O holandês que fez o Bayern sonhar mais alto

Rainer Pompermayer
bayernmunchenbr
Published in
4 min readJul 4, 2019

“Existem duas certezas na vida: a morte e que o Robben cortará para esquerda”.

Hoje, Arjen Robben anunciou oficialmente sua aposentadoria do futebol. O holandês já tinha feito sua despedida do Bayern de Munique algumas semanas atrás, mas apenas hoje confirmou que não defenderia mais nenhum clube profissionalmente.

O anúncio apesar de não nos pegar muito de surpresa, não deixa de provocar uma certa tristeza nos fãs de futebol pelo mundo. Afinal, pensávamos que passada a melancolia de não vê-lo mais com a camisa bávara, ao menos poderíamos ver o holandês atuando novamente. Bem, não mais.

“Ele veio, ele cortou para dentro e ele conquistou.”

A aposentadoria, apesar de sentida, é totalmente compreensível. Afinal, com 35 anos, Robben sempre foi perseguido por lesões durante toda sua carreira. E sua despedida em definitivo é o atestado de que o meia, tão competitivo em toda sua carreira, sabe que é melhor parar enquanto ainda estiver em alto nível.

Explicar o que Arjen Robben significou para o torcedor bávaro é complicado. Ainda mais para torcedores um pouco mais velhos, como eu, que conheceram um Bayern pré Robben e Ribery. Afinal, Robben chegou ao Bayern em um cenário muito diferente do que quando o deixou em 2019.

Em 2009, o Bayern vinha de uma temporada sem títulos, perdido o título da Bundesliga para o Wolfsburg, uma eliminação para o Leverkusen na DFB Pokal e a dolorida derrota nas quartas de final da Champions League para o Barcelona, com direito a um 4 a 0 no Camp Nou.

A chegada de Robben em 2009 levou o Bayern para um novo patamar

Se hoje em dia estamos acostumados com o Bayern chegando a semi-finais da Champions, em 2009 esse cenário era muito diferente. O clube bávaro não chegava a uma semifinal da competição desde 2001, quando foi campeão, incluindo uma passagem pela Copa da UEFA (antiga versão da Liga Europa).

Apenas após a chegada de Robben na equipe que na temporada 2009–10 que o clube voltaria para uma semifinal de UCL, chegando inclusive na final. E esse fato não é apenas uma coincidência, pois nessa temporada o holandês foi o grande destaque da equipe e o maior responsável pela campanha na Europa e os dois títulos domésticos.

Na sua primeira temporada com a camisa bávara, Robben marcou 23 gols e deu 8 assistências, com direito a diversos golaços. Como esquecer os belíssimos gols contra a Fiorentina, contra o Schalke fora de casa pela Copa da Alemanha e, é claro, o golaço contra o Manchester United pelas quartas de final da Champions League que classificou o Bayern para as semi pela primeira vez em oito anos:

Após essa temporada, em oito anos, foram sete títulos da Bundesliga, quatro da DFB-Pokal e um título da UEFA Champions League, sem contar outra final e mais quatro semifinais na competição europeia.

Competição essa que após perder um pênalti na final de 2012, se redimiu marcando o gol do título de 2013. Entrando de vez na história do Bayern e deixando claro que nenhum torcedor bávaro jamais o esqueceria.

Ao todo, foram 144 gols e 101 assistências em 309 partidas pelo Bayern. Um número assombroso, ainda mais se lembrarmos que a sua passagem pelo clube bávaro foi assombrada por lesões, que o impediram de voar ainda mais alto.

Isso sem começar a falar sobre a sua carreira com a camisa da Holanda. Foram 96 partidas, 37 gols, 30 assistências, um vice campeonato e um terceiro lugar nas Copas de 2010 e 2014, respectivamente.

Obrigado por tudo Arjen

Se hoje em dia o Bayern voltou a ser um gigante no futebol europeu, ao menos uma parte se deve as habilidades e esforços do ágil holandês. Mesmo que muitos não se lembrem de um tempo antes de sua chegada, todos torcedores devem olhar para trás antes de compreender totalmente o que Robben realmente significou para o clube. Se hoje em dia, temporada após temporadas, sonhamos com um título da Champions League, isso vem muito dos anos em que tivemos Robben no elenco.

De seus primeiros gols em seu primeiro jogo pelo Bayern, passando pelos golaços de 2010, as inúmeras lesões, ao seu pênalti perdido na dolorosa derrota contra o Chelsea em 2012, seu gol redentor na final de 2013, até seu último tento na partida final desta temporada, Robben será lembrado como um dos melhores e mais queridos jogadores a usarem a camisa do Bayern de Munique.

Se antigamente os fãs de futebol tinham duas certezas na vida, agora temos três: “ a morte, Robben cortará para esquerda e sentiremos falta do futebol do holandês.”

--

--

Rainer Pompermayer
bayernmunchenbr

Bávaro fanático, baixista, mestre de piadas ruins e nerd inveterado.