Sobre a Igreja e o Reino

Bruno Pasqualotto Cavalar
Basileia
Published in
3 min readApr 8, 2017

Tendo recebido um reino [basileia] que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e santo temor, pois o nosso Deus é fogo consumidor. (Hb 12:28–29)

Deus já nos deu a Sua basileia [reino, em grego]. O Pai exaltou o Filho, sujeitando todas as coisas debaixo dos seus pés (Hb 2:8), e o constituiu como cabeça da igreja, o seu corpo, que é a plenitude do próprio Deus (Ef 1:23). Isso fez para fazer convergir em Cristo todas as coisas (Ef 1:10), e dar vida eterna a todos nós que somos o presente do Pai para o Filho (Jo 17:2). Ele nos selou com o seu Espírito Santo, para preparar ao Filho uma esposa santa e irrepreensível (Ef 1:13, 5:27; Ap 19:7–8), e deu à igreja tronos para reinar juntamente com Cristo Jesus (Ef 2:6). Hoje ele nos trouxe ao monte Sião, à cidade de Deus, à Jerusalém celestial (Hb 12:22), para onde os reis da terra trazem sua glória e honra (Ap 21:24). Por isso damos graças ao nosso Deus e Pai, porque Ele nos transportou para a basileia do seu Filho amado (Cl 1:13), e glorificamos o Filho, nosso Senhor, porque nos fez basileia e sacerdotes para seu Deus e Pai (Ap 1:6). Um discípulo de Jesus é um rei em formação.

Nós cremos que o Espírito de Deus trabalha através da pregação e do ensino fiel da Palavra de Deus, através de uma liturgia vibrante, rica e transformadora, e através de uma liderança pastoral corajosa e diligente, para formar a Igreja na imagem da futura cidade de Deus. À medida que igrejas moldadas em Cristo partilham da missão de Jesus no poder do Espírito, o mundo se torna mais e mais como a cidade celestial de Deus.

Muitas igrejas no Brasil são fracas e imaturas, porque ignoram partes inteiras da Bíblia: a lei e os profetas, a poesia bíblica, os evangelhos, o Apocalipse. Nós cremos que o Espírito de Deus não desperdiçou nenhum sopro quando inspirou as Escrituras.

Outras são impotentes porque não permitem que a Bíblia reforme a sua liturgia, no padrão de culto solene e vibrante que Deus ensinou ao povo de Israel. Nós cremos que apenas prestando a Deus um culto aceitável as igrejas formarão pessoas capazes de resistir às pressões do mundo.

Outras ainda, porque não reconhecem o chamado da Igreja de sinalizar a basileia de Deus, iluminando um mundo em trevas com a luz da nova criação. Nós cremos que a Igreja é o centro da cultura, e apenas igrejas avivadas pela Palavra e pelo culto estarão preparadas para ser o instrumento do Espírito para a transformação do mundo.

Bíblia. Liturgia. Cultura. Os três devem ir juntos. Nenhum pode ser negligenciado. Uma fraqueza em alguma dessas áreas necessariamente produz fraqueza nas demais.

A Igreja é o corpo de Cristo, e Cristo não está dividido. Uma Igreja dividida é um anti-evangelho. Jesus orou ao Pai para que fôssemos um, e o Pai não deixará de responder a oração do Seu Filho. Opor-se à unidade da Igreja é opor-se aos propósitos da Trindade Santa. Catolicidade significa reconhecer que evangélicos, católicos, protestantes e pentecostais são todos um só corpo. Nós cremos que catolicidade é um imperativo do evangelho.

Nós sonhamos com um mundo cheio de igrejas que ensinam as Escrituras cristãs como a Palavra de Deus, em todo o seu poder e beleza; igrejas nas quais o povo de Deus canta Salmos, hinos e cânticos espirituais em um culto vigoroso, e comem e bebem juntos todas as semanas ao redor da mesa do Senhor; igrejas que vivem em obediência ao Senhor Jesus e, juntas, praticam disciplina debaixo da liderança de pastores; igrejas cujos membros partilham da missão do Filho e do Espírito de anunciar e dar forma à cidade de Deus, uma cidade de paz, justiça e amor; igrejas locais que trabalham pela unidade da Igreja e enxergam a graça de Deus em toda a tradição cristã, manifestando visivelmente a unidade do Pai e do Filho, porque somos um só corpo.

Somos inspirados pelo trabalho do Instituto Theopolis. Trabalhamos também na página do Instagram @pensarcristao. Recomendamos a publicação Lecionário para enriquecer a liturgia das igrejas e fortalecer grupos de discipulado através das Escrituras.

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