A DIMENSÃO DA OFENSIVA EM JOGO [Coluna Mao]

Se por um lado nós temos o constante avanço de um projeto de sociedade neo-fascista perpetrado pelo governo Bolsonaro, por outro temos uma espécie de reavivamento do velho projeto social democrata.

Base Mao
Base Mao
5 min readMay 26, 2021

--

Olá, camaradas!

Bom, de uma forma geral temos percebido que os trabalhadores enfrentam um dos seus maiores desafios. É notório o crescimento da miséria, da inflação e da repressão sistemática contra trabalhadores pobres principalmente em territórios periféricos. A recente chacina do Jacarezinho foi completamente legitimada pelas mais variadas forças que compõem o Estado e a polícia obviamente fez a sua tarefa que é proteger os assassinos estabelecendo o sigilo durante cinco anos dos envolvidos no caso.

O governo segue avançando e desafiando a tudo e a todos com suas inescrupulosas posturas diante das urgências sociais sem esboçar qualquer preocupação com as consequências de suas ações. O único projeto de Estado vigente é o genocídio e nesse ponto não é somente o governo federal o único protagonista. Seria demasiadamente equivocado pensar que a ofensiva reacionária perpetrada pelo governo é a linha de frente deste projeto quando temos por trás todo o corpo burocrático do Estado sendo absolutamente conivente com tais ações apenas esboçando preocupações completamente fraudulentas com relação às posturas ofensivas do atual presidente. Tal plano está para além dos limites do personagem Bolsonaro que logo dará lugar a outro capaz de aprofundar suas políticas genocidas.

Se por um lado nós temos o constante avanço de um projeto de sociedade neo-fascista perpetrado pelo governo Bolsonaro, por outro temos uma espécie de reavivamento do velho projeto social democrata, mais conhecido como progressista ou simplesmente reformista de partidos como o PT, PSOL, PCB, PC do B e tantos outros o que faz com que se perca de vista o problema central que é a luta de classes em suas diferentes conformações ao longo do tempo dando a impressão de que algo de fato está sendo feito contra esta força histórica reacionária. No entanto o reformismo mostra-se como um aliado do fascismo na medida em que vê nele apenas um fenômeno passageiro, ultrapassado e inofensivo do ponto de vista prático e social já que o seu desgaste é permanente e automático gerando mais incertezas que aos poucos acabará por sensibilizar os eleitores de que outra saída é necessária para que se tenha o retorno do crescimento do país sendo esta saída a ala reformista que jura de pés juntos estar mais preocupada com o futuro do capitalismo resguardando suas migalhas para os mais necessitados. Não a toa Lula reencontra FHC.

Este, por sua vez, disse com todas as palavras que o Bolsonaro faz parte do jogo e que é impossível eliminá-lo e que nem deve ser este o nosso interesse ou preocupação. É claro que Lula está corroborando esta tese com sua inescrupulosa política de intensas conciliações com todas as alas possíveis fazendo o seu papel histórico de confundir os trabalhadores para uma política nefasta que aprofundará as contradições determinando cada vez mais os rumos de uma crise cada vez mais intensa.

Desde o golpe de Estado de 2016 o que se tem é a complacência dos setores burocráticos com relação a consolidação do fascismo em nosso país, já que tais setores pensam suas estratégias circunscritas somente no âmbito da luta parlamentar o que historicamente mostra-se absolutamente ineficiente para resolver os principais problemas sociais já que o Estado age em conformidade com a economia de mercado capitalista. Não depende dos partidos e dos seus anseios qualquer tipo de mudança ou concessões e sim do próprio capitalismo enquanto sistema hegemônico que hora tem momentos de bonança, hora tem profundas recessões.

A pandemia nesse caso ganha sobrevida diante das negociatas políticas entre frações absolutamente descomprometidas com a vida, pois se de um lado há o negacionismo, de outro há a completa negação da luta contra uma força que historicamente eliminou tudo o que lhe parece estranho. Essa encruzilhada é de difícil resolução fazendo com que cada vez mais nos distanciemos de qualquer luta efetiva contra este Estado de coisas que se configura como muros de diferentes dimensões que apartam e cercam as forças revolucionárias a tomar suas devidas posições diante da permanente ameaça da fome, da doença e da miséria.

Para agravar o caso temos agora um simulacro que funciona como uma espécie de cortina de fumaça jogando areia nos olhos dos trabalhadores que promete até mesmo prisões de generais mentirosos. A CPI é mais uma dessas articulações muito bem urdidas que são determinantes na oxigenação das relações de dominação, de exploração e de genocídio tendo a frente supostamente parlamentares comprometidos com a verdade, técnicos, objetivos e que prometem investigar à exaustão toda a parafernália desenvolvida pelo governo federal quando na verdade o que temos é uma explicitação gratuita de todas as posturas e orientações dessa ala que nada esconde. Bolsonaro, o exército, as polícias e os segmentos sociais ressentidos nunca esconderam suas vontades de estabelecer uma ditadura menos velada onde se pretende a eliminação direta do outro.

O Estado não vai parar a sua sanha, assim como os militares nem tampouco os empresários e Bolsonaro. Todos são favoráveis a um aprofundamento do golpe de Estado dando lugar aos técnicos da tortura e do genocídio como novamente os únicos protagonistas das decisões políticas já que em última instância quem demanda isso é a própria economia capitalista que enfrenta problemas para resolver suas próprias contradições. Eis a dimensão da ofensiva em jogo. Nesse caso não cabe outra alternativa a não ser recusar de forma peremptória todo tipo de orientação das várias alas da burocracias, seja do Estado ou dos partidos, seja das forças armadas ou de democratas legalistas.

O momento, por mais delicado que seja, impõe coragem para tomar as ruas, radicalizar os processos de luta e encampar lutas que serão cada vez mais graves o que num futuro não muito distante poderá conflagrar confrontos cada vez mais sangrentos. Se hoje morremos por doenças evitáveis, amanhã poderemos correr riscos ainda maiores, mas somente com o esforço das lutas organizadas se poderá emergir um projeto de fato transformador que deve visar a neutralização tanto de forças fascistas como de forças entreguistas que negam a real importância das lutas de classes.

--

--