pode utilizar quick travel gratuitamente para o seu C.A.M.P., alterá-lo de lugar exige o pagamento de uma quantia de caps (tampinhas de garrafa que posam de moeda na franquia) variante conforme a distância da alteração. Enquanto estiver em volta de seu C.A.M.P., o jogador pode construir através de um menu que expõe os materiais necessários para a produção de cada peça, de forma bem similar à vista em Fallout 4.

Em sua moradia, o jogador pode construir bancadas de trabalho que o permitem fabricar, reparar e modificar armas, armaduras, preparar alimentos e medicamentos, criar munição, entre outros. Também é possível desconstruir sucata e outros itens adquiridos ao longo de viagens, além de utilizar um baú pessoal (inacessível por outros jogadores e também disponibilizado em outros locais do mapa) para guardar itens pesados ou que não serão utilizados no momento.

Para construir alguns móveis decorativos, estruturas, bancadas, utilidades e mecanismos, é necessário encontrar planejamentos espalhados pelo mapa. Procurar e conquistar os planejamentos garante ao jogador bons benefícios, como torneiras que permitem adquirir água, ou de objetos de plantação. Os resultados variam conforme as condições do local.

Cada peça tem sua própria barra de durabilidade (“vida”) e pode ser destruída por um jogador ou monstro. Para evitar que a durabilidade das peças caía, é possível construir turrets e barricadas, ou instalar o C.A.M.P. afastado de potenciais riscos. Jogadores podem abrir as portas uns dos outros livremente, tornando o teor de “esconderijo” menos útil no PvP. O C.A.M.P. só pode ser instalado fora (no máximo em torno) de cidades.

Dentro do modo de construção também é possível criar esquemáticas (blueprints), modelos que permitem que o jogador construa estruturas específicas de uma só vez se tiver os materiais necessários. Por agora, ainda não é possível compartilhar esquemáticas com outros jogadores.

Na versão B.E.T.A. foi possível identificar dois grandes problemas envolvendo o C.A.M.P.: o desmantelamento de construções e a dificuldade na hora de posicionar estruturas. Ao mover o C.A.M.P., a construção anterior do jogador deve ser automaticamente salva como uma espécie de esquemática que não exige materiais mas só pode ser utilizada uma única vez. Infelizmente esse “salvamento automático” falhou várias vezes em acontecer, gerando certas dores de cabeça.

O segundo fator surge por fortes restrições na hora de colocar construções (derivadas de esquemáticas ou “salvamentos automáticos”), que impossibilitam o jogador de “fundir” suas construções com objetos do mapa e também não permitem que elas sejam posicionadas de maneira que flutuem. O incômodo é que muitas vezes a construção não está ocupando o lugar de outro objeto e nem flutuando, mas mesmo assim não pode ser colocada. Encontrar um local plano contribui para apaziguar a dificuldade, mas Appalachia é repleta de montanhas e terrenos irregulares.

· SPECIAL (Atributos)
O formato SPECIAL de atributos continua presente em Fallout 76, mas conta com uma nova mecânica importante: as Perk Cards (Cartas de Vantagem). Toda vez que o jogador sobe de nível completando objetivos e derrotando oponentes, lhe é garantido um ponto SPECIAL (até o nível 50). Um total de 15 pontos pode ser distribuído em cada atributo.

Além de garantir os clássicos benefícios passivos ao jogador, cada ponto possibilita equipar uma Perk Card associada àquele atributo. Perk Cards são adquiridas após subir de nível (quando o jogador pode escolher uma carta entre uma variedade específica) e através de pacotes de Perk Cards (que possuem quatro cartas), presenteados ao jogador em níveis específicos.

Algumas cartas só podem ser equipadas ao alcançar um nível específico.

Os benefícios garantidos pelas cartas estão associados ao atributo que requerem para funcionar. Existem desde cartas que diminuem o peso de sucata no inventário, até maestria com armas específicas, resistência radioativa e vantagens em condições específicas. A combinação delas contribui para playstyles diferentes.

Se o jogador conseguir duas Perk Cards iguais, elas são combinadas e originam uma versão mais potente, com o dobro do benefício e o dobro de pontos requeridos para equipar. Enquanto ainda não foi confirmada a possibilidade de redistribuir os pontos, o jogador pode alterar as suas Perk Cards equipadas sempre que quiser.

· V.A.T.S. (Vault-Tec Assisted Targeting System)
A mecânica V.A.T.S. (que permite retardar o tempo e planejar o acerto de áreas específicas do oponente) também está presente em Fallout 76, mas de forma um pouco diferente devido as funções multiplayer do jogo. A função de retardar o tempo, considerada principal serventia do V.A.T.S por alguns jogadores, foi removida pelo fato de que acabaria resultando em passagens do tempo diferentes para cada jogador e geraria diversas complicações.

