Taxonomia: componente de estrutura lógica essencial na Arquitetura da Informação

Nicole Lima
b2w engineering
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7 min readApr 28, 2021

Na década de 70, Richard Wurman, arquiteto, definiu o termo ‘Arquitetura da Informação (AI)’ em substituição a ‘Information Design’

A Arquitetura da Informação é a prática de decidir como criar um esquema de organização, rotulagem, navegação e busca de forma que fique claro para o usuário, apresentando seu website e como tudo está conectado entre si. Sempre que organizamos um menu, o conteúdo ou estrutura de um site, estamos praticando Arquitetura da Informação.

Lou Rosenfeld e Peter Morville no livro “Information Architecture for the World Wide Web“, enumeraram os principais componentes da Arquitetura da Informação, como:

  • organização esquemática e estruturas (como classificar e estruturar informação): são as categorias em que colocamos informações, tais como nomes de autor e títulos ou tamanho de sapato, tecido e cor;
  • sistemas de rotulagem (como representar informação): por exemplo, os artigos devem usar ambos os termos “optometrista” e “oftalmologista”, ou apenas “oftalmologista” é o mais apropriado?;
  • sistemas de navegação (como os usuários navegam):como nos movemos de um segmento de informação para outro quando essa informação nos é apresentada;
  • sistemas de Pesquisa (como os usuários pesquisam informação): por exemplo, numa caixa de pesquisa, você pode digitar várias palavras para restringir os resultados e aproximar-se dos tópicos que deseja.

A organização esquemática/estrutura e o sistema de navegação estão atrelados à taxonomia e classificação, enquanto o sistema de rotulagem e sistema de pesquisa são voltados para os tesauros/ontologias.

Nesse artigo falaremos um pouco mais sobre o universo que permeia a Taxonomia de um website e em como podemos criar classificações para o nosso sortimento, a fim de proporcionar uma navegação intuitiva para o usuário.

Antes de pensar em criar algo, existem algumas questões importantes que precisamos levar em consideração quando vamos estruturar a taxonomia do sortimento existente, e mapear quais possíveis desafios teremos para o mesmo:

  • como é feita a classificação dessas informações?
  • como apresentamos essas informações no front, dado o que possuímos no back?
  • nessa navegação, existem informações que ajudam o usuário na tomada de decisão de compra?
  • até que nível de especificidade é necessário existir na navegação apresentada para o seu usuário?
  • quem são os seus usuários? Que perfil eles possuem?

Após responder todas essas perguntas, você terá um direcionamento de qual caminho trilhar para oferecer a melhor experiência possível para os seus usuários.

O que é Taxonomia?

A Taxonomia é um vocabulário controlado que corresponde a uma estrutura lógica que auxilia na organização da informação através das relações hierárquicas de equivalência e associação. É a forma que iremos classificar e estruturar a informação. Em um e-commerce de varejo, os produtos comercializados são organizados dessa forma.

Falando sobre o universo do varejo em grandes e-commerces, a taxonomia é utilizada em dois cenários:

1. como controle interno para classificar toda a informação existente, tanto a usada para acompanhamento estratégico, quanto para facilitar na recuperação da informação pelos profissionais internos da Companhia;

2. está integrada na Arquitetura da Informação do Front, viabilizando uma organizando lógica para o usuário, facilitando tanto a compreensão do que está exposto no site, como a recuperação dessa informação pelos usuários do mesmo.

É importante entender a diferença dos mesmos, pois, mesmo que pareçam ser a mesma coisa, os clientes e objetivos de cada um podem, ou não, ser diferentes.

Assim também poderíamos dizer sobre os tesauros. Lembra que iríamos explicar a diferença entre cada um? O tesauro e a taxonomia são vocabulários controlados, porém, o tesauro possui como objetivo ser um grande acervo de controle de termos que se organizam de forma alfabética e relacional, muito usado em ambientes online na indexação e pesquisa.

Já a taxonomia é a organização criada para classificar esses termos em uma hierarquia, com a finalidade de trazer uma categorização, busca e navegação organizadas de forma lógica e funcional.

Pense que, dentre um enorme número informacional, como vamos conseguir mostrar o que precisamos para os nossos usuários? Uma pesquisa da Nielsen Norman Group (empresa americana de consultoria em interface e experiência do usuário) em 2001, mostrou que 27,5% do insucesso das vendas em sites de comércio eletrônico acontece quando o usuário não consegue achar o que procura.

Em um grande e-commerce varejista, em que podemos chegar a ter dezenas de milhares de produtos, pensem em quanto perdemos em venda por não termos uma Arquitetura da Informação estruturada.

A Taxonomia já é conhecida na Biologia, como a classificação da hierarquia de seres vivos, em que, para um filho, o mesmo possui apenas um pai.

