4 anos de prêmio Beagá Cool — relembre os vencedores (parte 2)

Redação Cool
4 min readJan 19, 2018

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Na terceira edição surgiram as árvores frutíferas. E Beagá viu que era bom.

No cinema existe certa maldição em relação ao terceiro filme de trilogias. Em muitos casos, após uma primeira história incrível e uma segunda mediana, a terceira costuma decepcionar profundamente os espectadores. Que bom que passamos bem longe desse mal! A terceira edição do Beagá Cool (mais esperada que o Oscar, diga-se de passagem) contou com um público ainda maior. Foram aproximadamente 500 pessoas enfeitando o quarteirão da Benfeitoria na Rua Sapucaí com ideias e sorrisos.

Quem subiu ao nosso palco em 2016 foi o Birosca S2, no Santa Tereza, brilhando na categoria Gastrô. Com uma varanda aconchegante e uma cozinha aberta que aproxima os clientes de quem prepara a comida, o ambiente transmite aquela sensação de estar na casa da avó em um domingo à tarde.

No quesito Botecagem, mais um ponto para o Santa Tereza. O Zona Last ocupa uma esquina do bairro com música boa e democrática. E o público não é diferente, com gente de todas as tribos que aparece por lá para tomar bons drinks e atualizar os crush na vida real.

Quando o assunto é Balada, mais um ponto pra região Leste da capital: a Gruta. Não se deixe enganar pela pequena portinha na rua Rua Pitangui, no bairro Horto. O espaço é um gigante da programação independente, oferecendo o melhor entre shows, festas, performances e outras manifestações artísticas.

Já na Música, um cantor e uma dupla que incrementaram a cena belo-horizontina dividiram o prêmio: o performático e purpurinado Marcelo Veronez, com seu repertório eclético, e o Teach Me Tiger, que combina diferentes gêneros e flerta com o experimental.

No Design, quem mais cativou nos jobs foi o Estúdio Lampejo, responsável por identidades visuais e projetos editoriais diversos e pra lá de bonitos. Sem falar que são o estúdio de design mais phyno e elegante do Belô. Saca só a produção:

Por sua vez, o espetáculo Rua das Camélias, vencedor na categoria Artes, possibilitou reflexões sobre as realidades ignoradas vividas pelas prostitutas da Rua dos Guaicurus. A peça, que aconteceu no interior do Hotel Imperial Palace, convidou o público a entrar em diferentes quartos para assistir cenas que trazem um recorte sobre a prostituição, inclusive sobre uma das figuras mais conhecidas da história de BH, Hilda Furacão.

Como melhor Ocupação Pública de 2016, o Festival Expoente ganhou o voto do público ao apresentar shows dos principais nomes da música independente mineira. E o palco não poderia ter sido melhor: a Casa do Baile, um dos pedacinhos mais atraentes da Pampulha.

O Projeto Social que mais chamou atenção foi o Transvest, ONG que combate a transfobia oferecendo cursos gratuitos a transexuais, travestis e transgêneros. É uma chance que esse público, tantas vezes marginalizado, tem de estudar, encontrar uma profissão e ter mais visibilidade na sociedade. Uma iniciativa tão legal que foi indicada novamente na 4ª edição do Prêmio Beagá Cool.

Já a Empresa do Ano que recebeu o maior número de votos foi o GUAJA, espaço de coworking que gosta de ver gente reunida trocando ideias e desenvolvendo projetos. A parte mais gostosa da casa é com certeza o Bar do Convés, onde são servidos desde drinks e hambúrgueres até um quindim caseiro maravilhoso.

Como sabemos, 2016 foi bem conturbado politicamente, então faz sentido que a Pessoa Mais Cool do Ano tenha sido Áurea Carolina, a vereadora mais votada em Beagá. Suas propostas dedicadas aos direitos das minorias simbolizam um ato de resistência contra os retrocessos que marcaram o país naquele ano.

Aliás não foram poucos. 2016 foi um ano marcado por muitos acontecimentos intensos na política e na vida em sociedade. Discursos conservadores, golpes contra os direitos dos brasileiros, crimes impunes, corrupção escancarada. Com tanta coisa pra nos deixar abalados e pessimistas, o Beagá Cool surge como um respiro, pra nos lembrar que ainda existe gente boa e iniciativas incríveis nesse mundo, em especial na nossa cidade.

Quando pensamos em toda essa galera que passou por aqui desde 2014 temos a certeza de que é preciso resistir e seguir na luta, ainda que ela deixe cicatrizes. A festa de entrega do prêmio é o ápice disso tudo. O momento-chave em que voltamos a acreditar na cidade e no país, e entendemos porque essa celebração é tão importante. Pessoas em sintonia, cada uma com seu espaço para defender suas ideias e fôlego de sobra para continuar nadando contra a corrente. Beagá resiste e nossa 4ª edição está aí para provar isso.

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