As principais serventias da mecânica passaram a ser o auxílio à mira do jogador e o ataque crítico, que pode ser utilizado quando a barra CRIT atingir o seu limite. Para que a barra seja preenchida, basta atacar inimigos.

· Mutations (Radiação)
A forma com que a radiação funciona também foi alterada em Fallout 76. Em vez de simplesmente prejudicar os atributos SPECIAL e o limite de vida do jogador, é possível adquirir mutações que funcionam de forma similar aos traits de Fallout: New Vegas, isto é, garantem benefícios e malefícios simultaneamente. Sempre que o jogador leva dano radioativo, existe a chance dele desenvolver uma mutação.

Ao usar itens que removam radiação, por sua vez, o jogador pode perder suas mutações. A adição à mecânica de radiação também resulta na chegada dos Serums (Soros), itens consumíveis que garantem mutações específicas ao jogador, ou removem o lado negativo delas por um tempo limitado.

Alguns dos efeitos de mutações também estão disponíveis em peças de armadura. | Lista por The Vault Fallout Wiki

· Consumíveis Diluídos
Foram adicionados versões diluídas de consumíveis como o Stimpak (utilizado para curar o jogador) e o RadAway (utilizado para remover radiação do jogador). É possível encontrar equivalentes diluídos de consumíveis espalhados pelo mapa, ou produzir os seus próprios através do uso de Purified Water (Água Purificada).

A diferença é que enquanto as versões normais atuam de uma só vez, as versões diluídas atuam de forma progressiva, apesar de também praticamente instantânea. Diluindo os consumíveis, o jogador abre mão do efeito completamente instantâneo, mas dobra a quantidade de itens de cura com os quais pode contar.

· Grupos
É possível realizar um grupo com até 3 jogadores, desabilitando a possibilidade de danificar entre si e garantindo vários bônus compartilhados. Um deles é o compartilhamento de Perks: a cada três pontos de carisma, o jogador pode escolher uma Perk equipada e compartilha-la com seus parceiros de grupo.

Outros dois benefícios são a experiência compartilhada e a “repetição de missões”. Se um dos jogadores já tiver terminado uma missão, mas outro jogador ainda estiver progredindo por ela, o primeiro ainda assim obterá as recompensas se completa-la.

· PvP e Penalidades por morrer
O funcionamento do modo PvP foi uma das maiores dúvidas até o início da B.E.T.A. e tanto agradou quanto desgradou jogadores. Diferentemente do visto em jogos como Rust, Fallout 76 utiliza slap mechanics (em Português “mecânicas de tapa”): os primeiros ataques de um jogador ao outro são extremamente fracos e funcionam mais como uma espécie de “provocação”. Se o jogador atacado atacar de volta, o dano é normalizado.

O uso de slap mechanics funciona como uma espécie de oportunidade para que o jogador que foi atacado por um jogador com equipamentos muitos superiores tenha uma chance de fugir. Se mesmo depois de um tempo o jogador não fugir, o dano é normalizado.

Visto que desta maneira ser “assassinado(a)” por um oponente se torna bem mais improvável, Fallout 76 é uma boa opção para quem não gosta de perder horas de empenho por causa de um jogador mais avançado. Outro fator que diminui consideravelmente a sede de outros jogadores por sangue são as penalidades ao morrer (e desta forma os ganhos por matar).

Ao morrer, o jogador perde uma quantia em caps e derruba toda a sucata que estava carregando. Se desejar, é possível rapidamente retornar ao lugar em que morreu (selecionando o ponto de fast travel mais próximo como para renascer) para recuperar a sucata. Como “premiação” PvP, o jogador derrotado abre mão de parte de seus caps ao vencedor, que se torna procurado (recompensando mais caps) e temporariamente perde direito de slap mechanics.

Se mesmo assim o jogador não quiser arriscar, também é possível ativar o modo Pacifista e desligar toda e qualquer interação PvP. Tratam-se de funções bem interessantes para alguns tipos de jogadores e bem desinteressantes para outros.

Existe também a opção de um PvP um pouco mais diferente, o modo Hunter/Hunted (Caçador/Caça). Para acessá-lo, o jogador deve sintonizar seu Pip-Boy com a estação de rádio Hunter/Hunted e esperar que mais três jogadores façam o mesmo. Quando um total de quatro jogadores fizerem isso, a partida começa e três jogadores (Hunters/Caçadores) devem derrotar o jogador solitário (Hunted/Caça).

