CASO MÉRCIA NAKASHIMA: “Não tenho dúvida nenhuma de que o Mizael é culpado”, afirma delegado Olim

Ayrina N. Pelegrino Bastos Maués
Ayrina Pelegrino
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4 min readJun 14, 2018

12/03/2013–12h00

Atualizada às 14h20

Por Ayrina Pelegrino B. Maués

A quarta testemunha de acusação do julgamento de Mizael Bispo, o delegado Antônio de Olim, responsável pelas investigações do assassinato de Mércia Nakashima, descreveu os detalhes das investigações que o levaram a apontar o reú e o vigia Evandro Bezerra da Silva como culpados pelo crime.

O delegado autorizou a presença do acusado, que ouviu grande parte da declaração com a cabeça baixa durante o seu depoimento. Olim apontou diversas contradições no depoimento de Mizael sobre o dia do crime. Ele afirma que o rastreador do automóvel e às ligações telefônicas feitas pelo réu mostravam que ele esteve próximo à casa do pai e da avó de Mércia.

De acordo com as investigações, Mizael não sabia do rastreador do carro e, inicialmente, apresentou cinco celulares dele para a polícia, mas através de investigações foi encontrado um sexto celular, que não estava cadastrado no nome do acusado.

Com esses dados o delegado chegou até Evandro, suspeito de ser coautor do crime, pois o endereço do posto de gasolina onde Evandro trabalhou “batia” com o que mostrava o rastreador do carro de Mizael. O réu teria ido mais de 20 vezes em maio, mês do crime, atéo posto. No sexto celular foram registradas 16 ligações para Evandro no dia do crime, 23 de maio.

“Era um telefone ’frio’ que ele usou para falar só com o Evandro, que ele estava premeditando para matar a Mércia”, afirmou o delegado.

Mizael negava conhecer ou ter contato com Evandro. Com a descoberta do sexto telefone ele falou que Evandro fazia “bicos para ele”.

“A partir da descoberta do sexto celular ele parou de parecer um pavão”, disse o delegado sobre o dia em que Mizael foi questionado sobre o telefone “frio” encontrado com contatos de Evandro.

O delegado também afirmou que Evandro desapareceu do posto depois que o carro e o corpo foram encontrados. E que as câmeras do posto nunca pegaram imagens de Mizael no local porque ele estacionava o carro em uma área onde as câmeras não alcançavam.

Quanto as confissões de Evandro, uma em Sergipe e em outra em São Paulo, o delegado apontou que ele não falou toda a verdade. Neles o delegado afirma que Evandro confirmou encontros no posto de gasolina com Mizael e confessou que esteve com o réu por várias horas no dia do crime próximos à casa de Mércia.

“Nós tínhamos todas as provas na mão, o telefone dele [Evandro]não anda sozinho, nós sabíamos tudo o que ele fez no dia, mas ele contou até onde lhe interessava”, afirmou o delegado sobre depoimento de Evandro Olim.

A defesa questionou o delegado sobre as acusações de que houvesse torturado Evandro para que ele confessasse participação no crime, mas ele negou.

“Não vejo nenhuma tortura psicológica (nos DVDs que filmaram o depoimento)”, sobre a maneira com que foi interrogado Evandro, que a defesa alega ter sido coagido a confessar a participação no crime. “Evandro contou “tranquilamente” sobre o plano com Mizael.”

A defesa e a acusação discutiram várias vezes durante o depoimento. O promotor Merli chegou a questionar quando interrompido pelos defensores que discordaram de uma pergunta feita por ele: “Vou ter que explicar de novo para o senhor como funciona o telefone celular?”.

O advogado de Mizael, Ivon Ribeiro, questionou a precisão do rastreador, pois o carro ficou com a ignição desligada, mas mesmo assim, constou que ele estava em movimento, a 4 km/h. A defesa tentou expor as contradições do delegado Olim. “Esse depoimento que o senhor trabalhou não presta”, diz o advogado de Mizael. “Chame um técnico”, retrucou o delegado.

Durante o depoimento do delegado Antônio de Olim, responsável pelas investigações do assassinato de Mércia Nakashima, os advogados de defesa e acusação discutiram sobre a data do vídeo exibido do testemunho do vigia Evandro Bezerra da Silva. “O diabo é o pai da mentira. O senhor é amigo do diabo”, disse o promotor Rodrigo Merli sobre o advogado de defesa Ivon Ribeiro.

“O senhor não conhece o processo e induz todos em erro. O senhor é desleal e mentiroso”, gritou o promotor.
TESTEMUNHA ÔMEGA

O delegado também falou sobre o depoimento da testemunha que viu o carro de Mércia sendo jogado na represa, o “pescador”, que a pedido da defesa foi chamado de testemunha ômega. Segundo Olim, a testemunha contou que uma pessoa desceu do lado do passageiro e empurrou o veículo. Depois subiu e foi em direção ao matadouro.

“Com certeza ele esteve lá e viu. Os detalhes que ele conta, se não fosse ele nunca teríamos achado o veículo”, disse o delegado.

GAROTA DE PROGRAMA

O delegado Olim afirma que uma mulher se ofereceu para ser o “álibi” de Mizael para o crime, dizendo ser a acompanhante com quem ele diz ter passado quatro horas na noite da morte de Mércia. Depois, ela foi espontaneamente à delegacia dizendo que fez uma investigação “por contra própria” sobre o caso e que acreditava que Mizael havia matado Mércia.

“Ele (Mizael) só parou de falar com ela (a prostituta) quando ela entrou em contato com a Divisão de Homicídios, que ele viu que entrou numa fria”, afirmou Olim.

Publicado em:

http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/61181/%93nao+tenho+duvida+nenhuma+de+que+o+mizael+e+culpado%94+afirma+delegado+olim.shtml

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