Kovac não é o único culpado, mas tornou sua permanência insustentável
Neste domingo, 03/11, o Bayern de Munique comunicou em nota oficial a despedida de Niko Kovac da equipe bávara. Segundo a nota, a decisão foi feita em conjunto, e de total acordo, por Rummenigge, Hoeness, Salihamidžić e o próprio Kovac. Porém, segundo membros da imprensa alemão, tanto Niko, quanto seu irmão Robert, “entregaram seus cargos” devido aos resultados e ao futebol exibido pelo time nos últimos tempos.
Seja pela qualidade do futebol, pelos resultados medianos, pela insatisfação de alguns jogadores ou até mesmo pela postura defensiva que Kovac vinha tomando em coletivas e entrevistas, estava claro que a posição do técnico estava se tornando insustentável, independente de quem tenha dado a palavra final de sua demissão.
Desde o inicio de sua contratação em 2018, o técnico croata nunca foi uma unanimidade no Bayern e foi recebido com desconfiança por grande parte da torcida. Porém, se em sua primeira temporada Kovac ainda tinha defesas e recebia algumas cobranças injustas, nessa segunda temporada suas desculpas acabaram.
Kovac se despede do Bayern, em um experimento que nunca deu muitos indícios que daria certo
Durante a temporada 18/19 o croata foi bombardeado por criticas de jornalistas, torcedores e até mesmo ex-jogadores do Bayern. Seja pelo futebol apresentado, principalmente durante os meses de setembro até novembro. Porém, o técnico ainda estava “fazendo o que podia”. Afinal, recebeu um elenco mais envelhecido, que ainda estava começando uma renovação extremamente tardia e estava em seus primeiros meses como treinador da equipe. O final da temporada, com os títulos da Bundesliga e DFB-Pokal, aliados a alguns reforços já garantidos, pareciam dar folego ao treinador.
Mas, a maioria dos torcedores nunca esqueceram as vitorias suadas nos mata-mata da Copa da Alemanha, o futebol pouco inspirado e, é claro, a eliminação nas oitavas de final da Champions League.
Nesta temporada contudo, o técnico teria quase tudo para mudar a opinião dos torcedores: veio da dobradinha nacional na temporada anterior, sem uma Copa do Mundo teve mais tempo com todas suas estrelas na pré-temporada, já estava há um ano com a equipe e ainda teve bons reforços pontuais. Mas em menos de quatro meses, tudo isso ruiu.
O time não evoluiu, o futebol apresentado piorou, a defesa começou a ter mais buracos que um queijo suíço, o meio campo ficou ainda mais desorganizado e os reforços não vingaram. Enquanto os jogadores, de maneira geral, caíram ainda mais de produção. Afinal, tirando Gnabry, Kimmich e, é claro, Lewandowski, não existe um jogador em boa fase no elenco há um certo tempo. Juntando tudo isso ao descontentamento de alguns veteranos e desfalques por lesões, Kovac viu seu elenco se afastar ainda mais.
Maior defensor de Kovac no clube, Uli Hoeness não conseguiu garantir a permanência do treinador até o fim de seu mandato.
Então, nos últimos 10 dias, Kovac perdeu os seus últimos apoiadores na torcida, e provavelmente dentro do clube e da equipe. Depois de uma vitória suada por 2 a 1 em casa contra o Union Berlin, o Bayern perigou uma eliminação na DFB Pokal contra o fraco Bochum e virando o jogo apenas nos minutos finais com um futebol sofrível.
Porém, o pior ainda estava por vir. Depois da classificação pífia, em uma entrevista, o treinador ainda disse que teríamos um jogo difícil no sábado contra o Eintracht Frankfurt e “os melhores fãs da liga”. Uma declaração como essa já traria reclamações de torcedores se o time estivesse em uma situação boa, considerando o atual momento do treinador, foi o suficiente para que perdesse o resto de seu pequeno apoio.
E então, depois dos 5 a 1 contra o Frankfurt, o pior resultado do Bayern desde 2009, não havia nada que ainda segurasse o treinador no comando da equipe.
Depois dos 5 a 1 e sem o apoio do seu elenco, a permanência de Kovac se tornou insustentável
Claro que apesar de ter grande parte da responsabilidade, Kovac não é o único culpado. Afinal, a diretoria, principalmente Hoeness e Rummenigge, teve mais de três anos para começar a renovação da equipe e reforçar o elenco. Sem esquecer das pataquadas de Hasan Salihamidžić, que como diretor de esportes, durante a janela de transferências não conseguiu contratar um único jogador ofensivo para uma equipe que havia perdido Robben, Ribery e James.
Agora, o que nos resta é ver o que Hoeness, Rummenigge e Salihamidžić farão em tão pouco tempo. Já foi notificado que Hansi Flick será o técnico interino nos próximos dois jogos importantíssimos contra Olympiakos e Borussia Dortmund.
Nos resta ver o que a diretoria, depois de tantos erros, fará para reorganizar o clube e a equipe
Tudo indica que a maior vontade da diretoria é Erik ten Hag, atual treinador do Ajax. Já fazem algumas semanas que seu nome vem sendo ventilado em noticias e jornais. Porém, dificilmente o holandês deixará o Ajax no meio da temporada.
O nome de Ralf Rangnick, ex- RB Leipzig, também foi vinculado e deve ser a aposta mais provável, ao menos como um “provisório” até o final da temporada. Enquanto até mesmo Jose Mourinho foi comentado, mas o português é visto com maus olhos pela diretoria.
Resta agora aguardar e ver como o time se portará nas próximas duas partidas. Dependendo de como Flick se sair no comando, acredito que poderemos ver o ex-assistente de Joachim Löw como técnico interino até dezembro.
Dando mais tempo para os nomes disponíveis serem analisados e aguardando a saída de Hoeness da presidência o clube, para dar mais autonomia para o resto da diretoria escolher um nome sem ter que agradar o teimoso presidente.
As próximas semanas serão turbulentas e de muitas dúvidas, porém com a saída de Kovac e a aguardada, saída de Hoeness da presidência, o Bayern finalmente começa a dar passos na direção certa, para se modernizar e limpar a bagunça que foi empilhada nos últimos anos no alto comando do clube.