· Mísseis Nucleares
Uma das maiores novidades introduzidas por Fallout 76 é o uso de mísseis nucleares. Ao atingir níveis mais avançados, o jogador pode explorar locais mais arriscados em busca de fragmentos de senha de acesso ao controle de lançamento de mísseis nucleares.

Ao obter acesso, o jogador pode escolher um ponto do mapa para atingir com um míssil nuclear. O resultado é um novo cenário devastado e radioativo no local, originando oponentes mais poderosos e mais raros, com recompensas melhores. Ao longo de todas as sessões B.E.T.A. (com progresso salvo), não vimos um míssil ser utilizado nenhuma vez.

· Trocas
O jogador pode realizar trocas com outros jogadores livremente, mas de forma um pouco estranha. A interface de troca é composta pelo inventário de ambos os jogadores, que escolhem disponibilizar itens específicos e o preço deles.

Desta forma, se torna um pouco mais difícil realizar escambo e ambos os jogadores tem de denominar um preço para seus itens. Ainda assim, a função está disponível.

· Mapa
O mapa de Appalachia pode ser acessado pressionando M ou (estranhamente) Esc. Diferentemente do comum na franquia, o mapa é colorido e mais cheio de detalhes e ilustrações.

Por sua extensão e pela limitação do Zoom Out, o mapa completo não cabe na tela inteira.

A localização de todos os outros jogadores fica disponível no mapa e jogadores procurados são destacados em vermelho. O jogador pode pagar caps para utilizar fast travel até locais pelos quais já passou antes.

· Pontos de comando
Espalhados pelo mapa, existem pontos de comando que podem ser conquistados por jogadores para produzir recursos. Cercados por oponentes gerados pelo próprio jogo, raramente um jogador terá de defender por si próprio um ponto de comando que conquistou, apesar de ter de mantê-lo em ordem e frequentemente reparar dispositivos de defesa como turrets.

· Bônus de Ações
Ao realizar ações específicas como dormir e tocar instrumentos com outros jogadores, é possível obter bônus especiais, que em junção aos outros buffs disponíveis no jogo, resultam em uma potencial opção de min-maxing.

Complexidade

A complexidade de Fallout 76 está na obtenção de equipamentos melhores e no aproveitamento mais eficiente possível de Perk Cards, consumíveis e conjuntos em cada situação. Durante a B.E.T.A., não foi possível concluir ao certo qual a origem dos armamentos e armaduras end game (mais potentes do jogo), mas podemos especular que eles virão dos inimigos raros que surgem após mísseis nucleares ou através de fabricações com grande exigência material.

As Power Armors podem ser encontradas ao longo do mapa e adquiridas por qualquer jogador (que se torna “dono” delas e proíbe a entrada de jogadores que não estiverem em seu grupo), que subsequentemente pode melhorá-las com o tempo em uma estação de customização de Power Armor. Mas além da busca pelo poder, também existe uma gama boa de tarefas para os complecionistas.

Em adição à procura de planejamentos para desbloquear novas estações de criação, estruturas e móveis para o C.A.M.P., existem também as Challenges: desafios diários, semanais e relacionados a tópicos específicos como sobrevivência, combate, social e “mundo”.

Ao completar estes desafios, o jogador adquire Atoms, uma moeda que também pode ser adquirida por dinheiro real e tem utilidade na Atomic Shop. Nela ficam disponíveis itens cosméticos como filtros para o Photomode, móveis para o C.A.M.P., gestos, ícones de perfil, vestimentas e skins para armas e para o Pip-Boy, entre outros. Novos cosméticos serão adicionados à Atomic Shop com o passar do tempo.

Assim, além de se distrair por um tempo ao focar em completar os desafios, o jogador também recebe Atoms para trocar por itens visuais na Atomic Shop. Se novos desafios e novos itens cosméticos forem constantemente adicionados ao jogo, trata-se de um entretenimento além da procura de equipamentos e no qual equipamentos mais poderosos podem ser aproveitados.

Audiovisual

Os gráficos de Fallout 76 também são baseados em Fallout 4, mas contam com melhorias nas texturas e, visivelmente, na iluminação. Em nossa experiência, não houveram pop-ups e locais distantes constituíam cenários abertos de forma apropriada. O cuidado com a constituição de ambientes (até mesmo internos) é notável e cada item parece ter sido colocado com cuidado.

Mesmo apesar das melhorias gráficas, o fator audiovisual de Fallout 76 não se distancia tanto do de Fallout 4. A maior parte das diferenças ficam por parte da própria constituição do cenário, visto que Appalachia tem cenários mais diversificados e cores mais vivas do que o mapa de Fallout 4. Um fator que pode desagradar alguns jogadores é a impossibilidade de desligar efeitos pós-processamento, que nem sempre satisfazem todo mundo.

