Esgotamento mental no trabalho: quando a mente pede pausa!

Vanessa Mattos
Badico Cloud

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Você já teve um dia em que exigiu muito esforço mental, fazendo decisões ou atividades complexas? Provavelmente você terminou o dia sentindo um certo cansaço mental e quem sabe até exclamou “estou esgotado mentalmente”. Não tenho dúvidas que quando exigimos muito das nossas habilidades mentais, estamos sujeitos a nos fadigarmos, mas não é esse esgotamento mental que quero abordar aqui.

Na verdade, existe um esgotamento mental que nem sempre possui sinais claros, o qual é conhecido em algumas nomenclaturas como Burnout. Na maioria das vezes, é sutil em sua ação e só nos permite dar-nos conta quando já estamos mais a fundo nele. É um esgotamento constante, fisicamente e mentalmente, em que faltam motivações para realizar atividades e até mesmo um desespero ao se aproximar da rotina de trabalho novamente.

Muitos discutem os motivos desse esgotamento mental, mas considero que as raízes que levam os seres humanos à fadiga extrema, a desmotivação no ambiente de trabalho e a sensação de ter atingido o seu limite está muito além de um simples conjunto de fatores. Por mais que possamos elencar tópicos generalizados, a busca por autoconhecimento, ou seja, o mergulho na sua própria história e modo de ser, ainda é a melhor forma de compreender esse esgotamento levando em conta a singularidade de cada ser humano. O autoconhecimento tem sido uma das maiores e melhores formas de prevenção e tratamento para transtornos psicológicos e situações problema.

Demandas que exigem muito

A desmotivação em relação ao trabalho pode auxiliar na sensação de esgotamento: desde ocupar um cargo que não te representa ou deixou de te representar até a realização de tarefas que não lhe trazem motivação para continuar trabalhando, com rotinas que não fazem sentido para você.

Todavia, um dos grandes gargalos do esgotamento mental no trabalho é a prática em ambientes que exigem muito de seus funcionários e geralmente, envolvem estresse relacionado à alta demanda de produtividade, cargos com grandes responsabilidade e ambientes competitivos. O acúmulo de tarefas sobre um único profissional, principalmente para compensar faltas, também é um fator preocupante.

Nem sempre é possível, por situações sociais, rejeitar estar nesses ambientes e nessas condições. Mas é necessário conhecer e estabelecer limites para proteger seu bem estar físico e psicológico.

O corpo fala, mas porque não ouvimos?

“Quando a boca cala, o corpo fala. E quando a boca fala, o corpo sara”

— ADALBERTO BARRETO

A todo momento existem em nós expressões corporificadas daquilo que nos afeta. Mas, por essas expressões muitas das vezes serem espontâneas , — terem sido apreendidas ao longo da vida e estarmos acostumados com elas — passam despercebidas. E por mais que tenham tanto a dizer sobre nós mesmos, não conseguimos identificar. Por que não ouvimos?

Em alguns momentos a escolha é por não querer ouvir e falar sobre. Porque ouvir e falar é lidar com nossas vulnerabilidades. E vulnerabilidade perpassa lidar com as nossas vergonhas: vergonha de não estar dando conta, vergonha de não ser forte o suficiente, vergonha de ter que pedir ajuda, vergonha de estar reclamando sendo que é minha obrigação, vergonha de estar sendo fraco(a), vergonhas e mais vergonhas.

Ao evitar lidar com essas vergonhas, nos acostumamos com a falta de sono, com as alterações de humor e com a irritabilidade. O estresse cotidiano se prolonga e se torna repetitivo, mas suportamos para não querer reconhecer nossa incapacidade humana e nossos limites. O dia ruim se torna uma semana ruim, que se torna um mês e assim por diante.

No começo do texto eu trouxe o quanto esse tipo de esgotamento parece ser visto apenas quando já estamos fundo nele, sabe porque isso? Porque não estamos reconhecendo os sinais que o nosso corpo tem dado enquanto podemos mudar essas coisas e não estamos ouvindo nossas emoções durante as atividades de trabalho.

Precisamos urgentemente ouvir aquilo que dizemos sem palavras. E não é fácil, mas possui uma grande aliada: a comunidade. É em comunidade, ou seja, nos vínculos e nos relacionamentos que temos com outras pessoas que podemos expressar e conhecer quem somos e como temos nos desenvolvido. São nas conversações e nas trocas significativas que nos damos conta de nós mesmos. No contato com o outro nos encontramos.

O esgotamento

O que aqui estamos nomeando de burnout geralmente se expressa pela exaustão física e emocional, o sentimento de desapego, de ineficácia e falta de realização no ambiente de trabalho. Vale ressaltar que é comum que tenhamos momentos profissionais menos motivados e/ou engajados, principalmente quando outros contextos da nossa vida podem estar abalados. Por isso, não é porque sentimos alguma dessas sensações descritas que estamos esgotados. Elas são sinais de alerta para ficarmos atentos ao que nosso corpo e nossa mente precisam.

E tendo em vista que o esgotamento mental não acontece repentinamente, olhar para nossas práticas diárias e buscar mais bem estar no trabalho são práticas saudáveis para evitá-lo.

O que fazer quando percebe o esgotamento?

Acolher essa vulnerabilidade é um passo muito significativo. É reconhecer que não somos super heróis, que não damos conta de tudo e que podemos nos cansar. É quebrar com as exigências da sociedade de que temos que sempre ser produtivos e antenados. É aceitar as vergonhas que esse processo pode lhe causar.

A pausa é um elemento importante, não podemos descartar o quanto ela é benéfica em grande parte dos casos. Todavia, pausar pode significar ter que sair do emprego e nem sempre isso é uma possibilidade viável para todas as pessoas.

Por isso, buscar auxílio para compreender quais os pontos de maior estresse no seu âmbito de trabalho será importante para traçar os rumos desejados, ainda que a pausa não seja uma opção no seu contexto. Isso pois, será possível investigar maneiras de concretizar um descanso para aquilo que lhe aflige. Assim como desenvolver comunicações mais assertivas nas relações de trabalho e conseguir lidar melhor com as próprias exigências.

Pude perceber que muitos dos meus clientes quando percebem um esgotamento em sua relação com o trabalho e não possuem a possibilidade de realizar uma pausa prolongada, optam por desenvolver o bem estar através do lazer e do diálogo. Conversar sobre as aflições e encontrar em uma pessoa próxima, em uma comunidade ou em um profissional da saúde o acolhimento dessas dores e empatia é fundamental para esse processo de autoconhecimento.

Desenvolver o bem estar através do lazer e do desligamento das demandas do trabalho perpassa explorar quem você é sem o trabalho e compreender as coisas que lhe fazem bem.

Espero que esse conteúdo tenha lhe ajudado!

E se você tem passado por algum período de esgotamento mental no trabalho, compartilhe isso com as pessoas que você confia e busque ajuda profissional!

Vanessa Mattos
Psicóloga CRP 12/19336

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