Já na Taxonomia nos sistemas de informação, o mesmo existe para criar um esquema de hierarquia de classificação para qualquer tipo de informação, em que, para um filho, o mesmo pode ter mais de um pai.

Através da hierarquia de classificação, conseguimos estruturar nossos dados mostrando como o usuário pode chegar até uma informação específica.

Em grandes varejos, esse conceito de “um filho que pode ter mais de um pai” é expresso na navegação multifacetada. A navegação multifacetada existe para que, independentemente de onde nosso usuário esteja dentro do site, caso um tipo de produto possa estar relacionado a mais de um universo, nós iremos estruturar o mesmo exatamente assim.

Mas, e na prática, como isso funciona?

Pense que no seu site você venda cerveja. Essa cerveja, preliminarmente, já precisará estar em um esquema de classificação hierárquica que faça sentido para o usuário. Caso você possua diversas categorias em que esse produto se encaixe, o mesmo poderá ser classificado na estrutura de navegação dessa forma.

Lembra que falamos que a classificação para organização interna e do menu do site podem ser diferentes? Então, esse caso se encaixa aqui. Para controle interno, não preciso ter um mesmo tipo de produto em mais de um lugar, mas no Front, já que os nossos usuários podem navegar de formas diferentes um dos outros, nós iremos expor esse tipo de produto em ambos os lugares.

Como exemplo, posso ter duas categorias macro: Bebidas e Mercado.

Logo, já que na Arquitetura da Informação eu posso ter mais de um pai para um filho, eu posso organizar da seguinte forma essa categoria:

Imagem 1: Construção hierárquica no departamento de Bebidas para cerveja.
Imagem 2: Construção hierárquica no departamento de Mercado para cerveja.

E para trazer mais especificidade e proporcionar ao usuário uma experiência completa, é possível acrescentar filtros dentro dessa categoria para que o mesmo consiga, de forma prática, tomar uma decisão no sortimento que realmente busca.

Dessa forma, eu consigo criar uma classificação completa para o item e trazer atributos de tomada de decisão de compra para a navegação feita pelo usuário.

Vamos supor que o meu usuário quer comprar uma cerveja pilsen, mas ele só consome marca X. Se eu possuir milhares de produtos ali dentro, consigo diminuir sua jornada e tempo de procura acrescentando apenas uma informação a mais na navegação.

Ficaria dessa forma:

Imagem 3: Construção hierárquica no departamento de Mercado para cerveja. Além da hierarquia existente, foi incluso na navegação um filtro para o atributo “marca”.

A taxonomia em sites de varejo existe para criar “caixinhas” para cada tipo de produto ofertado, fazendo com que qualquer usuário que navegue por ele, possa ter uma trajetória fluida, de fácil compreensão e que o ajude a encontrar o que procura.

Além dessa navegação multifacetada poder ser utilizada diretamente na hierarquia, nós também podemos usá-la criando remissivas para assuntos afins fora dela.

As remissivas são muito utilizadas na biblioteconomia, onde, ao classificar uma determinada obra, eu posso criar formas para que o meu usuário a encontre de maneiras diferentes.

Essas remissivas são feitas de duas formas:

1. remissiva “VER”, que é uma indicação eliminando a forma escrita pelo usuário e a transformando na que foi definida;

2. remissiva “VER TAMBÉM”, que trata-se de uma indicação que amplia as opções de consulta, remetendo a outras informações que façam sentido ser atreladas a anterior.

Imagine que o usuário achou uma obra do Machado de Assis e talvez seja do interesse dele olhar outras obras do mesmo autor. A forma como resolvemos isso é criando remissivas “VER TAMBÉM” para todas as obras existentes.

Já a remissiva “VER” é utilizada para substituir um termo usado. Logo, caso um usuário procure no repositório escrevendo o nome completo do autor que é “Joaquim Maria Machado de Assis” ele poderá ser redirecionado para um “VER” Machado de Assis.

Já no nosso e-commerce de varejo, considerando aquela categoria de cervejas, poderia ser criada uma remissiva “VER TAMBÉM” para copos de cerveja que ficam na categoria de Utilidades Domésticas, por exemplo. Dessa forma, aumentamos ainda mais a exposição dos produtos e criamos correlações de compra dentro do sortimento.

E, não nos deixando esquecer que, a partir do momento que estamos lidando com ambientes digitais, os mesmos possuem ciclos de vida, seja pelo aumento da quantidade de categorias/novos produtos ofertados, como também por oportunidades de exposição de tal hierarquia dado o momento atual.

É importante que a taxonomia do seu site seja viva e sempre revisada e repensada para que esteja de acordo com as necessidades atuais dos seus usuários, para que eles possam usufruir da melhor experiência possível, além de garantir que os produtos existentes na sua base informacional estão sendo encontrados e expostos da forma correta.

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Nicole Lima
b2w engineering

Uma Product Owner apaixonada pelos vocabulários controlados na Arquitetura da Informação