Memória: porque esqueço o que aprendo e como evitar isso?

Vanessa Mattos
Badico Cloud

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Você já teve dificuldade em lembrar algo que estudou no dia anterior? Isso acontece devido um fenômeno chamado “curva de esquecimento”.

A verdade é que não temos como lembrar tudo o que aprendemos. Nossa memória filtra muitas coisas e enfatiza outras de acordo com diversos critérios, como a emoção e o tempo. E o efeito do esquecimento é algo totalmente comum.

Todavia, existem certas coisas que não desejamos esquecer: um novo idioma, assuntos básicos de uma profissão, conteúdos de uma prova ou como tocar um instrumento. Mas é previsto que a depender de algumas condições podemos facilmente esquecer essas e outras informações.

Quem teorizou isso foi o psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus através da ideia da “curva de esquecimento”. Então se você quer entender mais sobre essa teoria e descobrir como melhorar a sua memória, esse conteúdo foi feito para você.

O que é a curva de esquecimento?

A curva de esquecimento proposta por Ebbinghaus, em 1885, descreve que a medida que o tempo passa, esquecemos mais as coisas que vimos ou lemos, principalmente nas primeiras 9 horas após o estudo. Inclusive, os estudos do psicólogo alemão foram replicados diversas vezes e os resultados se mostram iguais.

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Algumas constatações dos estudos de Ebbinghaus:

  • O que estudamos até dominarmos pode ser recobrado por mais tempo.
  • As palavras que aparecem no inicio ou final de uma frase podem ser mais facilmente lembradas.
  • As coisas com sentido para nós podem ser lembradas 10x mais do que as casuais ou sem sentido.
  • A repetição é super compensado e melhorado pela mente, tornando a aprendizagem mais eficaz.
  • Esquecemos mais que 60% do memorizado após 9 horas. E 24h depois esquecemos 2/3 de qualquer coisa que tenhamos memorizado.

Ebbinghaus fez diversos experimentos ao longo do seu trabalho, com o intuito de estudar a memória. E seus estudos tem auxiliado muitas pessoas em técnicas de memorização.

Porque esquecemos?

Nosso cérebro não armazena informações não revisitadas, pois subentendemos que se não está sendo utilizada não é importante. Ou seja, o esquecimento é função natural do cérebro, não significa mal funcionamento ou problemas de memória.

Por isso, a fixação dos conteúdos estudados tem uma queda brusca logo após os primeiros 20 minutos. Posteriormente, essa queda é menor, mas seguimos esquecendo se o conteúdo não for revisado.

Mas então, se é algo natural do nosso cérebro, como podemos reforçar aquilo que desejamos memorizar e aprender?

Dicas para potencializar a memória

Além de constatar aspectos do esquecimento, Ebbinghaus testou também métodos para melhorar a fixação e consequentemente, aperfeiçoar a memória. Entre as dicas temos:

  1. Repetição e revisão:

Quanto mais o cérebro é ativado em torno de uma memória, mais força damos a ela. Ou seja, ter uma constância de revisão dos estudos auxilia muito mais na fixação do conteúdo do que um intensivo de estudos único.

2. Encontrar sentido:

Se torna mais fácil captar uma informação quando o que estudamos faz sentido para nós. Seja por ser algo no qual acreditamos e defendemos ou por ser algo que realmente tem uma linha lógica da qual compreendemos.

Em seus estudos, Ebbinghaus percebeu que tinha muito mais facilidade em decorar uma poesia da qual gostava do que uma lista de palavras aleatórias que constantemente lia.

3. Aplicar o estudado:

Essa dica pode parecer óbvia, mas muita gente pula essa etapa ou não a faz de acordo com o que estudou. Você já leu o manual de algum eletrodoméstico que você comprou?

Se você já leu, vai perceber que existe um passo a passo para cada coisa relacionada aquilo que você adquiriu, desde como ligar, utilizar e até descartar. Mas a maioria das pessoas não segue o passo a passo completamente. Há até quem dê uma olhada por cima e se aventure.

Quando falamos em aplicar o estudado é aplicar conforme o estudado, segundo os passos estudos. Caso contrário podemos até reforçar uma memória errada do uso de algo.

4. Aproximação emocional:

Quando vivemos algo que gera uma emoção temos maior chance de lembrar aquilo que vivenciamos. Isso acontece porque associamos a memória a um sentido corporal.

As histórias que contamos hoje sobre coisas que fizemos ou vivemos no passado são carregadas de emoção. Enquanto outras memórias, que talvez não tiveram uma carga emocional, acabaram se perdendo.

5. Fazer associações

Eu particularmente gosto bastante dessa parte, quando o psicólogo alemão constata que fazer associações auxilia na memória. Isso porque é algo que constantemente eu busco desenvolver com meus clientes em terapia.

Nós estamos sempre fazendo associações. Só que infelizmente, muitas delas são reforços negativos de sofrimentos, coisas desagradáveis e assim por diante. Podendo até se tornarem automáticos. Usar essa valiosa habilidade nossa para criar memórias eficazes é que é o verdadeiro desafio. Ou seja, ligar coisas ou ideias através de traços compartilhados como tempo, lugar, causa ou efeito.

Espero que esse conteúdo tenha lhe ajudado!
Ah, e não se esqueça de revisar para lembrar :)

Vanessa Mattos
Psicóloga — CRP 12/19336

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