As ambientações Vault-Tec e vintage características da série continuam presentes e como de costume, contam com a contribuição de uma ótima trilha sonora. Take Me Home, Country Roads de John Denver conquistou a atenção de muitos jogadores após constituir o primeiro trailer do jogo.

Mas a música não está sozinha na coleção de bons sons: Wouldn’t It Be Nice da banda The Beach Boys, Ghost Riders in the Sky de Johnny Cash e Ain’t Misbehavin de Fats Waller também fazem parte da trilha. Se o jogador estiver no clima de música clássica também não vai ficar decepcionado, pois uma rádio recheada de músicas clássicas também está disponível.

Desempenho

O desempenho da B.E.T.A. de Fallout 76 foi controvérsia. Apesar de não termos experienciado congelamentos (comumente relatados por vários jogadores), houveram ao longo de nossas jogatinas três encerramentos inusitados e a otimização de uso de recursos ainda tem de evoluir.

Quanto aos bugs, boa parte deles se encaixam em ocorrências comuns em jogos da Bethesda. Enquanto alguns jogadores conseguiram encontrar um exploit que resultava em uma velocidade comicamente alta de andar se o jogo alcançasse framerate alto demais, os que ocorreram no nosso caso foram sem dúvida alguma menos interessantes.

Em resposta temporária ao exploit, a Bethesda limitou o framerate da B.E.T.A. até 63 fps.

O primeiro e mais comum deles está associado ao C.A.M.P.. Ironicamente, enquanto as exigências para o posicionamento de construções são extremas, elas também cometem erros graves no sentido contrário. Em alguns momentos foi possível construir em locais de maneira que a casa “flutuasse”.

Outro problema notável foi alta latência. A Bethesda não disponibilizou servidores sul-americanos para a B.E.T.A. e o lag resultante originou alguns problemas, como a tardia aparição de interfaces de criação e inevitavelmente, dificuldade na hora de acertar inimigos com armas corpo a corpo. Entramos em contato com a Bethesda para tirar dúvidas sobre a disponibilidade de servidores sul-americanos no lançamento oficial, mas não obtivemos retorno.

Houveram também inimigos sem animação e dificuldades em transferir itens para o inventário. Mas o maior bug foi, sem dúvida alguma, um problema grave de renderização que resultou na possibilidade de entrar e “saquear” um local que originalmente requeria Lockpicking 2 para ser acessado.

A reação do Vault Boy garantiu humor único à situação.

Um problema amplamente criticado pelos jogadores foi o chat de voz com microfone aberto por configurações padrão, resultando em conversas paralelas inesperadas e quebra de imersão constante, visto que muitas pessoas não sabiam nem mesmo que seu microfone estava ativado. Não era possível nem mesmo trocar a configuração para push to talk (pressione para falar), mas a Bethesda citou que o problema já está sendo resolvido e não voltará a acontecer no lançamento oficial.

Segundo Todd Howard (diretor e produtor executivo da Bethesda), a B.E.T.A. de Fallout 76 foi realizada pelo intuito principal de descobrir e solucionar erros como estes. Resta sabermos se a versão de lançamento realmente apresentará melhorias quanto aos bugs e problemas de desempenho.

Prévia — Fallout 76 (PC)

Fallout 76 pode ser uma ótima opção para aqueles que procuram por um novo jogo de sobrevivência para jogar com amigos sem interrupções hostis de outros jogadores, mas não deve ser visto como um novo título constituinte da franquia principal. Aqueles que procuravam por experiências similares às de Fallout: New Vegas em Fallout 4 e acabaram se decepcionando ficarão ainda mais insatisfeitos com Fallout 76, visto que o enredo não é o foco principal do título.

O charme próprio da franquia e a quantidade de lugares para explorar no grande mapa de Appalachia são tão animadores quanto os bugs vistos até o momento são preocupantes. Ter de reconstruir sua base no C.A.M.P. todas as vezes devido ao erro no salvamento automático, por exemplo, torna a experiência consideravelmente menos dinâmica.

Se a Bethesda fizer um bom trabalho na solução de bugs e na otimização do jogo, Fallout 76 pode se tornar a melhor opção de jogo de sobrevivência com foco PvE e jogabilidade cooperativa, mas dificilmente satisfará os anseios de antigos fãs da franquia. Por isso, antes de comprar o título, é importante distinguir se você procura por uma boa experiência survival multiplayer PvE ou por um novo conto Fallout.

Análise produzida com acesso B.E.T.A. adquirido pelo próprio autor.

--

--

Rafael Smeers
Aventurine Brasil

Organic Marketing, Neuromarketing & Game Journalism/Localization | MTB 309683