Negroni
Cancele-me se for capaz
Brotou no bailão dos bloquões de carnaval a rainha do Baixo Augusta. E ela chegou de linda de índia, a atrevida. Alessandra Negrini está entre as minhas três mais-mais da vida (junto com Nigella e Scarlett Johansson, conforme revelei na semana passada) e veio mostrar que não é mulher de vice-campeonato, meu bem. Afinal, o que é uma pavlova de maracujá perto do ziriguidum da mulher brasileira, ladies and gentlemans? Mind the gap.
Eu conheci a Negrini na minissérie “Engraçadinha”, adaptação das perversões de Nelson Rodrigues. Muitos irão discordar, mas eu acho que o que pega ali é o sorriso. Não estou menosprezando todo o resto, vejam bem, mas é a carinha de “eu não devia estar gostando disso, porém estou” que estremece corações e outras partes nobres.
Mas eu me apaixonei mesmo quando ela saiu na Playboy, fotografada por Bob Wolfenson.
(deixa eu fazer um esclarecimento aqui para tranquilizar meus pais, tadinhos hahahaha: absolutamente nada contra, muito pelo contrário, mas eu não sou lésbica, nem bi. E, agora valendo para todos, tem uma licença poética nas histórias que eu conto aqui, talkei?)
Dito isso, o fato é que como muitos sabem venho de uma família de jornalistas. E revista em casa era mato. E não tinha censura, nem preconceito. As Playboys dividiam o cesto de revistas ao lado da lareira (e, menos glamurosamente, a pilha no chão ao lado da privada) com as Vejas, as Exames, as Cláudia e as Caprichos. E eu juro para vocês que eu realmente gostava de ler as reportagens e as entrevistas, mas também admirava o poder daquelas mulheres.
E a Negrini foi a mais maravilhosa das coelhinhas porque ela fez a puta. Ela, uma paulistana da gema, representou na Playboy uma prostituta de rua no Rio de Janeiro. Colossal! Uma coisa mil vezes mais interessante do que sair nua com bota de pelos fake em cima de uma cavalo branco na neve, ou em cima de um elefante nas savanas, tentando gourmetizar a coisa. Até porque, a gente sabe que tudo aquilo é feito para que homenagens possam ser prestadas e milhares de girinos possam ser assassinados.
E aí nada mais incrível que do que ter uma rainha dessa, numa semana em que nós mulheres fomos novamente reduzidas a putas, ou pior, aos nossos buracos pelo Presidente da República e seu clã. Mas não há de ser nada, como diz o gênio Chico Buarque: Vai passar.
Para acompanhar a Negrini, um Negroni. Drink italiano, como a origem no sobrenome da nossa musa, feito com uma parte de gim, uma parte de vermute rosso e uma parte de campari. Casca de laranja para dar uma bossa.
Cheers!
Receita
Uma parte de gim, uma parte de vermute rosso e uma parte de campari. Casca de laranja para dar uma bossa.