Qualidade de vida com a dieta glúten free

Mary Gabriela
Baladasemgluten
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4 min readJan 31, 2017

A entrevista de hoje é muito especial. Conectadas pelo blog através de uma amiga em comum, Giulia Liverani, de 21 anos, é a entrevistada da semana. Recém diagnosticada com a Doença Celíaca e estudante de nutrição, Giulia aceitou o convite para compartilhar conosco um pouco de sua trajetória e as dificuldades que teve de enfrentar na mudança de sua rotina.

Giulia é de São Paulo, capital, mas estuda nutrição em Uberaba/MG na UFTM. Com sintomas típicos e alguns atípicos da DC, Giulia teve contato com a Doença Celíaca apenas no 6º semestre da faculdade em 2014. Foi então que ela passou a suspeitar dos problemas respiratórios frequentes desde a infância, bronquite asmática e rinite, e por isso procurou seu alergista para solicitar os exames sorológicos anti-endomísio e anti-transglutaminase. O diagnóstico? A Doença Celíaca. Conheça abaixo a história de Giulia e confira o bate papo que tive com ela:

Balada sem Glúten:
Como foi o processo para obter o diagnóstico fechado?

Giulia: Desde criança eu apresentava muitos sintomas gastrointestinais e extraintestinais. Os sintomas eram diversos, como: cólicas abdominais e inchaço; flatulência; aftas bucais; ciclo menstrual irregular; ora diarreia, ora constipação; reação ocular (coceira, vermelhidão); dor nas articulações; urticária; fadiga crônica; confusão mental após refeições com glúten; e até mesmo depressão.O processo todo do diagnóstico foi bastante angustiante, pois nesse período eu estava de férias na casa da minha mãe, e logo eu teria de voltar para Uberaba (cidade onde estudo), e tinha receio de não conseguir seguir uma nova dieta sozinha e de não encontrar produtos sem glúten com facilidade. Além disso, o custo dessa nova dieta também me assustava, uma vez que estes alimentos não eram (e ainda não são) tão acessíveis.

Balada sem Glúten:
Qual foi sua reação ao descobrir a DC e o tratamento sugerido? Quais foram as principais dificuldades que encontrou logo depois do diagnóstico?

Giulia: A princípio, minha reação foi muito negativa, devido à minha realidade, enquanto estudante universitária que reside fora da casa dos pais. A questão social também foi mais um fator que me fez reagir de forma negativa, pois eu muitas vezes me excluía quando meus amigos saiam pra comer algo prático (iam numa pizzaria, ou faziam uma festa de aniversário, por exemplo), uma vez que era bem provável que eu não teria nenhuma opção pra me alimentar.

Balada sem Glúten:
Sua família e amigos aceitaram/receberam bem a DC? Compartilhe um pouco de sua experiência.

Giulia: As pessoas que mais me apoiaram foram a minha mãe e meus irmãos, pois eles acompanharam de perto todo o meu sofrimento, desde criança, e perceberam como eu melhorei após a retirada do glúten da minha dieta. Os amigos mais próximos também me apoiaram, pois sabiam das minhas queixas diárias. No início, acredito eu, que muitas pessoas pensavam que eu estava fazendo dieta da moda e que eu queria emagrecer por influência do curso que eu faço.

Balada sem Glúten:
Descobrir a DC enquanto estudava permitiu que você pudesse lidar com mais tranquilidade a DC?

Giulia: Com certeza. O fato de eu estudar afisiopatologia e a dietoterapia da doença celíaca me ajudou muito a seguir a dieta de forma adequada e a entender a importância de fazer o tratamento.

Mas não há pesquisas ou discussões sobre doença celíaca em minha universidade. Durante a graduação eu só ouvi falar sobre a DC em uma disciplina do meu sexto período.

Balada sem Glúten:
Pretende seguir estudando a respeito agora que está se formando? Quais são os seus planos daqui para frente?

Giulia: Sim, pretendo cursar uma pós-graduação em gastroenterologia ou em nutrição funcional, para me especializar na área e atender a esse público com toda a atenção que o mesmo requer.

Balada sem Glúten:
O que de positivo leva daqui pra frente com a descoberta da DC e o que diria para alguém que acaba de receber o diagnóstico?

Giulia: O que eu levo de positivo após a descoberta da doença celíaca é a mudança da qualidade da minha alimentação e a consequente melhora da minha qualidade de vida, pois o que mais me motivou e ainda me motiva a seguir o tratamento a risca, é o fato de não ter mais desconfortos após me alimentar, ou sentir dores e cansaço extremo. Além disso, outro fator positivo foi a atenção e o carinho que as pessoas mais próximas dirigiram a mim, uma vez que sempre conferem os rótulos dos alimentos antes de me oferecer, pensam em me levar a lugares onde eu tenha opções, e sempre se lembram de mim quando encontram produtos sem glúten, me mandam fotos e tudo mais. Hoje, com certeza, sou uma pessoa mais feliz sem o glúten e consigo ter uma vida social normal. Ainda há muito pra se melhorar, no que tange à acessibilidade de alimentos sem glúten, à questão social, entre outros inúmeros fatores, mas eu tenho esperanças de que haja um avanço nas pesquisas, de que os produtos tenham um preço justo, e também que a comunidade de celíacos se fortaleça e lute cada vez mais pelos seus direitos.
A mensagem que eu deixo para alguém que acabou de receber o diagnóstico é que a gente consegue se adaptar a tudo e que não há nada melhor do que ter saúde e qualidade de vida.

Gostou da entrevista? Compartilhe você também sua experiência com a Doença Celíaca e a Sensibilidade ao Glúten não celíaca e conte para nós o que mudou na sua vida depois do diagnóstico! ;)

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Mary Gabriela
Baladasemgluten

Relações Públicas — Especialista em Comunicação Interna. conteudista do “Fantástico Mundo RP”, conselheira do Conferp e Gerente de CS da “SimplificaCI”.