First things first — Quem

Arcéli Ramos
avesso
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3 min readSep 28, 2019

Moda sempre foi o my thing. Aos 3 anos, quando eu fazia curso de modelo e gravava comerciais para uma loja de roupa. Aos 4 anos, quando montei um look, que na época era só estranho, mas hoje a gente chama de Streetwear. Durante todo o Ensino Fundamental quando tinha uma certeza inabalável, tanto que nem pensava muito sobre o assunto, de que meu futuro estava na moda. Em todas as vezes que eu comprei alguma revista e percebi, um parágrafo por vez, que meu desejo era ser a pessoa que havia pensado naquelas palavras. Aos 16 anos quando entendi que poderia ser Jornalista, uma realidade até então impossível e que nem passava pela minha cabeça.

LOOK STREETWEAR EM 1998 (Arquivo Pessoal)

Acabou que não entrei em Jornalismo, mas comecei a estudar Letras — Português e Literatura. Não durei nem 3 meses no curso, mas foi o suficiente para abrir um novo setor de interesse na minha vida. Linguagem. Alguns meses depois, fiquei sabendo que uma faculdade privada da minha cidade estava abrindo um curso de Design de Moda. Lá fui eu realizar o grande sonho.

Puts, não durei 3 meses no curso.

Não que eu tivesse deixado de gostar de moda, mas algo ali não era pra mim. Faltava algo e sobrava muito. O curso de Design de Moda não me vestiu muito bem e eu não fazia o estilo. Acabei percebendo que o caminho seria o Jornalismo e acabei estudando nesta mesma instituição.

Se moda sempre foi meu rolê, o jornalismo também foi. Nossa relação era mais sútil, menos olho no olho e mais cautelosa. Eu não sabia nem que poderia querer ser jornalista. Demorou algum tempo até perceber que poderia, um dia, ser a pessoa com a caneta e o papel em mãos.

Já na faculdade o que importava não era nada daquilo que eu desejava fazer. Aos poucos meu sonho foi desaparecendo para dar lugar ao que era exigido nas rotinas produtivas do curso. Encontrei novos amores também, como o jornalismo literário. Oh a linguagem aí.

Nessa trajetória meio louca, um pouco confusa e várias vezes sem sentido eu demorei pra entender o que poderia fazer com tudo aquilo que me interessava. Nos meus sonhos mais loucos, nunca bastou dar as notícias dia após dia. Queria contar histórias, mas quais? Nunca bastou só falar sobre roupa. Minha relação com moda sempre pediu um pouco mais. Mais história, mais contexto, mais significado, mais linguagem e muito mais gente. E demorou um bom tempo pra entender a falta que eu sentia e, mesmo antes de saber, que precisava ser preenchida. Foi um conjunto de anos, textos, vivências, uma galera e a Thais Farage que eu percebi que não cabe mais falar de moda sem falar sobre GENTE.

Gente de todos os tipos. Da fama ao anonimato — Bjo, Gay Talese -, em passarelas e avenidas. Falar de gente e falar de moda é olhar pro lado e encurtar percursos que antes pareciam impossíveis de percorrer. A moda está no dia a dia. Tá na vida. No banco, na padaria, no escritório, indo para a balada. Está nos grandes conglomerados de moda e também está nas jovens estilistas que lançam pequenas marcas a fim de repensar todo esse universo, seja produzindo de forma sustentável para o meio ambiente e/ou produzindo peças em tamanhos que vistam pessoas reais.

Este espaço, nas nuvens e entre zeros e uns, serve justamente pra isso. Falar de gente e falar de moda. Conversar com pessoas sobre suas vidas, gostos, sonhos, decepções, projetos, músicas favoritas e no meio disso tudo, entender qual o papel das roupas nessa jornada. Afinal, nós — ainda — nos vestimos todos os dias. O que a gente pode entender com todas essas informações que recebemos do mundo, que damos ao mundo e traduzimos em forma de vestir?

Eu sou Arcéli Ramos — @arceelii no Instagram
Jornalista há 1 ano e meio confusa há 25
Além de escrever eu também bordo, faço desenhos estranhos, leio bastante, faço meu skin care todos os dias, ouço música o tempo todo e MUITO podcast, pago boleto e trabalho com Análise de Coloração Pessoal.

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Arcéli Ramos
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