CASO MÉRCIA NAKASHIMA: “Eu tinha plena convicção que eu ia achar Mércia viva”, diz irmão

Ayrina N. Pelegrino Bastos Maués
Ayrina Pelegrino
Published in
3 min readJun 14, 2018

Ayrina Pelegrino — 11/03/2013–15h33

A primeira testemunha a depor no julgamento de Mizael Bispo foi o irmão de Mércia, Márcio Nakashima. Bastante emocionado, ele falou durante cerca de três horas. Antes de ser ouvido, ele pediu a saída de Mizael do plenário. Apesar dos protestos dos advogados de defesa, o pedido foi atendido pelo juíz Jorge Bittencourt Cano. “A verdade real poderá estar comprometida. Não obstante o réu ser advogado e atuar na própria defesa, o mesmo se faz representado por outros três advogados”, disse o juiz.

Márcio Nakashima passou a ser conhecido na mídia pelo empenho na busca pela irmã quando ela desapareceu. No depoimento desta segunda-feira (11/03), afirmou que acreditava que sua irmã havia sido sequestrada e ainda estava viva. “Eu tinha convicção que iria achar a Mércia viva, até o dia em que encontramos o corpo dela. Nós não acreditávamos que Mércia havia morrido.”

Márcio contestou a afirmação da acusação de que sua família hostilizasse Mizael. Segundo Márcio, o réu frequentou a casa da família em várias ocasiões. “Ele fala que foi hostilizado. Isso é uma mentira. Eu até jogava bola com ele”, afirmou, rechaçando a afirmação da defesa de que Mizael se sentia humilhado pela família. Márcio também negou que não gostasse de Mizael por questão de racismo.

O irmão de Mércia contou que parou de falar com Mizael por causa uma arma que o réu deixou sobre uma mesa da casa de praia, quando os filhos de Márcio estavam no local. “A partir desse dia passei a não gostar mais dele, nem falar com ele, mas ele continuou a frequentar os eventos da família”, contou.

Segundo Márcio, o réu teria mudado seu comportamento a partir do segundo ano do relacionamento com sua irmã. ” O que afastou a Mércia do Mizael foi essa postura dele. Ele foi se transformando em um sujeito possessivo e ciumento. Ficava cercando a Mércia, indo na casa dela a toda hora”, disse.

Para o irmão de Mércia, essa foi uma das razões pela qual o relacionamento terminou. A outra foi por problemas relacionados com a sociedade que Mércia e Mizael tinham um escritório de advocacia. Segundo Márcio, Mizael não repassava os honorários à irmã.

“Quando separou o escritório, a Mércia se afastou um pouco e o Mizael nunca aceitou isso”, depõe. “Um dia Mizael chegou [no escritório novo] muito nervoso e chegou a ameaçar ela de morte”, declarou Márcio. Ele nunca aceitou o fim do relacionamento.”

No dia do desaparecimento de Mércia, Mizael ligou para a ex-namorada, ela chegou a desligar o celular para não atender à ligação. “Ele gostava de controlar e isso era uma coisa que me incomodava”, afirmou.

Segundo Márcio, Mizael só parou de ir atrás de Mércia quando ela desapareceu. “Eu cheguei a procurar o Mizael para pedir ajuda porque achei que fosse sequestro, mas ele negou”, disse.

Dois dias após registrar o sumiço da Mércia, seu irmão foi à delegacia em Guarulhos e encontrou o boletim de ocorrência arquivado. Depois disso, a família procurou a DHPP (Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa), em São Paulo. Márcio acredita Mizael pode ter influenciado o arquivamento.

http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/61153/%22eu+tinha+plena+conviccao+que+eu+ia+achar+mercia+viva%22+diz+irmao.shtml

--

--