CASO MÉRCIA NAKASHIMA: “Terra no sapato de Mizael era incompatível com a da represa de Nazaré Paulista”, diz perito

Ayrina N. Pelegrino Bastos Maués
Ayrina Pelegrino
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3 min readJun 14, 2018

13/03/2013–11h57

Atualizada às 13h19

Por Ayrina Pelegrino B. Maués

O primeiro depoimento desta quarta-feira (13/03) foi o da testemunha de defesa Renato Domingos Patoli, perito responsável pelos laudos técnicos do Instituto de Criminalística do estado de São Paulo. Foi ele quem fez a coleta dos sapatos de Mizael, onde foi encontrada a alga semelhante as da represa de Nazaré Paulista. Segundo Patoli, o sapato estava visualmente sujo com terra seca, mas ela não era compatível com a da represa onde o corpo da vítima foi encontrado.

“A quantidade de terra encontrada era pequena, mas dá para afirmar que não era compatível”, disse.

A defesa exibiu um vídeo feito na fase de instrução em que o perito diz que não era possível saber se a terra era similar a da represa. A testemunha se justificou dizendo que elas são visivelmente iguais, mas quando feita a granulação não eram. Segundo leitura feita pela defesa, no laudo consta que o exame foi inconclusivo.

Em entrevista coletiva, o perito afirmou que: “Não tem nada a ver a terra não ser compatível e ele não ter estado na represa. Eu acho que a minha perícia condena Mizael”, complementa Pattoli.

Pattoli também explicou que é impossível afirmar com certeza que havia sangue e partículas ósseas no sapato do réu. “O Luminol é um reagente que diz que pode haver sangue no sapato, mas não posso afirmar que seja sangue, já que o produto também reage com outros elementos com ferro”, afirmou.

O perito defendeu a validade do trabalho feito por ele. “Aonde eu foquei minha investigação [matérias orgânicas] não houve erro”, afirmou. “A única coisa que podia ligar a autoria naquele local é a alga. E a alga foi recolhida”, ressaltou Patolli.

Questionado quanto à reconstituição do crime, Patoli diz que ela foi feita com base no depoimento da testemunha ômega, inicialmente chamado de pescador, mas que na verdade, é um mecânico. “Fiz a reconstituição com o que a testemunha ômega me contava”, disse o perito.

De acordo com a testemunha, o carro estava prejudicado pelo tempo que o carro ficou submerso e pela retirada dele da água, principalmente na parte externa, por isso não foram encontradas impressões digitais. Mas o perito constatou que era necessário pisar na água para empurrar o carro.

A defesa voltou a insistir por que não foi feita a reconstituição dos disparos, o perito disse que não era necessário. “Não me foi pedido isso, eu apenas atendo o pedido da autoridade policial” afirmou Patoli. “Eu não falo o que o delegado tem que fazer. É o contrário”, ressaltou Pattoli. “Mas os dois projéteis foram encontrados dentro do carro. Pela dinâmica dos ferimentos, a pessoa que atirou estava dentro do veículo”, completou.

Questionado pelo advogado de defesa quanto ao número de tiros, o perito não pôde afirmar com certeza que foram apenas dois. “Eu encontrei dois disparos, mas não estou dizendo que foram apenas dois disparos porque a janela do carro do lado da Mércia estava aberta”, ressaltou o perito.

Patoli falou que não conseguiram determinar se houve luta corporal pois o corpo de Mércia estava em avançado estado de decomposição e os vestígios estavam prejudicados. “A área que foi eleita para o disparo foi uma área letal. Mas pela posição dos ferimentos pode se notar que ela esboçou uma reação de defesa. Mas Mércia não morreu pelos tiros. A causa da morte foi afogamento.”

A questão de comentários adicionais por parte dos advogados, em vez de apenas fazerem perguntas às testemunhas, continuou a causar discussões no plenário.

DR. BICUDO

Segundo o biólogo Carlos Eduardo Bicudo, ouvido como testemunha no primeiro dia de julgamento, algas não se fixam na terra e sim em um substrato. Por isso, a terra e a alga encontradas no sapato de Mizael podem ter vindo de locais diferentes.

Publicado em:

http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/61221/%22terra+no+sapato+de+mizael+era+incompativel+com+a+da+represa+de+nazare+paulista%22+diz+perito.shtml

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