ASHANTI KETU
beiços e os becos
Published in
2 min readApr 9, 2020

--

em àries

Em àries

o cheiro do mato fresco, ar puro, pulmão limpo, atento. estou alerta já que a qualquer momento ela pode passar. dizem que ela é ligeira, de árvore em árvore ela se aproxima, você nem a sente chegar, a não ser pelo arrepio na pele que é inevitável quando se está naquela presença, me lembro como se fosse ontem. a minha primeira vez, nessa mesma mata, mesmo cheiro, mesmo arrepio enquanto ela se aproximava, a pele na cor da terra também se mesclava nos tons marrons dos troncos das árvores e eu distraído seguindo o som do rio, da água corrente, som tranquilizante que já se fundia com o canto… aquele canto que já bem conheço, a voz cheia de ar, a voz que tem cor marrom, a voz despreocupada me confundia, não sabia mais onde eu estava indo, já era tarde, o arrepio do topo da cabeça até lá em baixo, sabe se onde e eu já estava tonto, eu via de relance aquele sorriso, sorriso de quem gosta de um desafio, se movimentava rápido, dançava rodava e ficava entre se mostrar naquele vestido branco e se esconder atrás das árvores que já estavam lá há tanto tempo quanto aquele nosso lance milenar. tentava me aproximar, tentava fugir, mas não tinha mais como, escolhi estar ali. de repente a vejo a metros de distância, bem a minha frente, ela começa a correr na minha direção e eu um pouco assustado fujo, assim começa uma perseguição, tolo eu, ela conhece esse lugar como ninguém, mas eu já não estava entendendo o que acontecia, nem lembrava mais porque estava ali, mas realmente não tinha real motivo, a não ser estar perto. ela me alcançou e como sempre não disse nada, apenas me jogou no chão, na terra, parecia preparada, ela sempre tinha o controle sobre mim, eu fui parar exatamente onde ela queria, eu cai mas nem me importei, além da terra estar fofa eu sabia o que viria a acontecer, só assim eu notei que a lua estava cheia, e eu um mero homem com buceta, tentando fugir do inevitável, sabendo que quero ficar mas correndo sem motivo, eu estava apaixonado, mesmo que por muitos ela também estivesse, não tinha o que fazer, mais uma vez me entreguei e consegui o que queria, o que nós queríamos. um sexo. um amor. um momento único embaixo daquela lua, uma memória e vontade de mais, um ciclo sem fim, que eu amo me perder. sei que ao lado dela quero estar… Acabei acordando, a lua já estava bem longe de onde estava antes, eu tava sozinho, estava praticamente impossível de saber onde eu estava e onde poderia ir, mas bem ao fundo conseguir ouvir aquele canto que segui até chegar no início da mata.

--

--

ASHANTI KETU
beiços e os becos

REGISTROS E ESCRITAS PARA ATIVAÇÃO DE MEMÓRIAS E CONCRETIZAÇÕES DE APRENDIZADOS.