Resumo: As Relações De Consumo Na Era Da Convergência De Mídias: Os Novos Rumos Da Publicidade No Patamar Da Participação E Da Interação

Ayrina N. Pelegrino Bastos Maués
Ayrina Pelegrino
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3 min readJun 14, 2018

A sociedade atual vive na era do hiperconsumismo, tudo se torna produto, até as próprias pessoas. No passado, se consumia o que se produzia, depois com a industrialização passou-se a consumir o que outros produziam levando a Sociedade de Consumo. E agora consome-se de tudo e além do que é apenas necessário, para satisfazer um prazer pessoal e social, como o de pertencimento social. As relações de consumo interferiram muito nas mídias e na comunicação mercadológica.

Para Bauman (2008), vai além disso, além de satisfação pessoal passa também a uma vontade de ser um produto vendável. A pessoa se torna um produto. O valor das pessoas passa a estar no seu poder de compra e bens.

Muitos achavam que a internet sobreporia a televisão, mas não, ela converge em um mesmo espaço de tempo. O desenvolvimento tecnológico gerou várias mudanças no dia-a-dia das pessoas e no modo como se era feita a comunicação. Na época de convergência, uma cultura participativa emerge. O celular passa a ser um item de primeira necessidade, estar sempre conectado também. As pessoas são bombardeadas por uma grande quantidade de informações. Além do celular, outros itens como utensílios de cozinha passam a ser essenciais na vida das pessoas. Para Lipovetsky (2007), além da questão do status, também oferece um estilo de vida específico ao consumidor.

Uma das características dessa comunicação é uma sociedade menos presa a mídia em uma questão de fidelidade.

Toffler (1981) cunhou o termo ‘prosumer’ para o perfil do antigo consumidor, que consumia o que produzia. Resultante da palavra produtor unida com consumidor. Com a industrialização separou-se essas duas palavras. Mas agora no século XXI, o prossumidor volta e o consumidor é cada vez mais atraído para o processo de produção. Os consumidores do século XXI se diferenciam dos antigos consumidores por terem acesso a mais informação e comparação de marcas, desenvolvendo um senso crítico maior no processo de compra.

Lewis e Briges (2004) constatam que o envolvimento dos consumidores no produto da mais sensação de autêntico. A maior participação do consumidor na criação e produção o torna um influenciador, ainda mais na era da internet.

Para Jenkins (2006), a convergência é uma palavra que define transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais. E a convergência não é apenas dos meios ela acontece dentro do cérebro dos consumidores individuais e nas suas interações sociais.

Aconteceram transições da modernidade para a pós-modernidade, e agora além de receptores de informação, as pessoas passam a ser emissores de informações também. Essa transição afetou muita a publicidade, que antes produzia conteúdos como comerciais de 30 minutos e as pessoas apenas consumiam, agora as pessoas participam dessa publicidade, comentam, fazem suas próprias versões, a interatividade aumentou e muito.

O crescente desenvolvimento tecnológico está modificando as relações humanas e nelas as relações de consumo. Surgem os tempos da participação e da interatividade, transformando a troca de informações entre público/consumidores. Com mais tecnologias é possível receber e passar informações de mais formas.

Segundo Charaudeau (2006) o público é uma entidade compósita que não pode ser tratado de maneira global. Em primeiro lugar, se diferencia de acordo com o suporte de transmissão: leitores, ouvintes, telespectadores, internautas. Em segundo lugar, pela identidade social, que é uma incógnita para a instância da produção (dificuldade do diálogo direto — que agora ode ser parcialmente sanada com a internet).

O receptor assume papel fundamental e ativo no processo comunicacional. Este mesmo poder dos novos consumidores foi transportados aos hábitos e ao consumo de produtos midiáticos. A indústria midiática já há tempo percebe essa inversão de poderes nos processos comunicacionais e a necessidade econômica de adaptar as antigas formas de fazer comunicação para o consumidor do século XXI, levando em consideração os aspectos tecnológicos e seus impactos nas formas de uso e acesso aos conteúdos e as relações de consumo com os mesmos.

Para Jenkins (2010), o consumo tornou-se um processo coletivo. De acordo com o estudioso a expressão Inteligência Coletiva, cunhada pelo ciberteórico francês Pierre Lévy significa uma alternativa ao poder midiático.

Este novo cenário está permitindo uma renegociação dos papéis entre produtores e consumidores no sistema midiático e como o surgimento da possibilidade de uma reconfiguração das relações de poder.

Jenkins ressalta que o poder da participação do público vem não para destruir a cultura comercial, mas para reescrevê-la, modificá-la, corrigi-la, expandi-la, adicionando maior diversidade de pontos de vista, e então circulando-a novamente, de volta às mídias comerciais.

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