A Vila e os Moradores

Os pecadores que dormem ao lado

Rafão Araujo
Belregard — O Salário do Pecado
5 min readJun 18, 2019

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Muito bem assentada sobre um conjunto de pequenas e agradáveis colinas, as terras de Girond se estabelecem entre Levefre e a região do Ventre Selvagem. Área nobre, uma das mais belas, produtivas e ancestrais de toda Dalanor.

Um retrato de uma Grande Gironda com mais de 13 arrobas. 5 a mais do que um macho adulto.

Girond detém esse nome por ser no passado lar de enormes manadas de Javalis selvagens. Estes que inimigos dos plantios, caçados pouco a pouco até serem controlados e quase erradicados. Somente neste região nascem as famosas Grandes Girondas, javalis fêmeas com o tamanho de uma novilha, capaz de atacar e matar um cavalo. Até hoje elas podem ser encontradas e vez ou outra, a temporada de caça é aberta e é possível encontrar carne e couro do animal em todo os lugares.

O mais marcante é que textos arcaicos do Tribunal proíbem o consumo da carne de animais de unha dupla. Como porcos e javalis. Os belghos em especial levam esse mandamento bem à sério. Um ditame que o povo daqui não faz a mínima questão de respeitar.

Por várias vezes, as Grandes Girondas foram acusadas de serem animais com herança ligada aos Selvagens. Bestas assassinas caçadoras de homens. Em estudos arcaicos e sem muito embasamento, a igreja diz que homens e mulheres cultuavam o animal, usando-o como um ídolo de fertilidade e virilidade.

A Igreja fez suas cruzadas contra o animal e proibiu o seu consumo, afirmando que ao fazê-lo, você estaria consumindo a “imundície dos selvagens, tornando-se um com eles”. Mas isso caiu por terra há muito tempo. Sem muita força, os Dalanos da região continuam predando e se banqueteando da carne do animal.

Todos vivem muito bem em Girond, há prosperidade suficiente para ser divida até com os menores. Graças às heranças dos Bouchers (A família que governa essas terras há mais de cinco gerações) e às mãos e sagacidade do Chefe Villare (Villare são os cobradores de impostos, uma profissão muito bem remunerada e controlada em Dalanor), a cidade prospera e está longe de qualquer conflito, escassez ou infortúnios externos.

Aquilo que coloca a alma, e não a carne, dos moradores em risco não é nenhuma ameaça externa, mas sim uma mácula nojenta que está instalada em seu seio.

Os Três Grandes

Tudo em Girond gira em torno desses três grandes personagens e é sobre, e ao redor deles, em maior ou menor grau, que nossa história será ancorada e erguida.

Étienne Boucher, A Baronesa

A história da família remonta aos primeiros açougueiros comerciantes de carne de javalis, há dois séculos atrás. Saindo de simples homens livres à Barões dessa terra.

Viúva de Gael Boucher, guia Girand com punhos firme e postura altiva. Tem voz retumbante e não deixa nada a desejar da liderança e controle de seu marido.

Sob suas ordens a terra encontra prosperidade. Seu maior erro está em permitir que seu único filho brinque de ser nobre, gozando do melhor da vida esquivando-se de responsabilidades maiores.

Encontra em Rhibauld seu maior amigo pessoal e inimigo governamental, uma vez que o Chefe Villare é absolutamente contrário aos excessos causados pelo pequeno príncipe.

Maël Boucher, “O Pequeno Príncipe”

Em Dalano arcaico seu nome significa Príncipe. Não é atoa que fora apelidado de Pequeno Príncipe pelos moradores de Girond. Uma alcunha que ele fez por merecer e parece se agradar de tê-lo recebido.

Poupado de qualquer intempérie da vida, Maël vive sua vida dormindo quando tem sono e acordando quando não quer mais dormir. Encontra na bebida, nas festas e na arte um meio de fortalecer a sua prática diária e árdua do ócio. Usufrui da fortuna familiar como se ela não tivesse custo e muito menos fim. Com isso, excessos ocorrem em mais vezes do que o Chefe Villare gostaria de admitir.

Em seu excessos, festas abertas e privadas ocorrem sob o efeito de bebidas diversas e unguentos, fumos e incensos trazidos de bosques antigos que permeiam o Ventre Selvagem.

Diferente do esperado, ignora e desdenha de qualquer alerta recebido por Rhibauld, uma vez que recebe todo o suporte e apoio de sua mãe, a real suserana dessas terras.

Rhibauld, O Chefe Alvilles

Ninguém sabe ao certo sobre a origem desse homem. Ele fala pouco, muito pouco sobre seu passado e parece confiar em ninguém, nem mesmo nos seus mais fieis Villares ou esposa.

Há rumores que conquistou o que possui através de sangue e mortes, mas não há qualquer confirmação. Sabe-se que sua chegada à Girond trouxe ainda mais prosperidade ao local. Transformou todas as moedas em uma moeda e meia. Ou seja, todos ficaram mais ricos sob sua tutela. Digamos que ele seria um agricultor do ouro, sabendo a hora de plantar, mantendo as pragas distantes, fazendo os frutos crescerem até a hora da farta seara.

Possui uma relação conflituosa com Étienne por não suportar a postura e a forma desdenhosa que Gael trata o dinheiro. Como ele costuma dizer “o ouro é como uma linda mulher, não aceita desaforos, e uma vez que lhe virar as costas, nunca mais voltará”.

Os Menores

Estes são outros personagens menores…

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