O canto das saias rodadas

Baque Mulher Joinville
Baque Mulher
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1 min readJun 13, 2017

Tocar Maracatu era coisa de homem. Homem das calças folgadas e honrosas do Brasil. Mulher tinha mesmo era que dançar. Direitinho, é claro. Conforme as notas machistas ecoavam pelas ruas da humanidade. O eco veio e voltou em forma escondida. As rebeldes vestiram calças masculinas e fingiram ser quem nunca foram. Tudo isso para lançar ecos novos em formas de batuque, que escondiam pedidos de liberdade.

O tempo passou e a realidade mudou. Tocar Maracatu virou, então, coisa de ser humano. Qualquer um toca. O Baque Mulher, por fim, foi fundado e espalhado pelo Brasil. Mas, dessa vez, sem calças. Todas usam saias. Saias para reforçar o que um dia já foi escondido. Mulheres podem tocar onde quiserem e quando quiserem. As saias empoderam e carregam traços de uma luta opressora vencida e um espaço conquistado.

Mas hoje, há calças também.
Na verdade, há o que faz bem.
Calças, saias, bermudas e tudo o que uma mulher quiser.
Pois assim é o Baque Mulher: Livre!

Anna Carolina Azêdo, 20, estudante de Jornalismo.

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