Quelóides: por que eles aparecem e quais as opções de tratamento?

Renata Kotscho
Beleza em Evidências
4 min readJun 5, 2019

O que é o quelóide e como ele é formado?

Os quelóides são uma disfunção da cicatrização da pele que pode acontecer depois de qualquer trauma como cirurgia, machucados, acne, picadas de insetos, vacinas, brincos e piercings, por exemplo. Qualquer pessoa pode desenvolver quelóide, mas ele é mais comum em quem tem entre 10 e 30 anos, em mulheres e pessoas com a pele mais escura. Quem já teve um quelóide depois de algum trauma na pele, tem mais chance de desenvolver outros. Até pouco tempo, pensava-se que o quelóide era uma espécie de tumor benigno na pele, ou seja, um crescimento desordenado na pele durante cicatrização. Hoje, sabe-se que o quelóide é um processo inflamatório que normalmente termina depois que a ferida cicatrizou, mas no caso do quelóide a inflamação permanece aumentando a cicatrização por um longo período.

Depois de quanto tempo de uma cirurgia o quelóide pode aparecer?

O quelóide normalmente costuma começar a crescer entre 1–2 meses depois do trauma ou da cirurgia, mas em alguns casos o processo é mais lento e pode demorar até um ano para começar a surgir.

Como é o tratamento de quelóide?

Como trata-se de um processo inflamatório, as injeções de corticóide, que diminuem a inflamação é o procedimento mais usado. Normalmente são feitas cerca de 4 aplicações, uma a cada 3–4 semanas. Os resultados são bons, mas muitas vezes os quelóides voltam dentro de um período de 5 anos.

A cirurgia é uma opção para as pessoas que não tiveram sucesso apenas com a injeção de corticóides. O problema é que se for feita apenas a cirurgia, quase todos os quelóides irão voltar, até porque o trauma da cirurgia estimula o aparecimento de quelóide. Então quando é feita a opção pela cirurgia ela é combinada com outros tratamentos como novas aplicações de corticóide, crioterapia, radioterapia e medidas de pressão para conter fisicamente o crescimento do quelóide.

No caso de quelóide na orelha, por exemplo, existe um tipo especial de brinco que é colocado depois da cirurgia para pressionar o local e impedir o crescimento do quelóide. Mas para cicatrizes maiores esses métodos de compressão não costumam funcionar porque são muito desconfortáveis de usar.

Para quelóides menores, uma alternativa são os adesivos de silicone, alguns deles contendo também corticóides na fórmula. De acordo com um estudo esses adesivos são eficientes em 34% dos casos quando usados por 6 meses.

A crioterapia, que é uma espécie de queimadura da pele por congelamento, também é uma alternativa para tratar quelóides e funciona melhor para quelóides menores.

O laser, especialmente o Co2, pode ser usado para tratar o quelóide, mas ele atua mais no clareamento da lesão do que na diminuição da textura, então normalmente é combinado com outros tratamentos, como injeções de corticóide ou adesivos de silicone.

Há estudos experimentais no momento com o uso de quimioterapia tópica, a mesma usada para alguns tipos de câncer de pele e lesões pré-cancerosas para o tratamento de quelóide e os resultados parecem promissores.

O dermaroller ajuda no tratamento de queloides?

Não. Na verdade no caso dos quelóides o dermaroller pode até piorar o processo. Isso porque o dermaroller atua estimulando o processo inflamatório e a cicatrização da pele, então ele pode estimular o crescimento de quelóide. Na verdade, as pessoas que tem tendência a quelóide devem tomar cuidado com qualquer procedimento estético mais invasivo e que cause traumas na pele, já que pode-se criar um problema pior do que aquele que estava se querendo tratar.

Como prevenir o quelóide?

A melhor forma de prevenir quelóide é evitar cirurgias ou traumas na pele, já que essa é a causa do aparecimento dessas cicatrizes. No caso de pessoas que tem história de quelóide e precisam passar por cirurgia pode-se fazer tratamento preventivo com corticóide no local na lesão, na tentativa de evitar a formação do queloíde.

Referências

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Renata Kotscho
Beleza em Evidências

Médica formada pela UNICAMP, especializada em Medicina Estética pela American Board of Aesthetic Medicine