O que é Distúrbio Específico de Linguagem?

Baú da Depressão
BauDaDepressao
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4 min readJun 25, 2019

Bom dia pessoas,

Como todos já sabem e estão carecas de saber… tenho uma filha de 5 anos. Ela veio de uma forma surreal. Eu morava em outro estado no norte do país e era responsável por um condomínio que tinha cerca de 48 apartamentos. Uma moça me ligou e disse que tinha interesse de alugar um dos apartamentos e me deixou o nome e que retornaria em outra hora. Nunca mais me retornou. Mas com essa ligação e olhando seu nome, vi que o nome e sobrenome dela era igual ao de uma amiga que eu tinha a muito tempo atrás na cidade que vivia e que estou atualmente.

Resumo da história, procurei essa minha amiga em uma rede social apenas para contar que havia conhecido uma pessoa com o mesmo nome dela, e que lembrei dela depois de muito tempo.

Resultado?

Vim para cidade e alguns meses depois estávamos casados e o fruto disso foi nossa filinha hehe. Ninguém acreditou que naquele lance tão rápido estaríamos até hoje juntos, casados. História legal.

Voltando ao assunto…

Essa filhinha nasceu. Como todo bom depressivo sempre achei que nunca conseguiria ter um filho, ainda mais que ele fosse saudável mas para minha surpresa ela nasceu, saudável hehe.

Tudo ia bem até que notamos que com cerca de 1 ano e alguns meses ela não conseguia falar, ou "emitir algum som que desse para entender o que ela queria", ou seja, não conseguia se comunicar! Outras crianças que nasceram na mesma época, já falavam algumas palavras fáceis como “mamãe, papai” e ela? NADA.

Com isso resolvemos investigar e foi ai que começou nossa saga. Levamos ela em uma neuropediatra e veio o choque, para essa doutora minha filha tinha autismo. É o fim do mundo? Não. Mas resolvemos ir mais a fundo, pois minha filha interagia bem com outras crianças, fazia tudo que outra criança fazia, muitas vezes ela era mais inteligente que as outras, porém? Não falava.

Nisso, iniciamos tratamento com fonoaudióloga e também entramos com a papelada pelo SUS para conseguirmos gratuitamente.

Fizemos na capital do estado exames em um hospital que é referência. Todos exames com resultados normais, inclusive os de audição e de atenção. Também fizemos exames cerebrais, e NENHUMA ALTERAÇÃO. Já não sabíamos o que fazer, ela tinha tudo pra falar e não falava.

Todos dias procurando uma solução para esse "problema", minha esposa achou um médico em Porto Alegre, que inclusive tem livros publicados, sujeito bem renomado no ramo. Uma consulta com ele custava na época R$700,00 era nossa ultima opção. Fizemos uma vaquinha, juntamos daqui e dali e conseguimos ir.

Resumo, conhecemos a sigla D.E.L.

Esse atraso é um quadro denominado de Distúrbio Específico de Linguagem (Specific Language Impairment, SLI), ou seja, aparentemente a criança possui todas as condições de desenvolver a linguagem e a fala, mas este desenvolvimento não ocorre conforme o esperado.

Não existe muito o que ser feito para esse quadro, mas mantivemos firmes no tratamento com a Fonoaudiologa, e como bons brasileiros esperamos também o SUS chamar ela (Depois de 3 anos, acreditem, demorou isso!) e hoje mesmo com algumas dificuldades ela tem uma vida normal. Vai para uma escolinha pública, é esperta, conversa, faz a gente dar risada e entendemos 80% de tudo que ela fala.

A dica que eu posso dar é:

NÃO ACHEM NORMAL O ATRASO DA FALA. Não se guiem em crenças populares que a criança é preguiçosa e coisas do tipo. Procurando o tratamento adequado estarás facilitando todo processo de vida do seu filho. A comunicação é essencial para o processo de evolução de uma criança, não dê mancada! Veja abaixo, os indicativos que seu filho pode ter DEL.

Sinais indicativos de um Distúrbio Específico de Linguagem:

  • Apresentar sérias dificuldades para aprender a leitura e escrita — transtornos de aprendizagem;
  • Se há problemas semelhantes na família;
  • Dificuldade para compreender piadas, duplo sentido;
  • Não conseguem relatar fatos, recontar uma história;
  • Pode aparecer disfluências, como hesitações, repetições de silabas e de palavras (sinais parecidos com uma gagueira);
  • Vocabulário restrito — dificuldade para aprender novas palavras;
  • Fala ininteligível — os familiares não conseguem entender o que a criança está falando;
  • Dificuldade na organização seqüencial das palavras nas frases (inverte a ordem das palavras);
  • Flexionamento verbal e nominal ausente ou inadequado;
  • Presença de alterações morfossintáticas: não consegue estruturar adequadamente uma frase, dificuldade com verbos, preposições;
  • Presença de alterações fonológicas (troca de sons na fala);
  • Dificuldade em combinar palavras para formar frases;
  • A compreensão pode ser normal ou pode estar alterada;
  • O aparecimento da fala é lento ou atrasado;

De resto, o que precisarem de ajuda deixem nos comentários!

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Aqui falo um pouco sobre minha nada mole vida depressiva. Sinta-se a vontade.