Nascer do sol

Felipe Felix
Basileia
Published in
4 min readNov 5, 2017

por James B. Jordan

“E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.” (Gênesis 1:16)

Em Juízes 5, verso 31, a profetisa Débora ora, “Assim, ó Senhor, pereçam todos os teus inimigos! Porém os que te amam sejam como o sol quando sai na sua força.” Gênesis 1:14 nos conta que quando Deus fez o sol, Sua intenção era que funcionasse em parte como um sinal. Em Gênesis 1:16, nos é dito que o sol deve dominar sobre as horas do dia. Por todo o Gênesis 1 nós lemos a frase, “houve tarde e manhã”. Então, nos é apresentado a noção que o dia segue a noite, e que o nascer do sol inaugura o período de luz e calor que segue o período de escuridão e frio.

Antes do homem pecar, a escuridão não tinha conotação moral, mas era simplesmente o período anterior ao nascer do sol. No mundo debaixo da maldição, no entanto, a escuridão é um sinal de um período de pecado anterior a vinda do reinado do Messias. 1 Tessalonicenses 5:1–11 utiliza os conceitos de noite e escuridão para descrever estilo de vida do ímpio. A Bíblia também utiliza noite e escuridão para descrever o período do Velho Testamento, antes da vinda do Dia do Senhor. O Novo Testamento enfatiza que o Dia do Senhor chegou, e então o período de adoração é chamado o Dia do Senhor (Ap. 1:10).

Deus revelou Sua aliança a Abraão durante a noite (Gn. 15:12), que era uma promessa de que salvação (liberdade do “grande espanto e grande escuridão (Gn. 15:12)”) viria através de sua Semente. Era exatamente meia-noite quando Deus matou os primogênitos de todo Egito (Ex. 12:29), para que Israel marchasse quando o dia estivesse nascendo. As visões noturnas de Zacarias 1–6 são arranjadas de tal maneira que as duas visões centrais (capítulos 3 e 4), que ocorrem perto da meia-noite, mostrem a obra definitiva de libertação e salvação (de forma análoga à meia-noite da Páscoa); enquanto, a última visão, perto do nascer do sol, indica o reino Messiânico avançando para conquistar toda a terra.

Então, quando Débora ora para que os santos sejam como o sol quando nasce em seu poder, ela está orando por força e pela vinda do Reino de Deus. Assim como o sol rompe sobre o horizonte, com brilho tão intenso que não é possível olhar diretamente, também O Justo e todos os seus justos romperão na cena da história e derrotarão todas sombras da noite.

De onde Débora tira a ideia para essa oração? Da vida de Jacó. Assim como ele estava perto de atravessar para a Terra Prometida, um “homem” encontrou Jacó e lutou com ele toda a noite (Gn 32:22–30). Era o Anjo do Senhor, o próprio Deus, Quem lutou com Jacó. Surpreendentemente, Jacó “vence” a luta, apesar de percebermos que esta foi uma vitória em graça, não em obras. Esta passagem é explicada por Jesus Cristo quando Ele nos diz que o Reino de Deus está inaugurado, e todos os homens lutam violentamente para entrar nele (Mt 11:12, Lucas 16:16). Por toda a sua vida, Jacó desejou herdar a Aliança, e lutou para obter esta benção. Deus aprovou suas ações. Fora Deus quem colocou bloqueios no caminho de Jacó, para testar e aprimorar seu caráter, mas também fora Deus quem deu a Jacó a graça e o poder de perseverar.

Então Deus fere Jacó como um lembrete de que quando nós lutamos com Deus por Sua benção, não é a nossa força que prevalece, mas a Sua graça. Então nós lemos, “E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel.” Logo quando Jacó cruzou a fronteira para a terra da promessa, o sol nasceu. Nós podemos vê-lo mancando pela fronteira, e o sol queimando em seu poder atrás dele, um sinal da força do povo de Deus. O que era a oração de Débora? Que todos os filhos de Jacó fossem como Jacó, verdadeiros Israelitas que lutam com Deus e prevalecem por Sua força, espalhando Seus inimigos.

A oração de Débora foi respondida imediatamente. A história em seguida no livro de Juízes conta que Gideão perseguiu os inimigos de Deus para fora da terra prometida, uma vitória ganha não por seu poder mas pela graça de Deus. Em Juízes 8:13 lemos, “Voltando, pois, Gideão, filho de Joás, da peleja, antes do nascer do sol.” Novamente vemos o vencedor de Deus cruzando para dentro do Reino de Deus, enquanto o sol queima sobre o horizonte atrás dele.

Mais tarde, o Antigo Testamento se refere o nascer do sol diretamente ao rei Messiânico (2 Sm. 23:4) e a vinda do Messias, Jesus Cristo (Is. 60:1–3, Ml. 4:2). De fato, o salmo mais Messiânico, Salmo 22, é dito para ser cantado com a melodia “A Corça da Manhã” (Sl 22: título), que também pode ser traduzida como “a ajuda da aurora”. De qualquer maneira, a noção do nascer do sol está presente, e o salmo, que começa em sofrimento, termina com a vitória do Reino de Deus sobre toda a terra.

Finalmente, Zacarias se refere a criança Jesus como o “Nascer do sol das alturas,” aquele que “iluminará sobre os que estão assentados em trevas e na sombra da morte” (Lucas 1:77–78). Então, somos apresentados ao conceito de que a vida de Jesus Cristo, Sua morte, ressurreição, ascensão, e entronização, constituem a transição definitiva da ira para a graça na história, das trevas para a luz, da noite para o dia.

Esse ensinamento, é claro, implica que o Reino de Deus na era da Nova Aliança crescerá de força em força e encherá a terra.

Texto original: Sunrise

Tradutores: Felipe Felix, Talyta Kim

Revisão: Bruno Pasqualotto Cavalar

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