Como criar um inventário de conteúdo com foco em UX Writing

Claudia Casanova
banQi
Published in
5 min readJul 23, 2021

Oi! Como é meu primeiro texto no Medium, quero antes contar que sou UX Writer, faço parte do querido e talentoso time de design do banQi e que há pouquinho tempo a gente criou um canal para compartilhar aprendizados em UX. Minha ideia nesse espaço é trazer exemplos práticos sobre como trabalhamos para formatar produtos e serviços cheios de propósito, voltados à inclusão financeira. Para começar, vou falar como foi criar nosso inventário de conteúdo e como essa documentação tem ajudado a cuidar da padronização e consistência dos nossos conteúdos e escrita.

Logo que entrei no banQi, recebi uma missão básica, porém essencial: definir o melhor jeito de compilar tudo o que está no app e, a partir dali, documentar (de fato) a evolução dos textos na interface dos nossos produtos.

A ideia sempre foi criar um tipo de inventário, o que vale uma breve contextualização para quem nunca ouviu falar disso: em geral, esse tipo de documentação é feita em planilhas e é muito usada para catalogar o conteúdo de sites, especialmente com foco hierarquia, listagem de URLs etc.

Sem ter muita certeza se uma planilha seria a melhor opção para nosso inventário de UX Writing (UXW), comecei a pesquisar se haveria outro formato ou ferramenta que funcionasse melhor. Li muita gente falando da Ditto, testei e gostei do que vi, mas ainda não era bem o que a gente precisava, pelo menos não no momento.

Resolvi então encarar a planilha e, assim, comecei a formatar os campos e a testar o preenchimento do conteúdo. Aos poucos, nosso inventário foi ganhando forma e hoje ele tem mais ou menos esta cara:

Inventário de conteúdo do banQi

Os fluxos foram organizados por abas e divididos não por tribos ou squads, mas considerando as principais funcionalidades e serviços na visão do usuário.

O que a gente mais curtiu nesse formato de documentação:

1. A planilha possibilita uma visão macro dos conteúdos, o que facilita na hora de identificar problemas de padrão em mensagens de erro, botões e outros componentes textuais que integram os diferentes fluxos.

Um exemplo bem prático aqui. Com nosso inventário, ficou mais fácil perceber que um determinado CTA usado exatamente num mesmo contexto (fechar pop-ups) apresentava pelo menos cinco textos diferentes, alguns que a gente nem quer mais usar.

Outro exemplo prático: uma determinada parceria foi descontinuada e, com a planilha, um simples comando de localizar nos ajudou a encontrar essa informação escondida em diferentes fluxos.

Também usamos esse recurso super simples para localizar palavras que não queremos mais usar com nosso público , entre outras possibilidades.

2. O registro das evoluções também é outro aspecto que ganhou pontos com o formato planilha, pois estamos usando o histórico de versões que o Google Sheets tem. Estamos trabalhando mais ou menos assim (exemplo fictício pero no mucho).

Detalhe da funcionalidade de histórico de versões da ferramenta Google Sheets, com versões salvas com nomes como Experiência notificações novo filtro

Um ponto de atenção não só com relação a este tipo de inventário, mas válido para qualquer tipo de documentação: nada fará sentido se o arquivo não for atualizado.

Até o momento consegui manter as atualizações sob controle. Vale considerar, no entanto, que sou a única responsável pelo cadastro de conteúdos na planilha.

Fica, então, a pergunta: será que a planilha vai sobreviver quando a equipe de UX Writers do banQi crescer no futuro (olha o spoiler aí, gente!) ou vamos optar por outro formato de documentação? Só o tempo dirá. Volto a falar sobre o assunto quando houver novidades!

Sobre o uso do inventário, também vale considerar que ele não entrega uma análise prontinha para ser aplicada (sonho que chama?). Como acontece muitas vezes no universo de dados, o olhar crítico e até mesmo criativo são essenciais para que a planilha tenha sentido e possa ser útil em diferentes frentes.

Isso a Globo não mostra

Se você curtiu a ideia de fazer algum tipo de inventário, e achou tudo muito prático até agora, preciso ser honesta e te apresentar um outro lado… Fazer esse trabalho, em geral, pode ser considerado bem chato por muita gente.

Pode ser que a badgeo que eu fiz para merecer isso?” também seja destravada se você, assim como eu, tiver uma quase obsessão por padronizações. Sério mesmo: dediquei um bom tempo só para ajustar padrões que eu mesma não ia cumprindo na hora de cadastrar os fluxos. #risosnervosos

Desculpem-me se mandei um balde de água fria depois de contar a parte boa, mas acho essencial todo mundo saber, não? E vai que você conhece de um jeito muito mais bacana e prático de fazer um inventário de UX Writing. Nesse caso, por favorrrrr, não deixe de me contar!

O mais importante é que no fim deu tudo certo e hoje em dia fico com o coração quentinho quando consulto padrões na minha planilha, pesquiso se um termo é usado com frequência e por aí vai.

Para finalizar, vamos de #glossarioUX e #glossarioUXWriting?

Como tem muita gente querendo migrar de área, vou sempre tentar incluir breves definições de termos que apareceram no meu texto e que fazem parte do dia a dia de quem trabalha com UX. Algumas definições são bem básicas mesmo, mas espero que seja útil de alguma forma!

Inventário de conteúdo: documentação que ajuda a catalogar o conteúdo de um site ou produto digital. Em UX Writing, pode ajudar a identificar a falta de consistência e padrão e a registrar as evoluções de texto.

Padrões e consistência em UX: uma das heurísticas de Nielsen, a consistência pode ser entendida como o uso de convenções e padrões para facilitar a usabilidade de um produto. Na escrita tem a ver com a linguagem e a escolha de palavras dentro de um fluxo, entre outros aspectos. Dica: quer saber um pouco mais sobre heurísticas e consistência? Este vídeo é bem legal.

CTA: sigla para call to action (traduzido como “chamada para a ação”), são os botões e links que o usuário clica durante sua navegação num site ou app. Quer saber como escolher textos para CTAs, aqui tem dicas!

Quer sugerir a inclusão de algum termo que aparece no texto? Vou adorar receber seu contato e atualizar o glossário.

Até a próxima!

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